Durante séculos a Palestina fez parte dos domínios do Império Otomano. Mas nesse contexto geopolítico não havia ainda uma identidade distinta de palestinianos. O habitat era um mosaico formado por uma mistura de árabes muçulmanos, cristãos e judeus que se viam sobretudo como súbditos otomanos. A partir das últimas décadas do século XIX, começam as primeiras vagas de imigração judaica (Aliyot) vindas da Europa. Compravam terras (legalmente) de grandes proprietários otomanos ausentes e instalavam colónias agrícolas.
Os árabes locais, muitos deles camponeses expulsos ou desapossados, começaram a sentir-se ameaçados. Até que veio a Primeira Guerra Mundial e começou a disputa de promessas. Os britânicos, que derrotaram os turcos otomanos, fizeram promessas contraditórias: aos árabes, prometeram independência se ajudassem na guerra contra os turcos; aos judeus, prometeram uma “casa nacional” na Palestina. Foi a Declaração Balfour, em 1917. Resultado: conflito inevitável, porque duas comunidades começaram a pensar-se como nações rivais, sobre o mesmo território.
É no período do Mandato Britânico (1920-1948) que surge verdadeiramente uma identidade palestiniana clara. Foi uma resposta direta ao sionismo e à imigração judaica em massa. Líderes como Haj Amin al-Husseini (o mufti de Jerusalém) começaram a falar não só em defesa do Islão ou dos árabes em geral, mas da Palestina como pátria. De modo que a colisão de 1947-1948 tornou-se inevitável. A ONU propôs a partilha da Palestina em dois Estados: um Estado Judaico e um Estado Árabe. Os judeus aceitaram (embora a contragosto, porque queriam mais território). Os árabes recusaram (porque viam a partilha como uma injustiça, dado que eram a maioria populacional na altura). Quando Israel declarou independência em 1948, deu-se a Nakba (“catástrofe”): mais de 700 mil palestinianos fugiram ou foram expulsos. E desde essa altura que se criou o problema dos refugiados palestinos, que ainda hoje perdura e continua um quebra-cabeças demográfico para os países da região.
É no período do Mandato Britânico (1920-1948) que surge verdadeiramente uma identidade palestiniana clara. Foi uma resposta direta ao sionismo e à imigração judaica em massa. Líderes como Haj Amin al-Husseini (o mufti de Jerusalém) começaram a falar não só em defesa do Islão ou dos árabes em geral, mas da Palestina como pátria. De modo que a colisão de 1947-1948 tornou-se inevitável. A ONU propôs a partilha da Palestina em dois Estados: um Estado Judaico e um Estado Árabe. Os judeus aceitaram (embora a contragosto, porque queriam mais território). Os árabes recusaram (porque viam a partilha como uma injustiça, dado que eram a maioria populacional na altura). Quando Israel declarou independência em 1948, deu-se a Nakba (“catástrofe”): mais de 700 mil palestinianos fugiram ou foram expulsos. E desde essa altura que se criou o problema dos refugiados palestinos, que ainda hoje perdura e continua um quebra-cabeças demográfico para os países da região.
A média atual de filhos por mulher (ou "taxa total de fecundidade") na Faixa de Gaza está em torno de 3,4 nascimentos por mulher, com base em dados recentes (2023). Em 1991, a taxa era extremamente alta — 8,3 filhos por mulher, sendo uma das maiores globalmente. Em 2013, já havia caído para 4,4. Em 2023, os dados do Palestinian Central Bureau of Statistics (PCBS) apontam uma taxa de 3,4 filhos por mulher especificamente na Faixa de Gaza.A média de 3,3–3,4 filhos por mulher já é bastante alta em termos globais — sobretudo se compararmos com a Europa (1,3–1,6) ou Israel (cerca de 3,0, a mais alta do mundo desenvolvido). Mas a média esconde a dispersão. Em Gaza, por fatores culturais, religiosos, sociais e até de sobrevivência, ainda é relativamente comum famílias numerosas, com 8, 10 ou mais filhos. Isso puxa a média para cima, embora nem todas as mulheres tenham tantos. Do ponto de vista israelita, quando olham para o crescimento demográfico palestiniano, a matemática assusta: Israel tem hoje ~9,8 milhões de habitantes. A população palestiniana (Cisjordânia + Gaza) ronda ~5,3 milhões. Mas a taxa de crescimento em Gaza é muito maior: cada geração substitui-se com grande acréscimo, enquanto em Israel a natalidade, embora alta, é mais estável. Isso alimenta o chamado “medo demográfico”, muito discutido em Israel: a ideia de que, mesmo sem guerra, os palestinianos podem vir a ser maioria entre o rio Jordão e o Mediterrâneo, só pelo número de nascimentos.
Os judeus dizem: “Depois de dois mil anos de perseguições, finalmente voltámos à nossa terra ancestral.” Os palestinianos dizem: “Mas nós já vivíamos cá há séculos, e agora fomos transformados em refugiados.” Ambos os lados têm uma narrativa nacional legítima, mas mutuamente exclusiva. O sionismo é a aplicação do modelo europeu de nacionalismo ao povo judeu. O nacionalismo palestiniano nasceu como resposta a esse processo. O conflito israelo-palestiniano é, na sua raiz, um choque de dois nacionalismos modernos sobre o mesmo território, com memórias históricas e religiosas a amplificarem tudo.
No dia seguinte à declaração de independência, cinco exércitos árabes invadem o território ocupado pelos judeus. Território esse que os judeus selaram como Estado de Israel independente do Mandato Britânico com a Declaração de independência proclamada às 16 horas do dia 14 de maio de 1948 no edifício que hoje abriga o Museu da Independência, em Telavive. Entretanto Israel sobrevive à guerra com os cinco exércitos árabes e até aumenta território face ao plano da ONU. E daqui resultou um êxodo maciço de palestinianos traduzido em mais de 700 mil refugiados e que ficou conhecido por Nakba. Para os israelitas, o nascimento de um Estado. Para os palestinianos, o início de um trauma coletivo.
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