segunda-feira, 29 de abril de 2024

São Jorge da Mina. Quão melhor é morrer com honra do que viver na infâmia?





São Jorge da Mina chegou a ser o primeiro entreposto português de comércio de Escravos. Nessa altura esta região era controlada pelo povo Denkyira. Diogo Cão entrou pelo rio Congo e soube do poderoso reino. Escoltado até à capital Mbanza, aí negociou com o manikongo Nzinga, que viu os portugueses como aliados úteis. 

A espiritualidade baconga acolheu bem os padres, e o estilo português. Foram construídas escolas para estudos bíblicos, palácios à moda de Lisboa, e igrejas de pedra. Enquanto os portugueses cunhavam ouro na Guiné, Isabel e Fernando, ao mesmo tempo que despachavam Colombo, e pediam a Torquemada para elaborar uma ordem de expulsão para todos os judeus.

Só depois de termos lido outros historiadores indianos e árabes é que ficámos com uma ideia mais aproximada do que foi o império gabarolas dos portugueses na zona do indo e do pacífico. Era superficial e mal distribuído. É não fazer ideia do verdadeiro poder local. Apenas algumas cidades foram conquistadas. O sul da Índia era dominado pelo invencível rei guerreiro Krishnadevaraya do Império hindu Vijaianagara. Já para não falar dos senhores do Iémen e dos Ming da China. Os portugueses eram um misto de comerciantes piratas.

Denkyira ou Denquiera foi uma poderosa nação do povo Akan que existia, antes de ser contactado pelos portugueses, no que hoje é o atual Gana. Como todos os Akans, eles eram originários de um reino chamado Bono. Antes de 1620, Denkyira era referenciado por Agona. O governante do Denkyira - Denkyirahene - e a capital - Jukwaa. O primeiro Denkyirahene foi Mumunumfi. Os Ashanti foram súbditos e tributários do Reino de Denkyira até 1701, quando com a ajuda de Okomfo Anokye, os Ashanti derrotaram Denkyira na Batalha de Feyiase. Denkyira passou a ser tributário do Império Ashanti. Este era liderado por Ntim Gyakari. 



Portanto, os Denquiera eram uma das maiores subdivisões do povo Akan que habitavam na fronteira entre as regiões Central e Ocidental do Gana. Formaram um reino que até 1701 foi dominante entre os Akan. Osei Tutu I dos Ashanti foi o líder dos Denquiera que se rebelaram em 1711 contra o Império Ashanti. Mas foram derrotados, não tendo conseguido recuperar a sua antiga posição.

Eram um povo que fazia parte do ramo de língua do Congo do Níger. Acredita-se que Denkyira se originou de Bonoman um reino comercial criado pelo Povo Brong. Assim, o Bonoman era um reino Akan que existiu onde é hoje Brong Ahafo. Diz-se que o povo Akan migrou para ir em busca de ouro. Bonoman, no início do século XII, era considerado o centro do comércio de ouro. De acordo com a história oral, os antepassados dos Denkyira fundaram o Denkyira Superior e Inferior na Região Central de Gana. Originalmente viviam em áreas de Mande na região do rio Volta, ao sul da Curva do Níger e migraram para o oeste cruzando o Volta.




Uma volta pelo rio Volta

Musa I do Mali, também conhecido como Mansa Musa, um rei do Império Mali do século XIV, cruzou-se com um marroquino astuto chamado Ibn Batuta, aquando de uma peregrinação a Meca. Tendo passando um ano no Cairo, Musa e os seus seguidores compraram todo o tipo de coisas, como se o dinheiro fosse inesgotável. E os egípcios sistematicamente intrujavam os malianos. Musa gastou tais quantias de ouro que o mercado de ouro entrou em colapso. Depois do Hajj, Musa teve de pedir emprestado para manter o seu estilo de vida a caminho de casa. A maioria dos seus escravos morreu durante a viagem. Substituiu-os, então, por escravos turcos eslavos e etíopes. Ibn Batuta já vinha de uma incrível viagem, que o havia levado a conhecer o khan da Horda Dourada que servia um sultão psicopata de Deli. Inclusivamente, cruzara-se com amigos marroquinos que deambulavam pela China mongol.



Mansa Musa

Mansa Musa (±1312-1337) foi o nono mansa (rei) do Reino do Mali. Este rei, por esta época de eruditos mais ou menos historiadores que se aventuravam em viagens para dar conta da Geografia, era notícia considerada credível que Mansa Musa  era o homem mais rico do mundo. Musa ou Moussa, governava o Estado Islâmico do Mali, que na época era tão grande quanto a Europa Ocidental moderna. Sua fortuna era devida, para além do comércio de sal e ouro, também era devida ao comércio de escravos, dada a sua localização favorável à volta do rio Níger a partir do qual se faziam ligações às rotas do Saara. Daqui se partia para o Magrebe e para o Egito em particular.

Tombuctu desenvolveu-se em seu tempo como um centro de estudos do Islã. Grandes mesquitas foram construídas, bibliotecas desenvolvidas e a Universidade de Sankoré estabelecida. Sabe-se por manuscritos locais e relatos de viajantes que a riqueza de Mansa Musa veio principalmente do Império Mali, que controlava e tributava o comércio do sal das regiões do norte e, especialmente do ouro que era garimpado e extraído nas regiões ricas em ouro do sul: Bambuk, Wangara, Bure, Galam, Taghaza e outros reinos semelhantes ao longo de muitos séculos. Durante um longo período de tempo, o Mali criou uma enorme reserva de ouro. É por isso evidente que o Mali também tenha estado envolvido no comércio de muitos bens, como marfim, escravos, especiarias, seda e cerâmica. Na época da ascensão de Musa ao trono, o Mali consistia em grande parte do território do antigo Império Gana, que o Mali havia conquistado. O Império Mali consistia em terras que hoje fazem parte da Guiné, Senegal, Mauritânia, Gâmbia, Gana e naturalmente do que representa hoje o Estado moderno do Mali.

sábado, 27 de abril de 2024

Johan de Witt da Holanda + Carlos II de Inglaterra + Luís XIV da França




Johan de Witt em Haia, feita por Fré Jeltsema em 1916. A mão direita refere-se provavelmente à tomada de posse no Tratado de Breda. Na mão esquerda, ele pode estar segurando o documento.

Johan de Witt, [1625-1672] senhor de Linschoten do Sul e do Norte, Snelrewaard, Hekendorp e IJsselvere, foi Grande Pensionário do Parlamento Holandês por dezanove anos durante a Primeira Era Stadtholderless, região da Holanda e, portanto, o político mais importante da República dos Sete Países Baixos Unidos. Ele também era um matemático talentoso e é considerado um dos fundadores da matemática de seguros. Embora a Holanda contemporânea o conheça como Johan por seu primeiro nome, sua esposa e muitos contemporâneos o chamavam de Jan. Johan e seu irmão Cornelis foram assassinados por orangistas e terrivelmente mutilados. O assassinato é considerado um dos eventos mais vergonhosos da história holandesa. Os irmãos De Graeff, Andries e Cornelis, desempenharam um papel importante na promoção de Johan de Witt ao cargo de raadpensionaris (pensionário) da República Holandesa. Como líderes influentes da facção política conhecida como os "estados-parteiros" ou "Staatsgezinden", os De Graeff exerciam considerável influência nos assuntos políticos da República Holandesa.

