quinta-feira, 16 de junho de 2022

Praga - o último episódio sangrento da Guerra




Encontro comemorativo em 5 de maio de 2010 na ponte Barikadnik junto ao memorial em honra dos combatentes que tombaram no levantamento de Praga.


Praga - 7 de maio de 1945 - resistentes checoslovacos pegavam em armas contra os alemães que ocupavam a cidade; no mesmo dia, chegavam a Praga três veículos do exército americano. Porém, os russos também haviam chegado. Eisenhower aceita um "acordo" imposto pelo supremo comando soviético. E os americanos recuam para Pilsen. Ao longo do dia 7, os combates em Praga continuaram, mas ao romper do dia 8 as forças alemãs rendiam-se incondicionalmente. Na batalha de Praga, perderam a vida mais de oito mil soldados soviéticos e um número bastante superior de soldados alemães.

Na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos, 8 de maio foi comemorado como o Dia da Vitória na Europa. Os dois países festejaram o acontecimento e enfeitaram as cidades com faixas e bandeiras. Nas capitais outrora cativas da Europa Ocidental – Haia, Bruxelas e Paris –, revivia-se o alívio e o entusiasmo dos dias de libertação. Em Copenhague e Oslo, os alemães depunham as armas. No mesmo dia, as últimas forças alemãs em ação no leste da Alemanha assinavam a rendição aos russos, em Karlshorst, perto de Berlim. No mesmo dia, as tropas alemãs que se encontravam, havia vários meses, isoladas no norte da Letónia renderam-se também, assim como na região de Dresden-Görlitz. Os alemães somente continuavam a combater em torno de Olomouc, mas tratava-se de uma resistência desesperada e curta; Olomouc caiu durante o dia 8, tal como Sternbeck, ao norte. Às 14h do mesmo dia, a guarnição alemã em St. Nazaire, no Atlântico, rendia-se aos americanos. Uma hora depois, o forte da pequena ilha de Sark, no canal da Mancha, desfraldava, em sua torre, as bandeiras da Grã-Bretanha e dos Estados Unidos. Havia ainda 275 alemães na ilha e sequer um soldado aliado. O exército britânico, representado por três oficiais e por vinte homens, chegaria dois dias mais tarde.

Em Berlim, trinta minutos antes da meia-noite, um novo termo de rendição substituía o documento assinado em Reims. Pelo lado alemão, assinaram: o almirante Von Friedeburg, que punha o seu nome num terceiro termo de rendição em apenas quatro dias; o general Hans-Jurgen Stümpff, comandante da força aérea alemã; e o marechal Keitel. 




Quatro representantes aliados puseram seus nomes no documento: o marechal da força aérea Sir Arthur Tedder, representando a força expedicionária aliada; o marechal Zhukov, pelo estado-maior supremo do Exército Vermelho; o general de Lattre de Tassigny, comandante-chefe do 1º Exército da França; e o general Carl Spaatz, comandante da força aérea dos Estados Unidos.

Enquanto Hitler assistia à iminente destruição de Berlim, Churchill, em Londres, via, com angústia, Stalin impor um controlo absoluto sobre a Polónia. “Sinto-me muito descontente”, telegrafou Churchill a Stalin, em 29 de abril, “com os desentendimentos que crescem entre nós a propósito do acordo da Crimeia relativo à Polónia”. A Grã-Bretanha e os Estados Unidos haviam decidido permitir que o governo de Lublin se transformasse no “novo” governo polaco, assente numa ampla base democrática e incluindo dirigentes presentes na Polónia e cidadãos que se encontravam fora do país. Com esse fim, formara-se uma comissão em Moscovo, “para escolher os polacos participantes nas negociações”.

Os britânicos e os americanos haviam excluído as personalidades consideradas “muito hostis à Rússia”. Assim, não incluíram “quaisquer membros do governo exilado” e designaram “três homens sérios”, que se opuseram ao governo em Londres “porque não lhes agradava a sua atitude em relação à Rússia e, em especial, a sua recusa a reconhecer a fronteira oriental”, a linha Curzon. Churchill, entrando em detalhes disse: "linha aceite por você e por mim, há tanto tempo, tendo sido eu o primeiro homem, fora do governo soviético, a declará-la, perante o mundo, como justa, junto com as compensações a fornecer à Polónia a ocidente e a norte." Mas nenhum dos três homens, indicados pelos britânicos e americanos, foram tidos em conta por Moscovo, nem o plano de Yalta relativo à instalação de um regime baseado “no sufrágio secreto e universal”, em que poderiam participar nas eleições todos os partidos democráticos e antinazis. O governo soviético assinara um tratado por vinte anos com a anterior comissão de Lublin, a que Stalin chamou “o novo governo da Polónia”.

