segunda-feira, 10 de julho de 2023

Entre o Cáucaso e a Anatólia - desde os protoindo-europeus






O nome protoindo-europeus que foi dado aos povos que no início do século XX foi designado por caucasianos, é filiado no trabalho dos linguistas ou filólogos que se basearam no estudo etimológico das línguas faladas para os delimitar à cultura e etnia dos povos. Assim, a língua indo-europeia foi a língua derivada de um povo pré-histórico da Idade do Cobre e do Bronze que emergiu de uma área incerta à volta da região a que foi dado o nome de Cáucaso.




No entanto, hoje admite-se que a reconstrução linguística está repleta de tantas incertezas significativas que se presta para uma larga margem de especulação. De acordo com alguns arqueólogos, os falantes de protoindo-europeu não podem ser considerados como sendo um povo ou tribo, única e identificável, mas antes um grupo impreciso de populações ancestrais ainda parcialmente pré-históricas, distintas dos indo-europeus da Idade do Bronze. Os protoindo-europeus terão vivido há 6.000 anos no extremo da estepe para lá do Mar Negro e do Mar Cáspio. Há cerca de 4.000 anos os seus descendentes desdobrados em várias tribos atravessaram o Mar Cáspio, desceram o Cáucaso, atravessaram a Anatólia e chegaram à Grécia. De muita coisa que pensamos saber hoje recebemo-lo da civilização da Grécia Clássica ou Antiga.




Por volta de 1300 a.C., os Cimérios, que viviam a norte do Cáucaso, chegaram à Anatólia empurrados pelos Citas. Os Cimérios provavelmente saquearam Urartu, por volta de 714 a.C. Porém, em 705 a.C., após serem repelidos por Sargão II da Assíria, rumaram para a Anatólia, onde, cerca de 695 a.C. conquistaram a Frígia. Em 652 a.C., após conquistar Sárdis, capital da Lídia, atingiram o seu apogeu. Seguiu-se então um período de rápido declínio, até à sua derrota final, na década de 630 a.C., quando foram derrotados pelo rei lídio Aliates. Deixam então de ser mencionados pelas fontes históricas, tendo-se fixado, provavelmente por esta altura, na Capadócia.




 Há um outro povo que merece ser aqui falado, que é o povo eslavo. Os eslavos são um outro povo que se ramificou do povo de língua indo-europeia que se estendeu por toda a Europa Oriental até aos Balcãs, e que posteriormente também migrou até à Sibéria. Os povos eslavos são classificados geográfica e linguisticamente em eslavos ocidentais [checos, eslovacos, morávios, polacos, silesianos e sórbios]; eslavos orientais [bielorrussos, russos, rutenos e ucranianos]. De acordo com um estudo genético feito em 2007 baseado nos haplogrupos do cromossoma Y, o grupo de homens eslavos se divide em dois grupos principais; um abrange todos os eslavos ocidentais, eslavos orientais e duas populações eslavas meridionais masculinas (croatas ocidentais e eslovenos), enquanto que o outro grupo abrange todos os homens eslavos meridionais restantes.

Ora, acontece que esta região, ocupada pelos eslavos, é mais tarde, entre os séculos X e XII, invadida pelos Víquingues, também conhecidos por Varegues, o povo da Escandinávia que seguindo o curso dos rios atravessou o leste europeu até chegarem a Constantinopla e Bagdade. Entretanto acabaram por se fixar onde hoje é a Bielorrússia, a Ucrânia e parte da Rússia ocidental. 




De acordo com a Primeira Crónica da Rússia de Kiev compilada por volta de 1113 os Rus' eram viquingues que haviam partido de Uplândia, que fica onde hoje é a Suécia. Rurik deu início à dinastia que do qual resultou o nome Rus'. Envolvendo-se em atividades de comércio e pirataria com recurso a mercenários, os varegues desciam os rios da Gardarícia, nome que eles davam às terras do Rus' nas sagas nórdicas. Controlavam a rota comercial do rio Volga - que ligava o Mar Báltico ao Mar Cáspio. E a rota comercial do rio Dniepre que levava a Constantinopla e o Mar Negro. Coincidindo com o declínio geral da Era Viquingue, o influxo dos nórdicos foi diminuindo até serem assimilados pelos russos. Na Rússia, o termo 'varegue' continuou a ser um sinônimo para sueco até ao fim do século XVI. Contrastando com a intensa influência escandinava na Normandia e nas Ilhas Britânicas, a cultura varegue não sobreviveu no Leste. Ao contrário, as classes dominantes varegues das duas poderosas cidades-estado de Kiev e Novogárdia sofreram um intenso processo de aculturação eslávica no fim do século X. O nórdico antigo ainda foi falado num determinado distrito de Novgorod até ao século XIII.

Depois veio a invasão empreendida por um vasto exército de nómadas mongóis iniciada em 1223 contra os Estados de Rus'. Tal invasão precipitou a sua fragmentação e influenciou o desenvolvimento e ascensão do principado de Moscovo, a partir do qual se constrói a História da Rússia. A campanha começou pela Batalha do Rio Calca em maio de 1223, que resultou na vitória dos mongóis sobre as forças de diversos principados da Rus'. Os mongóis recuaram, mesmo assim. Uma invasão completa da Rus' por Batu Cã aconteceu de 1237 a 1242. A invasão acabou com o processo de sucessão após a morte de Oguedai Cã. Todos os principados de Rus' foram forçados a se submeter e fazer parte do Império da Horda de Ouro. Em alguns desses principados a dominação durou até 1480.

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