Os neerlandeses exerciam controlo significativo sobre as Companhias das Índias Orientais e das Índias Ocidentais durante o século XVII. A Companhia Neerlandesa das Índias Orientais (VOC) foi fundada em 1602 e desempenhou um papel crucial no comércio marítimo e colonial dos Países Baixos nas regiões da Ásia, como o arquipélago indonésio e partes do subcontinente indiano. A VOC tinha o monopólio do comércio neerlandês nessas regiões e exerceu grande influência política e económica. Além disso, a Companhia Neerlandesa das Índias Ocidentais (WIC), fundada em 1621, foi responsável pelo comércio e colonização nas Américas, incluindo o Brasil, Caribe e costa africana. A WIC também desempenhou um papel importante no comércio de escravos africanos para as colónias americanas neerlandesas. Essas companhias eram altamente lucrativas e desempenharam um papel fundamental na expansão e no enriquecimento dos Países Baixos durante o período conhecido como a Idade de Ouro Holandesa.

Em 1653, após a morte de seu antecessor, Adriaan Pauw, Johan de Witt foi indicado para o cargo de raadpensionaris, que era essencialmente o cargo de primeiro-ministro da Holanda. Os De Graeff apoiaram a sua nomeação devido à sua visão política compartilhada e ao desejo de fortalecer o papel da República Holandesa na Europa e resistir à influência estrangeira, particularmente da França de Luís XIV. Vivia-se um período de grande turbulência política e militar na Europa.

Johan de Witt não atacou diretamente a Inglaterra, mas durante o seu mandato como raadpensionaris da República Holandesa, houve conflitos significativos entre a Holanda e a Inglaterra. Um dos eventos mais notáveis foi a Guerra Anglo-Holandesa, que ocorreu em várias fases durante o século XVII. Essa guerra foi motivada por disputas comerciais, rivalidades navais e conflitos políticos entre os dois poderes marítimos. A Batalha de Medway ocorreu em 1667, onde a frota holandesa infligiu uma derrota humilhante à Marinha Real Inglesa, capturando ou destruindo várias embarcações importantes.

No entanto, é importante notar que as ações de De Witt durante esses conflitos eram parte de uma estratégia de defesa e proteção dos interesses holandeses, e não de uma agressão direta contra a Inglaterra. As hostilidades entre os dois países foram principalmente o resultado de disputas comerciais e rivalidades navais, em vez de uma agenda expansionista. É verdade que Carlos II, rei da Inglaterra, Escócia e Irlanda, ficou numa posição delicada em relação a Luís XIV em alguns momentos de seu reinado. Durante a Guerra Anglo-Holandesa e outros conflitos, a França de Luís XIV ofereceu apoio financeiro e militar a Carlos II, que estava enfrentando dificuldades políticas e militares em seu próprio país.

Johan de Witt foi um político holandês influente que desempenhou um papel crucial na oposição aos avanços expansionistas de Luís XIV durante o século XVII. Como líder do governo da República Holandesa, ele trabalhou para fortalecer a posição da Holanda contra as ambições territoriais francesas. De Witt implementou políticas econômicas e diplomáticas para fortalecer a capacidade militar e a influência da Holanda na Europa.

Tudo isto antecede a Revolução Gloriosa de 1688, que levou à ascensão de Guilherme III e Maria II ao trono inglês, Carlos II havia estado refugiado na corte de Luís XIV, na França, por um período antes da sua restauração em 1660. No entanto, é importante notar que a relação entre Carlos II e Luís XIV nem sempre foi de submissão. Carlos II tinha seus próprios interesses políticos e estratégias, e embora tenha aceitado ajuda de Luís XIV em certos momentos, também procurou manter um equilíbrio de poder na Europa e proteger os interesses da Inglaterra.

Durante o reinado de Carlos II, a Inglaterra estava num estado de tensão e paranoia devido aos eventos da Guerra Civil Inglesa e à execução de seu pai, Carlos I, em 1649. Os regicidas, aqueles que estavam envolvidos na condenação e execução de Carlos I, eram vistos como traidores e inimigos do Estado por muitos monarquistas leais. Após a restauração da monarquia em 1660, Carlos II buscou vingança contra aqueles que haviam participado da execução de seu pai. Alguns dos regicidas foram capturados e executados, enquanto outros fugiram para o exílio ou foram alvo de perseguição. Essa atmosfera de paranoia e desejo de vingança também influenciou as políticas internas da Inglaterra durante o reinado de Carlos II, levando a medidas repressivas contra supostos opositores políticos e dissidentes religiosos.

Foi no tempo de Carlos II que a colónia neerlandesa de Nova Amsterdam foi tomada e renomeada como Nova York em homenagem ao duque de York, futuro rei Jaime II. Isso aconteceu em 1664, durante a Segunda Guerra Anglo-Holandesa. A conquista da colónia foi uma estratégia militar e comercial para os ingleses, que buscavam expandir o seu domínio nas Américas e garantir o controlo sobre rotas comerciais importantes. Jaime estava diretamente envolvido na empreitada como líder das forças navais britânicas. Após a rendição dos neerlandeses, a colónia foi naturalmente renomeada em homenagem ao duque, que havia liderado a expedição. Tal captura parte de um esforço mais amplo da Inglaterra para consolidar o seu domínio sobre as colónias neerlandesas na América do Norte.



Carlos II de Inglaterra e Catarina de Bragança

Carlos II, rei da Inglaterra, Escócia e Irlanda, casou-se com Catarina de Bragança, que foi de Portugal para Inglaterra em 1662. Mas o casal não teve filhos que tenham sobrevivido até à idade adulta. Isso foi uma fonte de preocupação para Carlos II e para a estabilidade dinástica da monarquia inglesa, já que a ausência de um herdeiro direto levantava questões sobre a sucessão. A falta de descendentes diretos de Carlos II foi uma das razões pelas quais a questão da sucessão se tornou tão importante durante seu reinado. Após a sua morte em 1685, a sucessão passou para seu irmão, o futuro rei Jaime II, e então para sua filha Maria II e seu marido Guilherme III, após a Revolução Gloriosa em 1688.

É verdade que tanto Carlos II quanto seu irmão, Jaime II, estavam envolvidos no comércio de escravos africanos durante seus reinados. A Companhia Real Africana, fundada em 1660, tinha o monopólio do comércio de escravos na Inglaterra e foi apoiada pelo governo de Carlos II. A companhia tinha o objetivo de lucrar com o comércio de escravos, transportando africanos para as colónias inglesas nas Américas para trabalhar nas plantações. Embora o envolvimento de Carlos II e Jaime II no comércio de escravos tenha sido uma parte sombria de seus reinados, é importante reconhecer que o tráfico de escravos era uma prática generalizada e aceite na época. 

