segunda-feira, 8 de maio de 2023

Os dias. Os meses. Os anos



O dia solar verdadeiro - intervalo de tempo entre duas passagens consecutivas do Sol pelo meridiano dum lugar - varia entre 23 horas, 59 minutos e 39 segundos / 24 horas e 30 segundos. Estas variações, devidas às desigualdades que afetam a ascensão reta do Sol, levam a que um dia civil tenha a duração de 24 horas. Este dia, definido em função do dia solar médio, começa à meia-noite e termina à meia-noite seguinte. Por outro lado, é a revolução sinódica da Lua que está na origem dos calendários lunares, em que os meses têm alternadamente 29 dias e 30 dias. A lunação, intervalo de tempo entro duas conjunções consecutivas da Lua com o Sol não tem um valor constante, mas varia entre 29 dias e 6 horas / 29 dias e 20 horas. O seu valor médio, conhecido com grande precisão é de 29 dias, 12 horas,  44 minutos e 2,8 segundos. 

O ano, é de outro modo menos evidente. Foi só com o desenvolvimento da Agricultura que os povos primitivos se aperceberam do ciclo das estações. São, portanto: dia; mês lunar ou lunação; ano - períodos astronómicos naturais utilizados em qualquer calendário. Em Astronomia consideram-se o ano sideral e o ano trópico como os mais utilizados. O ano sideral, duração da revolução da Terra em torno do Sol, é igual a 365 dias, 6 horas, 9 minutos e 9,8 segundos. É este ano que intervém na terceira lei de Kepler da mecânica celeste, ao ligar as durações das revoluções dos planetas com os eixos maiores das órbitas. O ano trópico, tempo decorrido entre duas passagens consecutivas do Sol médio pelo ponto vernal, é atualmente de 365 dias, 5 horas, 48 minutos e 45,3 segundos. É mais curto do que o ano sideral, devido à precessão dos equinócios, que faz retroceder o ponto vernal de 50,24 segundos de arco por ano. É o ano trópico que regula o retorno das estações e que intervém nos calendários solares.

O protótipo atual de calendário lunar é o calendário islâmico; do calendário solar é o calendário gregoriano; o calendário israelita é luni-solar. Mas também o calendário gregoriano conserva, de certo modo, uma base luni-solar no que diz respeito às regras para a determinação da data da Páscoa.

Um outro período de tempo utilizado nos calendários é a semana de sete dias, e que há uma disputa entre os especialistas quanto à sua origem. Uns acham provável estar relacionada com o mês lunar, visto que sete dias são aproximadamente um quarto de lunação, o intervalo aproximado entre a Lua cheia e o quarto minguante. Outros levam a origem para o número dos sete astros principais do firmamento desde a Antiguidade: os cinco planetas conhecidos mais o Sol e a Lua. Outros ainda, pensam que a escolha de um intervalo de sete dias se deva à Bíblia, em que o número sete entre os judeus era um número sagrado. Seja como for, o ciclo semanal de sete dias propagou-se inicialmente no Médio Oriente, e só bastante mais tarde chegou ao Ocidente, encontrando-se hoje praticamente incorporado em todos os calendários como ciclo regulador das atividades laborais.

Os calendários mais antigos que nos chegaram à Europa são provenientes do Egito por via judaica, com um ano civil de 360 dias. Os egípcios dividiam o ano em 12 meses de 30 dias. E dividiam o ano em três estações, de acordo com as suas atividades agrícolas dependentes das cheias do Nilo: a estação das inundações; a estação das sementeiras e a estação das colheitas. Não satisfeitos com o ano de 360 dias, os hebreus voltaram-se para o sistema luni-solar, ajustando os meses com o movimento sinódico da Lua e coordenando o ano com o ciclo das estações. Depois de muitas reformas, os egípcios estabeleceram um ano civil invariável de 365 dias, conservando a tradicional divisão em 12 meses de 30 dias e 5 dias adicionais no fim de cada ano. O atraso aproximado de 6 horas por ano em relação ao ano trópico motivou que, lentamente, as estações egípcias se fossem atrasando, originando uma rotação destas por todos os meses do ano. 

Calendário provém do latim kalendae, o primeiro dia do mês em Roma, no qual se concluíam e pagavam as contas mensais. Neste dia, os funcionários do império saíam à rua, chamando os cidadãos (calare) para que cumprissem os seus deveres para com o Estado, pagando os impostos. Associando estes dois assuntos, tornou-se célebre a expressão: “Ficar para as calendas gregas”, que hoje corresponde aproximadamente a ficar em “águas de bacalhau”, uma vez que os Gregos não tinham calendas. O calendário é, pois, um sistema de contagem do tempo, ao qual se aplica um conjunto de regras baseadas na astronomia, associando os dias a períodos maiores, como a semana, o mês, o ano.



Sem comentários:

Enviar um comentário