quinta-feira, 11 de dezembro de 2025

Falácia do “se criticas a imigração, és xenófobo”



Os que dizem que “Questionar imigração é discurso de ódio” misturam motivos morais com questões demográficas e políticas concretas. Bloqueia a discussão legítima sobre capacidade de integração, pressão nos serviços e mercado de trabalho. Quando um tema se torna tabu, deixa de poder ser gerido racionalmente. Dizer claramente: “não estou a discutir pessoas, estou a discutir políticas” é entrar no debate técnico. Quantos novos alunos podemos integrar por ano nas escolas? Quantas casas a mais são necessárias? O SNS consegue absorver um crescimento populacional súbito? Desta forma, o debate sai da moralidade e regressa à realpolitik.

Umas das falácias do tipo das soluções milagrosas é a que diz : “Precisamos de imigrantes para pagar a Segurança Social. Quanto mais vierem melhor.” Não considera a qualidade do emprego, rotatividade, salários baixos e contribuições insuficientes. Ignora que a imigração não resolve o problema demográfico, apenas o adia. Ignora custos de integração, saúde, educação, habitação, aprendizagem da língua, sistemas de apoio social. Qual é a percentagem de empregos qualificados entre os recém-chegados? Países que tentaram esta estratégia (Alemanha, França, Suécia) hoje enfrentam desafios estruturais. A imigração pode ser positiva, mas não infinita. Porque de outro modo, sem regulação, seria caótica.

Todos têm direito a vir para Portugal? Os direitos humanos não incluem direito automático de imigração para outro país. Confunde asilo com imigração económica. Ignora que qualquer Estado tem o dever de gerir as fronteiras e garantir o bem-estar dos residentes. 
Todos os países desenvolvidos têm regras de entrada. Além do mais, imigração sem critério prejudica tanto residentes como imigrantes (exploração laboral, habitação precária, guetização). Muitas redações seguem códigos de conduta que evitam identificar a etnia ou a nacionalidade. Isso cria a sensação artificial de que o fenómeno é menor do que realmente é. Assim, o público não passa a perceber melhor as consequências do fenómeno. E isso gera ainda mais confusão e desconfiança. Portanto, não nomear é uma ilusão, porque não elimina os efeitos reais no seio da sociedade. Políticas baseadas em “não digas para não chocar” geralmente criam ainda mais ressentimento, o que alimenta as agendas populistas dos extremos. Não estamos a falar de centenas de pessoas, mas de centenas de milhares em poucos anos, o que exige políticas estruturais avultadas. Atualmente Lisboa, já é uma cidade onde a pressão imobiliária e os serviços demonstram os seus limites de rotura. Portanto, incapacidade de integração não é má vontade, é incapacidade logística.

Os padrões de imigração global tendem a repetir-se. Problemas de integração ignorados cedo são sempre mais difíceis de resolver tarde. Muitos países europeus passaram pelas mesmas fases: negação; minimização; choque; políticas de emergência atrás do prejuízo. Porque é que deveríamos repetir os erros de outros países se podemos aprender antecipadamente? Tipicamente urbanos, escolarizados, politicamente à esquerda ou centro-esquerda, tendem a ver a imigração como um imperativo moral. 
Têm uma visão muito universalista e cosmopolita da sociedade. Enfatizam apenas os aspetos positivos, como os contributos para a Segurança Social e a diversidade cultural. Desvalorizam a escala do fenómeno (“não é nada de especial”), mesmo perante dados oficiais. Acreditam que os problemas resultam apenas do Estado não ter recursos suficientes, não da magnitude da entrada de pessoas. Porque adotam este discurso? Temor de serem associados à extrema-direita. Forte sentido de obrigação humanitária. Socialização em meios onde a diversidade é vista como um valor absoluto. Pressão normativa: nos seus círculos sociais é incorreto admitir preocupações.

Pessoas ligadas à comunicação social, cultura, artes, media digital controlam a narrativa. Evitam mencionar nacionalidade/etnia em notícias sensíveis. Criam ambientes de autocensura nas redações. Falam de imigração apenas em termos culturais, nunca estruturais. Desvalorizam problemas de convivência, pressão urbana ou serviços públicos. É a ideologia dominante nos meios culturais. E os seus leitores sentem um desejo genuíno de serem tolerantes e bondosos. Mas falta-lhes o contacto direto com a realidade. Não têm a noção do impacto cumulativo do aumento de novos residentes. E mesmo pessoas que percebem os problemas no dia a dia, rejeitam admiti-los porque colocam a cabeça na areia.  Têm medo de parecer preconceituosos. Ou medo do conflito social. É o chamado mecanismo psicológico da negação do desconforto, ou dissociação psicológica.

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