Guilherme de Orange, mais tarde conhecido como Guilherme III de Inglaterra, desempenhou um papel importante na política europeia durante o século XVII. Ele era o príncipe de Orange e liderou a oposição aos avanços expansionistas de Luís XIV da França. Embora ele tenha sido influenciado por políticos neerlandeses como os irmãos De Graeff e Johan de Witt, não seria correto afirmar que ele foi manipulado por eles. Guilherme de Orange era um líder político habilidoso em seu próprio direito e buscava os interesses da República Holandesa, bem como seus próprios objetivos pessoais. Ele desempenhou um papel central na formação de alianças europeias contra Luís XIV e foi fundamental na resistência à invasão francesa durante a Guerra Franco-Holandesa. É verdade que ele teve relações políticas e alianças com figuras influentes como os De Graeff e De Witt, mas ele também teve suas próprias ambições e estratégias políticas. No final, Guilherme de Orange emergiu como uma figura proeminente na Europa e, eventualmente, se tornou o rei Guilherme III de Inglaterra, liderando a Revolução Gloriosa em 1688.



Guilherme III, em Londres

O comércio de escravos era uma atividade lucrativa e desempenhou um papel significativo na economia europeia e nas colónias americanas durante os séculos XVII e XVIII. Não há evidências de que John Locke, o filósofo político, se tenha envolvido pessoalmente no comércio de escravos africanos ou tenha lucrado diretamente com tal comércio. Locke é conhecido principalmente por suas contribuições para a filosofia política e suas ideias sobre direitos naturais, governo limitado e contrato social. No entanto, é importante notar que Locke viveu em uma época em que o comércio de escravos era generalizado e amplamente aceite. Como muitos outros intelectuais e figuras proeminentes da época, Locke pode ter sido indiretamente beneficiado de alguma forma pelo sistema económico baseado na escravidão, especialmente considerando que ele era um homem da sua época e das suas circunstâncias. Embora o legado de Locke seja influente na filosofia política, é necessário reconhecer que muitas figuras históricas, mesmo aquelas cujas ideias são altamente valorizadas, podem ter sido produtos de suas circunstâncias históricas e culturais, que incluíam práticas como o comércio de escravos.

Luís XIV teve algumas iniciativas coloniais na América, mas em comparação com outras potências coloniais da época, como a Espanha e a Inglaterra, o impacto francês foi relativamente limitado. A França estabeleceu colónias na América do Norte, incluindo áreas ao longo do rio São Lourenço (como Quebec) e partes da Louisiana. No entanto, essas colónias enfrentaram desafios significativos, incluindo conflitos com nativos americanos, rivalidades com outras potências coloniais e dificuldades logísticas. Apesar disso, as colónias francesas na América do Norte tiveram um impacto cultural duradouro, especialmente na região que agora é o Quebec, onde a cultura francesa permanece influente até hoje.

Luís XIV fez importantes melhorias no Palácio do Louvre, em Paris, antes de iniciar a construção do Palácio de Versalhes. O Louvre foi uma das principais residências reais da França por séculos, mas Luís XIV ordenou grandes reformas e expansões durante o seu reinado. Ele contratou arquitetos renomados, como Louis Le Vau e Claude Perrault, para redesenhar e ampliar o palácio, tornando-o mais adequado para as necessidades da corte e refletindo o poder e a grandiosidade do rei. No entanto, eventualmente, Luís XIV decidiu construir o Palácio de Versalhes como um novo centro de poder e residência real, o que levou à transferência gradual da corte de Paris para Versalhes.



Luís XIV, por Adam Frans van der Meulen, 1685
Museu de Belas Artes de Estrasburgo

  • Luís XIV chegou a recorrer ao famoso escultor e arquiteto italiano Gian Lorenzo Bernini para consultas sobre o projeto do Palácio de Versalhes. Bernini era amplamente reconhecido como um dos principais artistas do século XVII e foi consultado por Luís XIV para oferecer a sua expertise em questões de design e arquitetura. Embora Bernini tenha apresentado algumas ideias e sugestões para Versalhes, muitas delas não foram implementadas, e o projeto geral do palácio acabou por ser desenvolvido por uma equipe de arquitetos franceses, incluindo Louis Le Vau e Jules Hardouin-Mansart.

Molière, o renomado dramaturgo francês, prosperou durante o reinado de Luís XIV. Molière, cujo verdadeiro nome era Jean-Baptiste Poquelin, era um dos artistas favoritos do rei e de sua corte. Luís XIV apreciava muito o talento de Molière e frequentemente o convidava para apresentar suas peças no Palácio de Versalhes. Além disso, o rei também concedeu a Molière a proteção real, o que permitiu ao dramaturgo enfrentar críticas e controvérsias com relativa segurança. Durante esse período, Molière produziu algumas das suas obras-primas, como "O Avarento", "O Doente Imaginário" e "O Burguês Fidalgo". Sua colaboração com Luís XIV ajudou a solidificar a sua posição como um dos maiores dramaturgos da história da França.

Como era comum entre os monarcas da época, Luís XIV teve várias amantes ao longo de sua vida. Entre as mais conhecidas estavam Madame de Montespan e Madame de Maintenon. Essas relações extramatrimoniais eram frequentemente aceites na corte e faziam parte da vida real, política e social da época. Algumas amantes, como Madame de Maintenon, acabaram exercendo influência significativa sobre o rei e até mesmo desempenharam um papel na política e nos assuntos de Estado. A prática de ter amantes era uma característica comum da realeza europeia durante os séculos XVII e XVIII.

Luís XIV lançou em 1667 uma campanha militar conhecida como a Guerra de Devolução, na qual ele invadiu os Países Baixos espanhóis. A justificação para essa invasão estava relacionada a uma cláusula do casamento de sua esposa, Maria Teresa de Espanha, que afirmava que os Países Baixos deveriam ser devolvidos à França se ela morresse sem deixar herdeiros. Luís XIV usou essa cláusula para reivindicar partes dos Países Baixos espanhóis após a morte de Maria Teresa em 1666. Durante a Guerra de Devolução, as tropas francesas capturaram várias cidades importantes nos Países Baixos espanhóis, como Lille e Tournai. No entanto, o conflito não resultou em mudanças territoriais significativas, pois foi encerrado pelo Tratado de Aix-la-Chapelle em 1668, que devolveu a maioria das terras conquistadas pela França em troca de outras concessões.

sexta-feira, 26 de abril de 2024

O posicionamento nos quadrantes do espetro político

 

Abertura dos Estados Gerais em 5 de maio de 1789 - Versalhes. Por Auguste Couder

N política, a divisão esquerda / direita é uma forma de categorizar ideologias, ideias, políticos ou partidos de acordo com suas posições e valores políticos. A oposição entre direita e esquerda estrutura fortemente o espetro político, embora também existam partidos que se definem como centristas, ou que pretendem superar a divisão.

É difícil encontrar uma definição da divisão que funcione independentemente do lugar e do tempo, pois ela muda ao longo do tempo. No entanto, os esquerdistas geralmente valorizam as ideias de progressismo e igualdade, enquanto a direita valoriza a tradição, a liberdade, a hierarquia e/ou a noção de mérito. Como as noções de direita e esquerda são detalhadas em artigos dedicados, este artigo tem como objetivo falar sobre seu posicionamento relativo.



