sábado, 29 de julho de 2023

A Batalha de Sekigahara




A Batalha de Sekigahara, ou popularmente conhecida como a "Divisão do Reino", foi o conflito decisivo ocorrido em 15 de setembro de 1600 (data do antigo calendário chinês, que corresponde a 21 de outubro do atual calendário gregoriano), que abriu caminho para a ascensão do Xogum Tokugawa ao poder do Japão. Após o seu desfecho, demorariam apenas 3 anos para Tokugawa consolidar o seu poder sobre o clã Toyotomi, da casa de Osaka, e os outros daymios contrários à casa de Edo dos Tokugawa. A Batalha de Sekigahara é amplamente considerada como o começo não oficial do Xogunato Tokugawa - o último xogunato que exerceu controlo sobre o Japão. Após o conflito, o Japão viveu um longo período de paz.

É a partir deste acontecimento que James Clavell, escritor e diretor de cinema britânico de origem australiana, que escreve o romance Shōgun publicado em 1975, e que depois passou a uma série televisiva de 5 horas, vista pelos olhos de um piloto inglês - John Blackthorne - cujos atos heroicos lembram as façanhas de William Adams
John Blackthorne é capitão do Erasmus, um navio holandês que naufragou na costa do Japão. Ele e poucos dos sobreviventes da embarcação holandesa foram capturados por ordem do samurai Omi-san que os manteve aprisionados vários dias no buraco, até que os marinheiros soubessem se comportar de forma civilizada (pelos olhos dos japoneses). O daymio de Omi-san, Yabu-san, chega e resolve executar aleatoriamente um dos navegadores cozinhando-o vivo. Por sugestão de Omi, Yabu, decide guardar as armas e o dinheiro que estavam a bordo do Erasmus em favor próprio, mas é traído por um de seus samurais que o denuncia a Toranaga (futuramente senhor e daymio, mais poderoso que Yabu), o que faz com que Yabu dê todos os bens para o seu senhor. Como os japoneses não conseguiam pronunciar seu nome, Blackthorne foi chamado de Anjin, que significa piloto.

Por lá anda um padre jesuíta português, que faz o papel de tradutor quando o piloto é interrogado por Toranaga. 
Blackthorne, sendo originário de um país protestante, joga com isso para deixar ficar mal o padre jesuíta junto do daymioToranaga fica surpreendido ao saber que há dois tipos de cristianismo entre os países europeus que se odeiam. A entrevista acaba quando chega Ishido, o principal rival de Toranaga, que quer saber o que se passa com o "bárbaro" piloto.

Toranaga então manda o piloto para a cadeia acusado de pirataria para mantê-lo afastado de Ishido. Na prisão, Blackthorne conhece um padre franciscano que lhe conta detalhes sobre as conquistas jesuíticas e as trocas com o Navio Negro. Os japoneses necessitavam da seda chinesa, porém eles não podiam negociar com os chineses diretamente. Os portugueses atuavam como intermediários, embarcando as mercadorias no Navio Negro, e assim obtendo muito lucro. Com a ajuda do padre, Blackthorne começa a aprender o japonês básico. Após quatro dias de cativeiro, Blackthorne é tirado da prisão pelos homens de Ishido. Toranaga volta a capturar o piloto das mãos de seu rival. Em sua próxima entrevista, Toranaga utiliza Mariko como tradutora, uma japonesa convertida ao cristianismo que se sente dividida entre a nova fé e a sua lealdade a Toranagapor ser samurai.

Aos poucos Blackthorne vai-se adaptando aos japoneses e sua cultura, e muitas vezes aprendendo a respeitá-la. Os japoneses, por outro lado, se sentem cada vez mais incomodados com a presença de Blackthorne, mas ao mesmo tempo ele é de valor inestimável devido ao seu conhecimento do mundo. Algo que faz com que os japoneses comecem a pensar de outra forma. Blackthorne mostrou coragem de ter tentado suicídio para não perder a honra, o que deixou os japoneses impressionados. A partir daí os japoneses começaram a respeitá-lo mais e ele recebeu o estatuto de samurai e hatamoto. Quanto mais tempo Blackthorne passava com Mariko, mais ele a admirava. O piloto fica dividido entre sua afeição por Mariko (que é casada com um poderoso samurai, Buntaro), sua crescente lealdade para com Toranaga, e seu desejo de voltar a navegar a bordo do Erasmus para capturar o Navio Negro.

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William Adams, também conhecido no Japão como Anjin-sama, foi o primeiro navegador inglês a chegar ao Japão e aí morreu em 16 de maio de 1620 aos 55 anos de idade. 
Logo após chegar ao Japão, se tornou um importante conselheiro do xogum Tokugawa Ieyasu para a construção dos primeiros navios japoneses segundo as técnicas do Ocidente.

Na sua ascensão do Xogunato, Tokugawa Ieyasu redistribuiu as terras e feudos dos participantes, geralmente recompensando os que o ajudaram e desapropriando, punindo, ou exilando os que lutaram contra ele. Ao fazê-lo, ele ganhou controlo de muitos territórios que eram de Toyotomi.

Na época, a batalha fora considerada apenas como um conflito interno entre vassalos de Toyotomi. Entretanto, após Ieyasu se tornar Xogum, uma posição deixada vaga desde a queda do Xogunato Ashikaga 27 anos antes, a batalha foi vista como um evento de maior importância. Em 1664, Hayashi Gahö, historiador de Tokugawa e reitor de Yushima Seido, resumiu as consequências da batalha: "Malfeitores e bandidos foram expurgados e todo o território entregue ao Senhor Ieyasu, louvando o estabelecimento da paz e exaltando sua virtude marcial." Esta mudança na hierarquia oficial também inverteu a posição de subordinação do clã Tokugawa, tornando assim o clã Toyotomi subordinado do clã Tokugawa.

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