Depois de referir-se à predominância de comunistas no governo jugoslavo, com quem Stalin também assinara um tratado, Churchill prevenia o dirigente soviético através de um telegrama:
Não é muito consolador antever um tempo em que vocês, os países aos quais dominam e os partidos comunistas de alguns outros países estarão num lado enquanto aqueles que se juntarem às nações de língua inglesa e aos seus parceiros ou domínios estarão do outro lado. É bastante evidente que as dissensões entre uns e outros dividirão o mundo e que todos nós, responsáveis por um ou pelo outro campo, implicados a situação, ficaremos cobertos de vergonha aos olhos da história.

 Esse telegrama para Stalin acrescentava ainda:

Dar início a um longo período de suspeitas, abusos e contra-abusos e conflitos políticos será um desastre que colocará em risco os progressos da prosperidade mundial em benefício das massas, que apenas nós, os três, poderemos garantir. Espero que não haja palavra ou afirmação neste desabafo que, contra minha vontade, faça-o sentir-se ofendido. Se assim for, peço-lhe que me previna, mas peço-lhe encarecidamente, meu amigo Stalin, que não subestime as divergências acerca de questões que poderá pensar serem de pouca importância para nós, mas que simbolizam o modo como as democracias de língua inglesa veem o mundo.

Temos a impressão de que somos nós as vítimas de uma ditadura e de esbarrarmos numa parede de pedra acerca dessas questões que julgávamos sinceramente resolvidas, num espírito de confiança e solidariedade, desde a Crimeia. 


Na manhã de 30 de abril, tropas americanas entraram em Munique; na Itália, os americanos chegavam a Turim. No mesmo dia, o general Eisenhower informou o representante do estado-maior soviético, general Antonov, de que as forças americanas não avançariam, na Áustria, além “da região em torno de Linz” e do rio Enns. Na Ístria, forças britânicas e americanas precipitavam-se para entrar em Fiume, Pola e Trieste antes que Tito o fizesse. Churchill, irritado pela promessa de Eisenhower a Antonov e receoso quanto a um avanço comunista para ocidente, em direção ao Adriático, telegrafou a Truman em 30 de abril:
Não há dúvida de que a libertação de Praga e da maior área possível de territórios ocidentais da Checoslováquia por nossas forças será decisiva para a situação do país no pós-guerra, podendo também influenciar a evolução dos países vizinhos. Por outro lado, se os aliados ocidentais não desempenharem um papel importante na libertação da Checoslováquia, o país seguirá pelo mesmo caminho que a Jugoslávia.
Para a grande deceção de Churchill, Truman respondeu que os movimentos de tropas eram decididos pelos militares, e, ignorando o pedido britânico para que Praga fosse libertada pelos americanos, o general Marshall disse a Eisenhower: “Pessoalmente, e esquecendo os aspetos logísticos, táticos e estratégicos, sou contra que vidas americanas sejam arriscadas em nome de objetivos meramente políticos.”

Praga ficou para história libertada pelo Exército Vermelho. A Ístria, libertada por guerrilheiros de Tito. Churchill nada pôde fazer para impedir que assim fosse. Ainda em 30 de abril, às 14h30, um homem do Exército Vermelho, sargento Kantariya, hasteava a bandeira vermelha no segundo piso do Reichstag


Ainda havia soldados alemães no andar superior. A menos de 2 Km dali, Hitler estava em seu bunker, onde perdera todas as esperanças numa eventual contraofensiva. Às 15h30, ao fim do almoço, pediu aos companheiros – Goebbels, Bormann e outros colaboradores pessoais – que saíssem para o corredor. Enquanto o esperavam, os companheiros de Hitler ouviram um tiro. Hitler disparara dentro da própria boca.

Depois de alguns instantes, Goebbels, Bormann e os outros entraram nos aposentos de Hitler. O Führer estava morto. Eva Braun também estava morta, após envenenar-se. Com um único tiro, o Reich de mil anos chegava ignominiosamente ao fim, doze anos após ser triunfantemente proclamado. Haviam sido anos de sangue e de guerra numa escala que desafia a imaginação. Enquanto os projéteis da artilharia soviética caíam em torno da chancelaria, os corpos de Hitler e Eva Braun eram transportados para o pátio, regados com petróleo e queimados. Às 22h50, a bandeira vermelha era colocada no topo do Reichstag.




Em 22 de novembro de 2011 Moscovo vinha de novo reiterar a autenticidade do fragmento de crânio em sua posse ser de Adolfo Hitler. O funcionário explicou que as autoridades russas permitiram que um especialista americano examinasse o crânio de Hitler. A maior parte da ossada do ditador, com exceção de um pedaço do crânio e da mandíbula foi incinerada por ordem dos dirigentes soviéticos.


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