Perguntar a alguém se é de direita ou de esquerda, nos tempos que correm, pode ser uma pergunta à qual muitas pessoas se recusam responder, não tanto por ignorância, mas mais pelo facto de que os tempos do século XXI já não são os mesmos do século XX. A divisão política entre esquerda e direita está numa encruzilhada cuja complexidade está para durar. É importante lembrar uma coisa que é óbvia: que a política é complexa e as opiniões podem variar numa ampla gama de questões. Pessoas podem alinhar-se predominantemente com a ideologia de esquerda, mas ainda ter opiniões diversificadas em certas questões políticas, sociais ou económicas. Por exemplo, quando se fala em ser liberal, ou apostar nos valores da igualdade, temos de saber do que é que estamos a falar: igualdade social ou igualdade política?



A igualdade social refere-se à equidade de oportunidades, acesso a recursos e justiça social para todos os membros de uma sociedade, independentemente da sua posição económica ou social. A igualdade política diz respeito à garantia de direitos e participação igualitária de todos os cidadãos no processo político, como o direito ao voto e à representação justa no governo. Enquanto a igualdade social busca equilibrar as disparidades económicas e sociais, a igualdade política visa garantir a participação igualitária de todos os indivíduos no sistema político.

O termo liberal pode ter diferentes conotações em diferentes contextos políticos e culturais. Em termos genéricos, um liberal é alguém que geralmente acredita na liberdade individual, nos direitos civis, na igualdade de oportunidades e no livre mercado. Os liberais tendem a apoiar políticas que promovam a liberdade pessoal e económica, como a liberdade de expressão, a liberdade religiosa, a liberdade de imprensa e a livre troca de bens e serviços. Em muitos países, especialmente nos Estados Unidos, o liberalismo é associado ao centro-esquerda ou esquerda, enfatizando políticas progressistas, como o apoio aos direitos civis, programas sociais e regulação económica. Em alguns países o liberalismo pode ser associado à direita, especialmente quando se refere ao liberalismo clássico ou ao liberalismo económico, que defende a livre iniciativa, o livre mercado e a redução da intervenção do governo na economia. Assim, um liberal pode ser tanto de direita como de esquerda, dependendo do contexto político e das ideologias específicas em questão.

Assim, por exemplo, ser de esquerda, geralmente implica apoiar políticas e ideias que visam promover a igualdade social, económica e política. Isso pode incluir apoio a programas de assistência social, políticas de redistribuição dos rendimentos, defesa dos direitos das minorias, preocupação com o meio ambiente e uma visão mais progressista em relação a questões sociais. No entanto, as visões específicas de esquerda podem variar de pessoa para pessoa.

quarta-feira, 24 de abril de 2024

Os Médici e os Papas



família Médici foi uma das famílias mais influentes da história italiana e europeia durante o Renascimento. Originária de Florença, na região da Toscana, os Médici exerceram um poder significativo como banqueiros, viveiros de papas, comerciantes e patronos das artes. O início da ascensão da família Médici ocorreu no século XV, com Cosme de Médici, conhecido como "Cosimo, o Velho", que se tornou o patriarca da família. Ele estabeleceu uma rede bancária que se estendeu por toda a Europa e utilizou sua riqueza para influenciar a política e a cultura de Florença.



Cosme de Médici

O poder dos Médici aumentou ainda mais com Lourenço de Médici, conhecido como "Lorenzo, o Magnífico", que governou Florença durante um período de grande esplendor cultural e artístico. Lorenzo era um grande patrono das artes, apoiando artistas como Botticelli, Leonardo da Vinci e Miguel Ângelo, tornando Florença um centro cultural vibrante.

A influência política e econômica dos Médici também se estendeu além de Florença. Vários membros da família foram eleitos Papas, incluindo Leão X e Clemente VII. O domínio dos Médici sobre Florença continuou até o século XVIII, quando a linha masculina direta da família Médici se extinguiu.



Lourenço de Médici

Além de suas contribuições para as artes e para a política, os Médici também desempenharam um papel importante no desenvolvimento da ciência, da filosofia e da educação durante o Renascimento. Sua influência perdura até hoje, com muitos dos monumentos e obras de arte que patrocinaram ainda sendo admirados em Florença e em todo o mundo.

Catarina de Médici casou-se com Henrique, Duque de Orléans, que mais tarde se tornou Henrique II, Rei da França, após a morte do rei anterior, Francisco IHenrique Valois é frequentemente associado a Henrique III, que sucedeu a Henrique II como rei da França. Rainha consorte de Henrique II, posteriormente foi rainha-mãe durante os reinados de seus filhos, Francisco II, Carlos IX e Henrique III. 



Catarina de Médici

Clemente VII, o Papa durante o período do Sacro Império Romano Germânico e do reinado de Carlos V, muitas vezes teve relações tensas com o imperador. Clemente VII, cujo nome de nascimento era Giulio de Médici, pertencia à influente família Médici de Florença. Durante seu papado, ele frequentemente entrou em conflito com Carlos V, especialmente em questões relacionadas com o poder e esfera de influência temporal. Este conflito atingiu o seu pico durante o Saque de Roma em 1527, quando as tropas imperiais, em parte devido a uma série de eventos complexos, invadiram a cidade e capturaram o Papa Clemente VII. 



Clemente VII (Giulio di Giuliano de Médici) 

É importante notar que a história da Igreja Católica é complexa e muitas vezes obscura, e as alegações contra figuras históricas podem ser difíceis de comprovar ou refutar completamente. Por exemplo, o Papa Júlio II, embora não tenha sido formalmente acusado de sodomia, há registos históricos que sugerem uma vida pessoal dissoluta e comportamento controverso. Existem algumas especulações e acusações históricas de sodomia contra alguns papas ao longo dos séculos, mas é importante observar que muitas dessas alegações são baseadas em relatos controversos e podem não ter fundamento sólido. Alguns dos papas que foram alvo dessas acusações incluem: Papa Bento IX (século XI), que enfrentou acusações de má conduta moral, incluindo sodomia. Papa João XII (século X), que também foi acusado de várias formas de má conduta sexual, incluindo sodomia.

A relação entre Clemente VII e o rei Francisco I da França também foi complexa e muitas vezes atribulada. Francisco I e Clemente VII compartilhavam interesses comuns em certos aspectos, mas também entravam em conflito em outros. Por exemplo, ambos tinham preocupações sobre o crescente poder de Carlos V, o imperador do Sacro Império Romano Germânico, e buscaram alianças para contrabalançar esse poder. No entanto, suas relações foram frequentemente afetadas por disputas territoriais, influência na Itália e questões relacionadas ao papado. Francisco I também teve uma relação complicada com os Estados Papais, muitas vezes buscando sua própria agenda política na Itália, o que por vezes entrava em conflito com os interesses papais. Ao longo do reinado de Francisco I, Clemente VII ia alternando, ora em conflito, ora com alianças espúrias, refletindo as complexas dinâmicas políticas da época.

Carlos V tinha os chamados landsknechts, alemães famosos por sua habilidade em combate durante o Renascimento. Sob o reinado de Carlos V, eles desempenharam um papel significativo, inclusive durante o Saque de Roma em 1527. Nesse evento, os landsknechts, juntamente com outras tropas imperiais e espanholas, saquearam a cidade por várias semanas, causando devastação e mudando o curso da história italiana e europeia. Na verdade, durante o Saque de Roma o Papa Clemente VII foi sitiado e acabou por ser capturado pelos invasores. Isso marcou um ponto de viragem na relação entre os Médici e o papado, contribuindo para a queda da influência dos Médici em Florença e, mais tarde, para a restauração do domínio papal sobre a cidade.



