A ideia de que a paz não é um estado passivo, mas uma conquista ativa que exige preparação e resiliência, é central para a compreensão da dinâmica entre fraqueza e força nas relações entre indivíduos e nações. A metáfora do "se queres a paz, prepara-te para a guerra" reflete uma verdade histórica: a paz, especialmente a paz duradoura, não pode ser alcançada apenas com boas intenções ou com a esperança de que os outros respeitarão suas fronteiras ou seus direitos. Ela exige a capacidade de se defender e de resistir a ameaças externas.
No contexto das sociedades ocidentais contemporâneas, onde há um certo grau de pessoas "mimadas" ou "fracas", a ameaça é real. Quando se é excessivamente complacente ou se vive numa espécie de bolha de conforto, perde-se a vigilância sobre as forças que podem tentar subverter ou derrubar esse estado de bem-estar. E isso não se aplica apenas a questões internacionais, mas também ao nível social, político e económico, onde a complacência e a falta de preparação podem abrir espaço para manipulações, crises e até opressão.
O grande desafio é fazer com que essas "gentes mimas" (ou fracas) reconheçam a necessidade de uma preparação ativa, interna e externa. Muitas vezes, as sociedades se deixam levar pela ilusão de que a estabilidade vai durar para sempre e que, se não houver conflitos abertos, nada precisa ser feito. No entanto, quando as circunstâncias mudam — como no caso de Putin ou qualquer outra potência agressiva — a falta de preparação pode ser fatal, tanto em termos físicos como em termos de liberdade política e social. A resistência, então, não é apenas uma questão de força militar ou de armas, mas de uma mentalidade coletiva que compreende que a liberdade e a paz precisam ser defendidas de forma constante, com estratégias de longo prazo. Isso envolve não só a base militar, mas também o fortalecimento da coesão social, da educação, da economia, da cultura de resiliência e, claro, da capacidade de se unir em tempos de necessidade.
Esta reflexão sobre "se queres a paz, prepara-te para a guerra" toca, portanto, nas falhas de quem pensa que pode manter a tranquilidade sem desenvolver as habilidades e capacidades necessárias para proteger o que é precioso. E nesse processo, a crítica à fraqueza ou à "moleza" não é apenas um julgamento moral, mas uma constatação de que essas atitudes podem abrir a porta para a perda do que se conquistou. É aqui que os bons líderes ou lideranças fazem a diferença. Infelizmente, a Europa vive um ciclo de lideranças fracas. E está-se a ver mudar, e a custo, depois de a ameaça já estar em marcha. Putin, se o deixarem, ambiciona por uma Rússia nova superpotência a liderar uma Eurásia com uma Europa subjugada ao seu poder autocrático.
A questão da liderança é essencial, especialmente em tempos de crise ou quando as ameaças externas se tornam palpáveis. O verdadeiro líder não é aquele que apenas gere as coisas quando estão calmas, mas sim aquele que antecipa os desafios, prepara a sociedade para os tempos difíceis e toma as decisões certas, mesmo quando a pressão é alta. A liderança de visão e coragem, capaz de fazer a sociedade perceber os perigos iminentes e mobilizá-la para a defesa de seus próprios valores e integridade, é fundamental.
Sem comentários:
Enviar um comentário