O problema da fé
religiosa é que a fé se baseia no dogma. E como os dogmas são tenazmente
considerados invioláveis, irrefutáveis e não suscetíveis de revisão, levam a
que quem está por ela possuída de uma forma fanática, ou como se costuma dizer
“fundamentalista”, está disposta a morrer. A fé é aquilo por que morre, mas o
dogma é aquilo por que pode inclusivamente matar se for induzida a fazê-lo.
O problema da
crença religiosa é que quer no passado como no presente trouxe sempre a todo o
lado a guerra, intolerância e perseguição, distorcendo a natureza humana para
formas repudiantes. Isto, independentemente do que possa contribuir para o
reconforto dos temerosos, quando tomados pelo fanatismo a uma qualquer
falsidade, é abraçada até à morte.
Como toda a gente
sabe, a fé religiosa é a negação da razão, inclusivamente contra todas as
evidências em sentido contrário. Ainda que o conhecimento seja definido como
crença, sem a qual não seria possível ter conhecimento, não é suficiente sem
que esse estado mental esteja ligado aos factos, simultaneamente verdadeiros e
justificados. O conhecimento implica verificação, e depende da existência do
tipo certo de relação entre a mente e o mundo. A crença religiosa existe apenas
na mente, não se baseando em nada do que existe no mundo.
O ser humano é um
ser espiritual, e a espiritualidade é importante, tudo bem. Mas por serem
criaturas espirituais não ficaram impedidas de ter ideias e de imaginar e
inventar coisas. E Deus, ainda que seja um conceito com muita força, não passa
de uma invenção que ao longo da história, desde que foi inventado, se revestiu
sempre de muita manigância.
Cada uma das
numerosas religiões no mundo conhece a sua própria versão de uma história em
que uma ou outra força sobrenatural age sobre o caos para trazer ao mundo a
criação e a existência do universo. Para a maioria das religiões, a história da
criação é um facto de fé, uma verdade absoluta.
O que é espantoso,
e de certa forma misterioso, é ainda alguns cientistas de renome internacional,
poucos, conseguirem conviver dentro de si com as contradições entre uma fé
religiosa e os seus conhecimentos científicos. À medida que o conhecimento
científico progrediu na melhor explicação da origem do universo, permitiu às
pessoas em geral não necessitarem de invocar forças sobrenaturais para explicar
o mundo. A ciência tem uma grande vantagem, uma vez que trabalha com hipóteses
cuidadosas e abrangentes, estando sempre pronta a revelá-las e a revê-las
sempre que surgem novos dados sempre dentro de factos e evidências não
especulativas, uma vez que é assumida com humildade as nossas limitações no
conhecimento de um universo tão complexo e enigmático. Mas a nossa ignorância
em relação a uma coisa tão vasta e poderosa não tem necessariamente que nos
levar para derivas tão contraditórias com o melhor que a ciência nos pode
oferecer, e aceitar a oferta das certezas eternas das religiões que se baseiam
apenas em superstições antigas.
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