Alexandre de Médici, nos Uffizi

Alexandre de Médici, foi um membro com grande influente dentro da família Médici de Florença, mais conhecido pelo Médici Mouro. Ele foi o primeiro Duque de Florença de origem negra, e governou de 1532 até à morte, em 1537. Alessandro era filho de uma escrava africana. Ele nasceu em 1510, filho ilegítimo de Lourenço II de Médici, Duque de Urbino, e foi legitimado e reconhecido como herdeiro de sua família. 

terça-feira, 23 de abril de 2024

A Europa nos tempos de Solimão, o Magnífico


Solimão, o Magnífico, invadiu a Áustria em 1529. Foi durante a Campanha de Viena em 1529 que Solimão liderou um exército otomano numa tentativa de capturar a capital austríaca, Viena. No entanto, a campanha terminou num impasse e os otomanos acabaram por se retirar. Esta invasão faz parte de um período de conflito entre o Império Otomano e o Sacro Império Romano Germânico pela supremacia na Europa Central e Oriental.

Carlos V se beneficiou enormemente do ouro e da prata extraídos das Américas, contribuindo para o aumento da riqueza da coroa espanhola e para a expansão do poder espanhol na Europa e em outras partes do mundo. O influxo de metais preciosos das Américas teve um impacto significativo na economia global e no desenvolvimento da Europa na época. Carlos V, rei da Espanha e imperador do Sacro Império Romano Germânico, recebeu uma grande quantidade de ouro dos incas durante o período da conquista espanhola no Peru. O ouro era uma das principais riquezas do Império Inca, e os espanhóis, liderados por Francisco Pizarro, conquistaram vastas quantidades desse metal precioso após a queda de Cusco e do Império Inca em 1533.

A batalha entre as galés de Barba Ruiva e a frota de Andrea Doria, ao serviço do imperador Carlos V, ocorreu em 1538. Barba Ruiva, era o famoso corsário otomano que liderou uma poderosa frota de galés em nome do sultão otomano Solimão, o MagníficoAndrea Doria, por outro lado, era um almirante genovês que servia ao imperador Carlos V do Sacro Império Romano Germânico e que comandava uma frota combinada de navios cristãos.

A batalha entre essas duas poderosas forças navais ocorreu no estreito de Preveza, na costa oeste da Grécia. Após um confronto intenso, as galés de Barba Ruiva conseguiram uma vitória decisiva sobre a frota de Doria. Isso solidificou ainda mais a posição otomana no Mediterrâneo Oriental e enfraqueceu a influência de Carlos V na região. A batalha de Preveza é considerada uma das principais batalhas navais entre o Império Otomano e os estados cristãos durante o século XVI.

Em 1538, a cidade de Adém, localizada no atual Iémen, foi tomada aos portugueses pelas forças otomanas lideradas por Hadim Suleiman Paxá. Essa conquista foi parte dos esforços otomanos para expandir a sua influência no Oceano Índico e no Golfo de Áden, desafiando o controlo português na região. A captura de Adém foi um golpe significativo para os portugueses, que tinham estabelecido uma presença considerável na região.

Francisco I de França e Solimão, por Ticiano

Ibrahim Pasha era o grão-vizir do Império Otomano durante o reinado de Solimão, o Magnífico. Ele era um confidente próximo e conselheiro de Solimão, exercendo considerável influência política. No entanto, Ibrahim Pasha foi executado por ordem de Solimão em 1536 devido a intrigas políticas e à suspeita de conspiração.

A frota de Solimão no Oceano Índico em 1538 foi uma grande expedição naval otomana liderada pelo almirante otomano Piri Reis. A frota foi enviada pelo sultão otomano Solimão, o Magnífico, com o objetivo de expandir o domínio otomano no Oceano Índico e no sudeste da Ásia, competindo com os portugueses pela supremacia naval e comercial na região. Esta expedição foi uma das muitas iniciativas otomanas para desafiar o domínio europeu nas rotas comerciais marítimas.

Os Janízaros durante o reinado de Solimão, o Magnífico, no Império Otomano, eram uma tropa de elite composta por soldados cristãos convertidos ao Islão. Mustafá, um filho de Solimão, inicialmente foi nomeado herdeiro do trono. Mas depois foi acusado de traição e executado sob as ordens de seu pai. Os Janízaros tinham uma grande influência política e militar durante esse período, e o seu apoio ou desaprovação muitas vezes moldava o curso dos eventos no império.

Doña Gracia Nasi, também conhecida como Gracia Mendes Nasi ou Beatriz de Luna, era uma personagem muito influente nesta altura. De origem judaica sefardita, tornou-se uma grande
 empresária e filantropa. Destacou-se pelas suas influências financeiras, e por ajudar a comunidade judaica sefardita durante um período de perseguição religiosa na Europa. No entanto, não há registos históricos que sugiram que ela tenha fundado uma casa bancária. Ela é mais conhecida por suas atividades comerciais, que incluíam comércio de especiarias e ações financeiras em várias partes da Europa.

Havia uma outra família judaica de nome Mendes que também teve uma presença muito significativa em Antuérpia. E parece que Doña Gracia Nasi fazia parte desta família. Os Mendes de Antuérpia também eram conhecidos por suas atividades comerciais, especialmente no comércio de especiarias e empréstimos financeiros. Uma parte significativa da comunidade judaica na Antuérpia provinha de uma comunidade sefardita mais ampla vinda da Península Ibérica, principalmente de Portugal depois da grande expulsão decretada pelos Reis Católicos - Isabel de Castela e Fernando de Aragão. 

Antuérpia foi uma das cidades dos Países Baixos onde os sefarditas encontraram refúgio. Os Países Baixos, nessa altura, era uma das poucas regiões da Europa onde não havia perseguição aos judeus. Por outro lado, os neerlandeses foram inteligentes, pois a influência e a prosperidade dos judeus era inestimável. Assim, os Mendes em Antuérpia contribuíram significativamente para a economia e cultura da cidade naquela época.

 
Os Mendes tiveram uma presença notável em Portugal. Durante o período da Inquisição, muitos judeus sefarditas, incluindo os Mendes, foram forçados a converter-se ao catolicismo ou enfrentar perseguição e expulsão. Alguns membros da família Mendes conseguiram manter as suas práticas judaicas em segredo, enquanto outros optaram por emigrar para outros países onde poderiam praticar livremente sua religião. No entanto, mesmo após a Inquisição, alguns descendentes dos Mendes permaneceram em Portugal e contribuíram para vários setores da sociedade portuguesa.

Muitos judeus sefarditas que fugiram da perseguição em Portugal durante a Inquisição encontraram refúgio em Antuérpia. A cidade era um importante centro comercial e oferecia oportunidades económicas e liberdade religiosa relativa aos judeus naquela época. Muitas famílias judaicas, incluindo os Mendes, estabeleceram-se em Antuérpia, onde continuaram as atividades comerciais e contribuíram para a prosperidade económica da cidade. Assim, é plausível que alguns membros da família Mendes que fugiram de Portugal se tenham estabelecido em Antuérpia.

