segunda-feira, 29 de abril de 2024

São Jorge da Mina. Quão melhor é morrer com honra do que viver na infâmia?



Elmina é uma cidade que se localiza no Gana, no Golfo da Guiné, que remonta ao estabelecimento de uma feitoria portuguesa em 1482, sob a invocação de São Jorge (São Jorge da Mina), com o intuito de controlar e defender o comércio do ouro e a navegação dos portugueses na região. Foi o primeiro entreposto comercial construído no Golfo da Guiné, e o mais antigo edifício europeu existente ao sul do Saara. Inicialmente estabelecido como um assentamento comercial, o castelo mais tarde tornou-se uma das paragens mais importantes na rota do tráfico atlântico de escravos. Os holandeses tomaram o forte dos portugueses em 1637, após uma tentativa frustrada em 1596, e tomaram toda a Costa do Ouro portuguesa em 1642. O tráfico de escravos continuou sob os holandeses até 1814. Em 1872, a Costa do Ouro holandesa, incluindo o forte, tornou-se uma posse do Reino Unido.




A Costa do Ouro ganhou a sua independência como Gana em 1957 do Reino Unido e agora controla o castelo. O Castelo de Elmina é um local histórico, e foi um importante local de filmagem para o filme de drama de Werner Herzog de 1987, Cobra Verde. O castelo é reconhecido pela UNESCO como Património da Humanidade, juntamente com outros castelos e fortes no Gana, por causa de seu testemunho do tráfico atlântico de escravos.

Desde o início, as autoridades portuguesas determinaram que São Jorge da Mina não se dedicaria diretamente ao tráfico negreiro, pois não desejavam interromper as rotas de garimpo e comércio de ouro de seu interior com as guerras necessárias para capturar pessoas livres e escravizá-las. Em vez disso, os portugueses negociavam cativos com vários estados/tribos, nomeadamente os da Costa dos Escravos (Benim) e São Tomé. Desta forma, São Jorge da Mina servia de entreposto de transbordo.

No século XVII, a maior parte do comércio na África Ocidental concentrou-se na venda de escravos. São Jorge da Mina desempenhou um papel significativo no tráfico de escravos da África Ocidental. O castelo funcionava como um depósito onde o africano escravizado era trazido de diferentes reinos da África Ocidental. Os africanos, muitas vezes capturados no interior africano pelos apanhadores de escravos dos povos costeiros, eram vendidos a portugueses e, mais tarde, a comerciantes holandeses em troca de mercadorias como têxteis e cavalos.




São Jorge da Mina chegou a ser o primeiro entreposto português de comércio de Escravos. Nessa altura esta região era controlada pelo povo Denkyira. Diogo Cão entrou pelo rio Congo e soube do poderoso reino. Escoltado até à capital Mbanza, aí negociou com o manikongo Nzinga, que viu os portugueses como aliados úteis. 

A espiritualidade baconga acolheu bem os padres, e o estilo português. Foram construídas escolas para estudos bíblicos, palácios à moda de Lisboa, e igrejas de pedra. Enquanto os portugueses cunhavam ouro na Guiné, Isabel e Fernando, ao mesmo tempo que despachavam Colombo, e pediam a Torquemada para elaborar uma ordem de expulsão para todos os judeus.

Só depois de termos lido outros historiadores indianos e árabes é que ficámos com uma ideia mais aproximada do que foi o império gabarolas dos portugueses na zona do indo e do pacífico. Era superficial e mal distribuído. É não fazer ideia do verdadeiro poder local. Apenas algumas cidades foram conquistadas. O sul da Índia era dominado pelo invencível rei guerreiro Krishnadevaraya do Império hindu Vijaianagara. Já para não falar dos senhores do Iémen e dos Ming da China. Os portugueses eram um misto de comerciantes piratas.

Denkyira ou Denquiera foi uma poderosa nação do povo Akan que existia, antes de ser contactado pelos portugueses, no que hoje é o atual Gana. Como todos os Akans, eles eram originários de um reino chamado Bono. Antes de 1620, Denkyira era referenciado por Agona. O governante do Denkyira - Denkyirahene - e a capital - Jukwaa. O primeiro Denkyirahene foi Mumunumfi. Os Ashanti foram súbditos e tributários do Reino de Denkyira até 1701, quando com a ajuda de Okomfo Anokye, os Ashanti derrotaram Denkyira na Batalha de Feyiase. Denkyira passou a ser tributário do Império Ashanti. Este era liderado por Ntim Gyakari. 



