terça-feira, 31 de maio de 2022

O caso de Hanna Reitsch. Há gente para tudo



Hanna Reitsch (29 de março de 1912 - 24 de agosto de 1979) - foi uma aviadora alemã que testou muitas das novas aeronaves alemãs durante a II Guerra Mundial. Foi uma das últimas pessoas a encontrar Adolf Hitler vivo no Führerbunker no final de abril de 1945.

Na Alemanha, à medida que se incorporava a ideia de a guerra estar em vias de ser perdida, surgiam ideias estranhas. Em 28 de fevereiro, Hanna Reitsch visitou Hitler em Berchtesgaden, para receber a cruz de Guerra de Primeira Classe. Então, para surpresa de Hitler, Hanna sugeriu-lhe que criasse um “grupo de pilotos suicidas”, que conduziria aviões destinados a explodir sobre o inimigo. O primeiro instinto de Hitler, lembraria Hanna Reitsch, foi rejeitar “completamente” a ideia; em seguida, porém, aprovou o pedido de sua interlocutora, propondo-se a investigar que avião bomba seria mais adequado e eficaz para tal efeito. Pouco depois, quando se formou um primeiro grupo suicida, Hanna Reitsch estava entre os primeiros que assinariam a seguinte declaração: “Solicito, por livre vontade, minha integração ao grupo suicida na qualidade de piloto de uma bomba humana. Estou perfeitamente consciente de que minha participação no grupo terá como resultado a minha morte.”




Hanna Reitsch estabeleceu mais de 40 recordes de altitude de voo e recordes de resistência das mulheres em planadores e voos sem energia, antes e depois da II Guerra Mundial. Na década de 1960, ela foi patrocinada pelo Ministério das Relações Exteriores da Alemanha Ocidental como consultora técnica em Gana e em outros lugares. Fundou uma escola de planadores em Gana, onde trabalhou para Kwame Nkrumah.

Hanna Reitsch era filha de um oftalmologista, e estava a estudar na Faculdade de Medicina quando em 1932 decidiu fazer testes para piloto. Na década de 1930 destacou-se por bater diversos recordes, entre eles o de ser a primeira mulher a cruzar os Alpes num planador. Muitos destes recordes duram até hoje. Em 1934 esteve no Brasil com pilotos alemães (era a única mulher no grupo), participando de competições e exibições aéreas. A 17 de fevereiro de 1934 Hanna Reitsch realizou um voo de planador de 2200 metros sobre a cidade do Rio e janeiro, estabelecendo o recorde mundial feminino de altitude.

Hanna Reitsch esteve em Portugal, Estados Unidos, Finlândia e numa expedição à Líbia em 1939 com o professor Walter Georgii, o seu mentor no desenvolvimento do voo desportivo de planadores com os seus conhecimentos de meteorologia. Na II Guerra Mundial foi ferida três vezes, acidentando-se em voos. Ficou famosa no mundo inteiro quando conseguiu no dia 25 de abril de 1945, nos últimos dias da guerra, quando tudo já estava perdido para os militares alemães, e já não existiam aeronaves regulares na Alemanha, pousar em Berlim, apesar do cerco efetuado pelos soviéticos. Ela conseguiu a façanha com um Fieseler "Storch" (Cegonha, considerada a primeira aeronave no conceito STOL), apesar dos milhares de canhões dos russos, que atiravam nela. Já que todos os aeroportos estavam nas mãos dos russos, ela aterrou na avenida em frente das Portas de Brandemburgo, no centro de Berlim, e a foto sensacional foi publicada no mundo inteiro. Hanna Reitsch faleceu de ataque cardíaco em 24 de agosto de 1979, aos 67 anos de idade, em Frankfurt.

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