Ora, um tal Francisco Mendes chegou a ser o segundo marido de Gracia Nasi. Antes de se estabelecerem em Antuérpia haviam passado primeiro por Veneza. Em Antuérpia eles continuaram as suas atividades comerciais e também foram ativos na comunidade judaica local. Mas depois, o que consta, é que após a morte de Francisco Mendes, Gracia Nasi e um filho, Joseph Nasi, mudaram-se para Istambul, onde foram acolhidos pelo sultão otomano Solimão, o Magnífico. Em Istambul, Gracia Nasi e Joseph Nasi desempenharam papéis importantes na corte otomana e contribuíram para o bem-estar da comunidade judaica na cidade.


segunda-feira, 22 de abril de 2024

Os alanos, descendentes dos sármatas





No século V os Alanos chegaram à Península Ibérica, uma tribo falante de uma língua iraniana, que se sabe pertencer ao povo Sármata, e que hoje ainda existe de forma residual na Ossétia. O cavaleiro montado de armadura, na Idade Média, descendia desses sármatas.




Os sármatas foram uma grande confederação de antigos povos nómadas equestres iranianos que dominaram a estepe à vota do Mar Negro entre o século III a.C. e o século IV d.C. Originários das partes centrais da estepe eurasiática, os sármatas faziam parte das culturas citas mais amplas. Eles começaram a migrar para o oeste por volta dos séculos IV e III a.C., chegando a dominar uma extensão entre o rio Vístula e a foz do Danúbio a ocidente, e o Volga a leste. Era todo um território entre o Mar Negro e o Cáspio, bem como o Cáucaso a Sul.

Por volta d século III d.C., empurrados pelos hunos, juntaram-se aos godos e outras tribos germânicas, tal como os vândalos e alanos, e atravessaram o Bósforo fazendo assentamentos em território dominado pelo Império Romano. Os sármatas no Reino do Bósforo foram assimilados pela civilização grega. Durante o final do século IV a.C., os citas, o poder então dominante na estepe do Mar Negro, foram derrotados militarmente pelos reis da Macedónia. Ficaram sob pressão dos getas trácios e dos bastarnas celtas. As tribos anteriormente referidas por Heródoto como citas, que eram agora chamadas de sármatas por autores helenísticos e romanos, demonstra que a conquista sármata não envolveu um deslocamento dos citas da estepe, mas sim que as tribos citas foram absorvidas pelos sármatas. 

Entre 50 e 60 d.C., os alanos apareceram no sopé do Cáucaso, de onde atacaram as áreas do Cáucaso e da Transcaucásia e o Império Parta. Durante o século I d.C., os alanos se expandiram através do Volga para oeste, absorvendo parte dos aorsi e deslocando o resto. A pressão dos alanos forçou os Iazyges e Roxolani a continuar atacando o Império Romano do outro lado do Danúbio. Durante o século I d.C., dois governantes sármatas da estepe chamados Farzoios e Inismeōs estavam cunhando moeda em Olbia Pôntica. Os Roxolani continuaram sua migração para o oeste após o conflito no Chersoneso do Bósforo, e em 69 d.C. eles estavam perto o suficiente do baixo Danúbio para que pudessem atacar através do rio quando ele estava congelado no inverno, e logo depois eles e os alanos estavam vivendo na costa do Mar Negro, e mais tarde eles se mudaram mais para o oeste e estavam vivendo nas áreas correspondentes à atual Moldova e oeste da Ucrânia. 




A tribo sármata dos Arraei, que tinha tido contactos estreitos com os romanos, eventualmente se estabeleceu ao sul do rio Danúbio, na Trácia, e outra tribo sármata, os Koralloi, também viviam na mesma área ao lado de uma secção do Sindi cita. Durante os séculos I e II d.C., os Iazyges frequentemente incomodavam as autoridades romanas na Panónia; eles participaram da destruição do reino quadiano de Vannius, e muitas vezes migraram para o leste através do planalto da Transilvânia e das montanhas dos Cárpatos durante movimentos sazonais ou para o comércio. No século II d.C., os alanos haviam conquistado as estepes do norte do Cáucaso e da área norte do Mar Negro e criado uma poderosa confederação de tribos sob seu domínio. Sob a hegemonia dos alanos, uma rota comercial ligava a estepe pôntica, os Urais do sul e a região atualmente conhecida como Turquestão Ocidental. Um grupo de alanos, os Antae, migrou para o norte para o território do que é atualmente a Polónia.

A hegemonia dos sármatas nas estepes começou a declinar ao longo dos séculos II e III d.C., quando os hunos conquistaram o território sármata na estepe do Cáspio e na região dos Urais. A supremacia dos sármatas foi finalmente destruída quando os godos germânicos que migravam da região do Mar Báltico conquistaram a estepe pôntica por volta de 200 d.C. Em 375 d.C., os hunos conquistaram a maioria dos alanos que viviam a leste do rio Don, massacraram um número significativo deles e os absorveram em sua política tribal, enquanto os alanos a oeste do Don permaneceram livres da dominação huna. Alguns alanos livres fugiram para as montanhas do Cáucaso, onde participaram da etnogénese de populações, incluindo os ossetas e os cabardianos, e outros grupos alanos sobreviveram na Crimeia. Outros migraram para a Europa Central e depois Ocidental, de onde alguns deles foram para a Península Ibérica.

Ataces, lendário rei dos alanos, fundou a cidade de Coimbra e Alenquer, segundo os estudiosos, deve o seu nome à expressão "Alan Ker" que significa "Templos dos alanos". Chegado à Península, Ataces, rei dos alanos, cujo estandarte ostentava um leão, instalou-se no alto da colina a Norte do Mondego, por onde atualmente se estende a cidade de Coimbra. A vontade de aumentar os seus domínios levou-o a confrontos sangrentos com o rei suevo Hermenerico, senhor de Conímbriga, em cuja bandeira ondeava uma serpente.


Existem alguns vestígios dos alanos em Portugal, nomeadamente em Alenquer, cujo nome pode ser germânico para o Templo dos Alanos, de "Alan Kerk", e cujo castelo pode ter sido estabelecido por eles; o Alaunt ainda está representado no brasão daquela cidade. Os alanos ficaram conhecidos em retrospectiva por sua caça maciça e luta correndo cães, o Alaunt, que eles aparentemente introduziram na Europa. A raça está extinta, mas o seu nome é carregado por uma raça espanhola de cão ainda chamada Alano, tradicionalmente usada na caça ao javali e pastoreio. O nome Alano, no entanto, tem sido historicamente usado para uma série de raças de cães em alguns países europeus que se pensa descender do cão original dos alanos. A localidade continua a ser protegida pelo "cão alano", representado no seu brasão. A raça do "cão alano", famoso pelas suas qualidades de caça e combate, foi trazida para a Península pelos alanos, não se tendo conservado no Cáucaso, mas continuando hoje a ser utilizada na caça e pastoreio no País Basco.