Portanto, os Denquiera eram uma das maiores subdivisões do povo Akan que habitavam na fronteira entre as regiões Central e Ocidental do Gana. Formaram um reino que até 1701 foi dominante entre os Akan. Osei Tutu I dos Ashanti foi o líder dos Denquiera que se rebelaram em 1711 contra o Império Ashanti. Mas foram derrotados, não tendo conseguido recuperar a sua antiga posição.

Eram um povo que fazia parte do ramo de língua do Congo do Níger. Acredita-se que Denkyira se originou de Bonoman um reino comercial criado pelo Povo Brong. Assim, o Bonoman era um reino Akan que existiu onde é hoje Brong Ahafo. Diz-se que o povo Akan migrou para ir em busca de ouro. Bonoman, no início do século XII, era considerado o centro do comércio de ouro. De acordo com a história oral, os antepassados dos Denkyira fundaram o Denkyira Superior e Inferior na Região Central de Gana. Originalmente viviam em áreas de Mande na região do rio Volta, ao sul da Curva do Níger e migraram para o oeste cruzando o Volta.




Uma volta pelo rio Volta

Musa I do Mali, também conhecido como Mansa Musa, um rei do Império Mali do século XIV, cruzou-se com um marroquino astuto chamado Ibn Batuta, aquando de uma peregrinação a Meca. Tendo passando um ano no Cairo, Musa e os seus seguidores compraram todo o tipo de coisas, como se o dinheiro fosse inesgotável. E os egípcios sistematicamente intrujavam os malianos. Musa gastou tais quantias de ouro que o mercado de ouro entrou em colapso. Depois do Hajj, Musa teve de pedir emprestado para manter o seu estilo de vida a caminho de casa. A maioria dos seus escravos morreu durante a viagem. Substituiu-os, então, por escravos turcos eslavos e etíopes. Ibn Batuta já vinha de uma incrível viagem, que o havia levado a conhecer o khan da Horda Dourada que servia um sultão psicopata de Deli. Inclusivamente, cruzara-se com amigos marroquinos que deambulavam pela China mongol.



Mansa Musa

Mansa Musa (±1312-1337) foi o nono mansa (rei) do Reino do Mali. Este rei, por esta época de eruditos mais ou menos historiadores que se aventuravam em viagens para dar conta da Geografia, era notícia considerada credível que Mansa Musa  era o homem mais rico do mundo. Musa ou Moussa, governava o Estado Islâmico do Mali, que na época era tão grande quanto a Europa Ocidental moderna. Sua fortuna era devida, para além do comércio de sal e ouro, também era devida ao comércio de escravos, dada a sua localização favorável à volta do rio Níger a partir do qual se faziam ligações às rotas do Saara. Daqui se partia para o Magrebe e para o Egito em particular.

Tombuctu desenvolveu-se em seu tempo como um centro de estudos do Islã. Grandes mesquitas foram construídas, bibliotecas desenvolvidas e a Universidade de Sankoré estabelecida. Sabe-se por manuscritos locais e relatos de viajantes que a riqueza de Mansa Musa veio principalmente do Império Mali, que controlava e tributava o comércio do sal das regiões do norte e, especialmente do ouro que era garimpado e extraído nas regiões ricas em ouro do sul: Bambuk, Wangara, Bure, Galam, Taghaza e outros reinos semelhantes ao longo de muitos séculos. Durante um longo período de tempo, o Mali criou uma enorme reserva de ouro. É por isso evidente que o Mali também tenha estado envolvido no comércio de muitos bens, como marfim, escravos, especiarias, seda e cerâmica. Na época da ascensão de Musa ao trono, o Mali consistia em grande parte do território do antigo Império Gana, que o Mali havia conquistado. O Império Mali consistia em terras que hoje fazem parte da Guiné, Senegal, Mauritânia, Gâmbia, Gana e naturalmente do que representa hoje o Estado moderno do Mali.

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