segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023

Génios e QIs





Christopher Langan alcançou uma espécie estranha de fama. N
ascido em 25 de março de 1952 é um fazendeiro de cavalos e autodidata americano relatado por ter a pontuação mais elevada de QI estimado no 20/20 da ABC entre 195 e 210. Em 1999 foi descrito por alguns jornalistas como "o homem mais inteligente da América" ou "do mundo".

Tornou-se a face pública do 'génio' na vida americana, uma celebridade fora de série. Convidado a participar em programas televisivos de atualidade, e abordado para entrevistas por várias revistas do jet-set, chegou a ser tema de um documentário do cineasta Errol Morris – tudo por causa de um cérebro que parecia desafiar qualquer descrição. O seu QI, medido com precisão, rebentava todas as escalas. Por causa disso, foi inventado um teste de QI especial para pessoas extraordinariamente inteligentes, e Langan foi submetido a esse teste, complicado demais para gente comum. Resultado: acertou todas as perguntas, exceto uma. 

No seu historial, Langan aos seis meses já falava com desenvoltura. Com três anos, ouvia na rádio aos domingos o locutor ler em voz alta banda desenhada, e ele acompanhava o text, aprendendo sozinho a ler. Aos cinco anos, começou a fazer perguntas ao avô sobre a existência de Deus – e lembra que se dececionou com as respostas. Na escola, Langan conseguia sair-se muito bem em testes de idiomas que nunca havia estudado. E mais: se tivesse a chance de dar uma olhadela na matéria por dois ou três minutos antes da chegada do professor, acertava todas as questões. No início da adolescência, quando trabalhava numa fazenda, começou a ler tudo o que encontrava sobre física teórica. Aos 16 anos, conseguiu decifrar uma obra-prima reconhecidamente intrincada – Principia Mathematica, de Bertrand Russell e Alfred North Whitehead. Obteve nota máxima no exame padronizado que era aplicado a alunos do ensino médio na candidatura à universidade.




Quando Christopher tinha cerca de 14 anos, conta um irmão: “costumava desenhar coisas só de brincadeira, e pareciam fotografias. Aos 15 anos, imitava Jimi Hendrix perfeitamente na guitarra. Christopher faltava às aulas, aparecendo apenas nos testes, e ninguém podia fazer nada em relação a isso. Ele conseguia assimilar a matéria de um semestre inteiro em apenas dois dias. Em seguida, resolvia o que tinha de resolver e, depois, retomava o que estava fazendo antes.

O pai biológico de Langan, partiu antes de ele nascer, e constou que morreu no México. A mãe de Langan casou mais três vezes e teve um filho com cada marido. Seu segundo marido foi assassinado e o terceiro morreu por suicídio. Langan cresceu com o quarto marido, que foi descrito como um "jornalista fracassado" que continuou bebendo. Trancou os armários da cozinha para que os quatro meninos não pudessem chegar, e usou um chicote como medida disciplinar. A família era muito pobre; Langan lembra que todos eles tinham apenas um conjunto de roupas cada. A família mudou-se, vivendo por um tempo numa tenda de uma reserva indígena. Depois, em Virgínia City, no Nevada. Quando as crianças estavam na escola primária, a família mudou-se para Bozeman, no Montana, onde Langan passou a maior parte da infância. 

Na sequência de bulling na escola primária, aos 12 anos começou a treinar pesos motivado pelo desejo de lutar contra os agressores. Langan frequentou o ensino médio, mas passou os últimos anos envolvido em estudos por conta própria. Ele fez isso depois de os professores lhe terem negado os seus pedidos peculiares. Sozinho, entrou pela matemática avançada, física, filosofia, latim e grego. Langan recebeu duas bolsas de estudo integrais, uma para o Reed College, em Oregon, e outra para a Universidade de Chicago. Ele escolheu o primeiro, que mais tarde chamou de "um grande erro". Teve um "caso real de choque cultural" no ambiente urbano desconhecido. Ele perdeu a bolsa de estudo uma vez que sua mãe não enviou as informações financeiras necessárias. 

Langan regressou a Bozeman e integrou a corporação de Bombeiros do Serviço Florestal por 18 meses antes de se matricular na Montana State University-Bozeman. Diante de problemas financeiros e de transporte, e acreditando que ele poderia ensinar os professores mais do que eles poderiam ensinar a ele, desistiu. Ele assumiu uma série de empregos em mão-de-obra intensiva por algum tempo, como trabalhador da construção civil. E depois passou a ser um fazendeiro ao estilo dos tradicionais cowboys.

Segundo Gladwell, quando Oppenheimer tentou envenenar o tutor em Cambridge, ele usou seu conhecimento social e seus pais usaram sua influência para que Oppenheimer simplesmente fosse enviado para ajuda psiquiátrica sem quaisquer consequências criminais ou académicas; em contraste, quando a mãe de Langan perdeu um prazo para ajuda financeira, Langan perdeu a bolsa de estudo e quando Langan tentou convencer a administração da faculdade no Reed College a mudar uma classe para um momento posterior, seu pedido foi negado. Langan cresceu na pobreza e teve um início de vida instável, cheio de abusos, o que criou um ressentimento de autoridade décadas após as dificuldades académicas. Ele teve pouca ou nenhuma orientação dos pais ou professores, e nunca desenvolveu as habilidades sociais necessárias para lidar e superar os desafios.

Em 1999, Langan e outros formaram uma Associação sem fins lucrativos chamada Mega Foundation para aqueles com QI de 164 ou acima. Em 2004, Langan mudou-se com sua esposa, uma neuropsicóloga clínica, para o Norte do Missouri, onde instalou um rancho de cavalos no qual realiza atividades para a Mega Foundation. Em 2008, ele apareceu nu programa tipo "Quem quer ser milionário" tendo ganhado US $ 250.000. 

Langan desenvolveu uma ideia que ele chama de "Modelo Cognitivo-Teórico do Universo", uma conexão mente-realidade através da qual pretende construir a tal Teoria de Tudo. Nada de dogmas religiosos. Todavia, não há bela sem senão, dado ter-se tornado num espatifado teórico de conspirações com seguidores da estafada "alt-righ" e outros da extrema-direita.


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