Os alanos falavam uma língua iraniana oriental, e que, por sua vez, evoluiu para a língua osseta moderna. O nome "Fátima" é muito comum no Irão. É comumente associado à filha do Profeta Maomé, Fátima Zahra, que é altamente reverenciada no islão xiita. Fátima Zahra é considerada uma figura muito importante na cultura e na história islâmica, e o seu nome é amplamente usado. Num depoimento feito por uma 
Fátima, uma osseta residente em Moscovo, diz que há já vários anos que vai passar férias com a família a Portugal, dado que conhece a história do fenómeno religioso de Fátima, e da passagem dos alanos, que considera seus antepassados, por essa região de Portugal.

Em 418 (ou 426 de acordo com alguns autores, o rei alano, Attaces, foi morto em batalha contra os visigodos, e este ramo dos alanos posteriormente apelou ao rei vândalo Gunderic para aceitar a coroa alana. A identidade étnica separada dos alanos de Respendial se dissolveu. Embora alguns desses alanos tenham permanecido na Península Ibérica, a maioria foi para o norte da África com os vândalos em 429. 
A presença dos alanos na Península não foi muito longa e acabaram por dirigir para o Norte de África. Destino diferente teve o seu cão, que permaneceu entre nós, deu origem a novas raças e foi pai de outras que chegaram ao Novo Mundo pelas mãos dos espanhóis, cães que foram aplicar a sua terrível força de mordedura nos nativos das Américas.

domingo, 21 de abril de 2024

As minas da Borralha e a história do volfrâmio


A aldeia das Minas da Borralha faz parte da freguesia de Salto, concelho de Montalegre, e foi durante várias décadas o principal polo empregador e populacional de Montalegre. A mina de volfrâmio funcionou de 1902 a 1986 chegando a albergar cerca de 5.000 pessoas. Em 2011, segundo o censo tinha 243 habitantes.




O antigo couto mineiro da Borralha circunscrevia-se às freguesias de Salto e Venda Nova e ainda à freguesia de Campos, já no concelho de Vieira do Minho, sendo composto por 36 concessões, num total de cerca de 1788 hectares de território. Dessas concessões, 28 eram de volfrâmio e estanho, dez de estanho e dois de volfrâmio, cobre, prata. Estas minas empregaram milhares de pessoas, transformaram e dinamizaram o local, dando-lhe visibilidade a nível nacional e internacional.




A história conta-se brevemente da seguinte maneira: o nome da localidade teve origem em Domingos Borralha que, em 1900, foi trabalhar para as minas de Coelhoso (Bragança) onde comentou junto de um engenheiro francês que, no lugar onde vivia, existiam muitas pedras iguais às que ali eram exploradas e que as usavam para atirar às cabras e construir muros. O francês foi confirmar e registou a concessão em 1902. No primeiro ano, só à superfície, a Borralha, rendeu 70 toneladas de volfrâmio, no ano seguinte, já com algumas perfurações rendeu 170 toneladas.




O auge da exploração foi nas décadas de 30, 40, 50 do século XX, na altura da II Guerra Mundial e da Guerra da Coreia com o couto mineiro com 2.000 hectares. Para além dos mineiros, à volta das minas havia ainda os apanhadores com um pico de pedreiro que tinham uma licença especial da empresa e podiam explorar o volfrâmio sempre a céu aberto com a condição de, no final do dia vender tudo à companhia, e os farristas que eram contrabandistas. As minas tiveram dois períodos de paragem (1944/46 e 1958/62). Depois de anos de abandono, a Câmara de Montalegre deu início à recuperação do património das Minas da Borralha, onde já investiu mais de dois milhões de euros. As minas vieram a fechar em 1986.




Portugal, no tempo da 2ª Grande Guerra, jogou um pau de dois bicos com a sua neutralidade, o que deu azo a Salazar para vender com toda a tranquilidade aos alemães o tão precioso tungsténio, matéria-prima essencial para o fabrico do material bélico. Como as quase constantes referências ao tungsténio no diário de Salazar confirmam, para Portugal esse era o único grande problema da guerra. Ao longo dos anos, Salazar perdeu mais noites de sono por causa do tungsténio do que por qualquer outra coisa. As negociações em torno do tungsténio também dominaram a vida de diplomatas ingleses, alemães e americanos estacionados em Lisboa durante a guerra.




Como os ingleses, os alemães usavam a técnica da persuasão. Para os ingleses eram os ataques alemães aos navios portugueses, como o afundamento do navio português Corte Real, em 1941. Para os alemães era um acordo que incluía o fornecimento a Portugal de armamento e outros suprimentos vitais a taxas favoráveis.




À medida que crescia a demanda pelos limitados depósitos de volfrâmio, o aumento do preço o acompanhava. Em meados de 1941, o preço estava por volta de 1.250 libras por tonelada, mas, no final do mesmo ano, havia subido para estonteantes 6 mil libras a tonelada. Isso foi uma oportunidade para muita gente tentar enriquecer. Já parecia a corrida ao ouro nos Estados Unidos no século XIX. Houve histórias de gente que largou o seu emprego, e lavradores que abandonaram o cultivo das suas terras para se juntar ao lucrativo negócio da mineração. Em uma hora, podia-se ganhar o salário de uma semana se fosse encontrado um filão.

Mas eles não sabiam realmente como gastar, ou investir, a sua inesperada sorte. Ouviam-se histórias de aldeões em áreas de mineração acendendo cigarros com notas de um conto de reis. Agentes de ambos os lados na guerra que tentavam comprar volfrâmio nas aldeias deparavam-se com fraudes e trapaças, e o termo “volframista” – significando aquele que se aproveitava da guerra – entrou para o vocabulário português. A crise em Timor começou no início de novembro de 1941, quando o embaixador português em Londres, Armindo Monteiro, informou ao secretário das Relações Exteriores britânico, Anthony Eden, no dia 4 de novembro, que Portugal resistiria a qualquer ataque japonês a Timor. E acrescentou que, no caso de um ataque, Portugal consideraria pedir ajuda militar aos ingleses.




Em 1942, Portugal passou de um dia para o outro a ser o único grande fornecedor europeu de volfrâmio. Desde que a invasão da União Soviética fora desencadeada pelos alemães, os suprimentos de tungsténio do Oriente haviam sido quase totalmente cortados. Berlim confiava em Portugal e, em menor grau, na Espanha, para suprir todas as suas exigências. De 1941 em diante, a Alemanha esforçou-se ao máximo para garantir reservas de tungsténio por meios legítimos e ilegítimos. Suas Forças Armadas, serviços diplomáticos e agências de inteligência estavam todos envolvidos no esforço para garantir tungsténio adicional. Salazar não podia tolerar um setor desregulado. Durante meses, ele havia recebido queixas do setor agrícola sobre perda de mão de obra para a exploração do volfrâmio. Isso causou um impacto muito negativo na lavoura. 

Em fevereiro de 1942, Salazar decidiu montar um novo sistema de restrições ao comércio do volfrâmio. 
Definiu o preço em 150 escudos o quilo. O governo introduziu também multas pesadas para quem se envolvesse na extração e exportação ilegal do minério. Essa efetiva nacionalização do setor encerrou a era da corrida ao maná, e permitiu a Salazar entregar minério aos alemães, como parte de um acordo feito com Berlim. Subsequentemente, a Alemanha pôde utilizar a “abordagem da cenoura” com Portugal aumentando o comércio com Lisboa. A participação de Berlim nas exportações portuguesas aumentou de 19,02%, em 1941, para 24,35%, em 1942. Além disso, as importações portuguesas da Alemanha aumentaram de 8,08%, em 1941, para 12,62%, em 1942. Esse comércio tornou-se extremamente lucrativo para Portugal, que havia prometido não ganhar dinheiro com a guerra. Os ingleses, e os americanos depois de entrarem na guerra, não ficaram nada impressionados com a atitude de Salazar em relação ao comércio do volfrâmio. 




A defesa de Salazar foi ao mesmo tempo simples e complicada. Ele argumentou que, devido à demanda alemã por tungstênio português (especialmente depois de 1941), não lhe restavam outras opções, a não ser assinar uma série de acordos para suprir Berlim com o material de que precisava para manter em andamento seu esforço de guerra. Se Portugal se recusasse a vender para os alemães, havia uma forte possibilidade de que eles invadissem Portugal (e Espanha) a fim de garantir suprimentos devido à importância do tungsténio para Berlim.


sábado, 20 de abril de 2024

A ascensão de Guilherme III ao trono inglês após a Revolução Gloriosa de 1688



A Revolução Gloriosa foi um movimento contra o poder absolutista de Jaime II. Ao fortalecer os católicos, o rei entrou em confronto com o Parlamento, que defendia a formação de uma monarquia constitucional e praticante do puritanismo, ou seja, da religião calvinista. Isso levou à deposição do rei Jaime II, o qual foi substituído por sua filha Maria II e seu marido, Guilherme III de Orange que era o governante de facto da República das Sete Províncias Unidas dos Países Baixos.

Há literatura dos tempos que antecederam este acontecimento na Grã-Bretanha que nos pode enquadrar o contexto das guerras religiosas no seio da Cristandade que levou ao cisma entre católicos e protestantes. Há por exemplo os relatos diarísticos de um tal 
Samuel Pepys, funcionário público. Manteve um Diário entre 1660 a 1669, oferecendo um relato detalhado da vida na Inglaterra durante esse período, incluindo eventos históricos importantes como o Grande Incêndio de Londres e a Peste Negra. Seu diário é uma fonte valiosa para historiadores e oferece insights fascinantes sobre a vida quotidiana na época.



A coroação de Guilherme III e Maria, por Charles Rochussen

Durante o que ficou conhecido como a Conspiração de Assassínio de Rye House, em 1683, houve uma tentativa de assassinar Guilherme III de Orange e o seu tio, o rei Carlos II. A conspiração foi liderada por alguns nobres dissidentes, e embora não tenha sido bem-sucedida, levou a uma repressão significativa contra os opositores políticos. Esses eventos contribuíram para o clima político tenso que eventualmente culminou na Revolução Gloriosa de 1688.

Foi no decurso da Revolução Gloriosa de 1688 que Guilherme de Orange se achou na legitimidade para assumir o trono inglês. Ainda assim, Guilherme de Orange, durante a Revolução Gloriosa de 1688, chegou a ameaçar regressar à Holanda se Jaime II não abdicasse, e no seu lugar fosse ele, e a sua mulher Maria, entronizados como monarcas da Inglaterra. Isso mostra como a sua ascensão ao trono foi influenciada por uma combinação de apoio interno e pressão externa.

Fosse como fosse, em todo o caso Jaime II tinha o apoio de Luís XIV, o tal Rei Sol Absoluto da França. E Luís XIV tudo tentou para manter Jaime II no trono inglês durante a Revolução Gloriosa de 1688. Luís XIV, que tinha interesses políticos e religiosos na Europa, viu Jaime como um aliado contra o crescente poder dos protestantes na Europa. Ele forneceu apoio militar e financeiro a Jaime, o que complicou a situação para os opositores de Jaime na Inglaterra. Mas quando Guilherme entrou em Londres, Jaime escapou para a França.

A ascensão de Guilherme III ao trono inglês após a Revolução Gloriosa de 1688 é frequentemente vista como um ponto de viragem na história da Inglaterra. Sua liderança trouxe estabilidade política e religiosa ao país, encerrando décadas de conflitos religiosos, o que fortaleceu as instituições parlamentares. Seu reinado é muitas vezes associado a um período de estabilidade e progresso na Inglaterra, embora os termos pronunciados pela frase "resolver a paralisia do país" seja uma simplificação, já que muitos desafios ainda persistiam.

Há uma personalidade científica que ocupava a cátedra de Cambridge, nada mais nada menos que o Senhor Isaac Newton que viria a ficar ligado ao salvamento da Libra Inglesa. Não é comum nos livros de História da Ciência vermos o Senhor Isaac Newton associado à gestão da moeda em Londres. Mas Newton, realmente, teve um papel significativo nesse campo. Newton foi nomeado Mestre da Casa da Moeda Real em 1696, e serviu nesse cargo até à sua morte em 1727. Durante esse tempo, ele supervisionou a reforma do sistema monetário inglês, ajudando a combater a falsificação de moeda, o que conduziu à estabilidade da moeda. Sua contribuição foi crucial para o desenvolvimento económico e financeiro da Inglaterra nessa época época.

Em agosto de 1689, durante as Guerras Jacobitas, ocorreu a Batalha de Dunkeld, na Escócia. Nessa batalha, as forças jacobitas, leais a Jaime II, enfrentaram as forças do governo, que apoiavam Guilherme III. A revolta escocesa, liderada por John Graham, Visconde de Dundee, foi derrotada pelas forças governamentais, o que consolidou o controlo de Guilherme III sobre a Escócia. Tal facto acabou por fortalecer ainda mais a sua posição na disputa pelo trono inglês.



Maria II, rainha de Inglaterra, Escócia e Irlanda

O Massacre de Glencoe, que ocorreu em 13 de fevereiro de 1692 no vale de Glencoe, na Escócia, não deixa de manchar a imagem de Guilherme III. Houve depois, no entanto, uma tentativa de reconciliação com os clãs jacobitas. O chefe do clã MacDonald de Glencoe, Alasdair MacIain, não havia prestado juramento de lealdade dentro do prazo estabelecido. Como resultado, as tropas do governo, lideradas pelo capitão Robert Campbell, foram enviadas para a região. Os soldados foram hospedados pelos MacDonalds por cerca de duas semanas, antes de receberem ordens para atacar. Na manhã de 13 de fevereiro 1692 as tropas atacaram, resultando na morte de cerca de 38 homens do clã, mulheres e crianças também morreram, e muitos outros fugiram para uma região que naquela época do ano estava gelada. O Massacre de Glencoe tornou-se infame devido à quebra da hospitalidade escocesa e às circunstâncias cruéis em que ocorreu.

Os jacobitas eram seguidores da dinastia Stuart, que lutaram para restaurar os monarcas católicos da Casa de Stuart no trono britânico após a Revolução Gloriosa de 1688. O termo "jacobita" deriva do latim "Jacobus", que significa "Jaime". Os jacobitas eram predominantemente católicos, ou simpatizantes da causa católica, que se opunham à supremacia protestante estabelecida na Grã-Bretanha. Eles realizaram várias rebeliões e levantamentos na Escócia e na Irlanda, buscando restaurar os Stuarts no trono britânico.