terça-feira, 23 de abril de 2024

A Europa nos tempos de Solimão, o Magnífico


Solimão, o Magnífico, invadiu a Áustria em 1529. Foi durante a Campanha de Viena em 1529 que Solimão liderou um exército otomano numa tentativa de capturar a capital austríaca, Viena. No entanto, a campanha terminou num impasse e os otomanos acabaram por se retirar. Esta invasão faz parte de um período de conflito entre o Império Otomano e o Sacro Império Romano Germânico pela supremacia na Europa Central e Oriental.

Carlos V se beneficiou enormemente do ouro e da prata extraídos das Américas, contribuindo para o aumento da riqueza da coroa espanhola e para a expansão do poder espanhol na Europa e em outras partes do mundo. O influxo de metais preciosos das Américas teve um impacto significativo na economia global e no desenvolvimento da Europa na época. Carlos V, rei da Espanha e imperador do Sacro Império Romano Germânico, recebeu uma grande quantidade de ouro dos incas durante o período da conquista espanhola no Peru. O ouro era uma das principais riquezas do Império Inca, e os espanhóis, liderados por Francisco Pizarro, conquistaram vastas quantidades desse metal precioso após a queda de Cusco e do Império Inca em 1533.

A batalha entre as galés de Barba Ruiva e a frota de Andrea Doria, ao serviço do imperador Carlos V, ocorreu em 1538. Barba Ruiva, era o famoso corsário otomano que liderou uma poderosa frota de galés em nome do sultão otomano Solimão, o MagníficoAndrea Doria, por outro lado, era um almirante genovês que servia ao imperador Carlos V do Sacro Império Romano Germânico e que comandava uma frota combinada de navios cristãos.

A batalha entre essas duas poderosas forças navais ocorreu no estreito de Preveza, na costa oeste da Grécia. Após um confronto intenso, as galés de Barba Ruiva conseguiram uma vitória decisiva sobre a frota de Doria. Isso solidificou ainda mais a posição otomana no Mediterrâneo Oriental e enfraqueceu a influência de Carlos V na região. A batalha de Preveza é considerada uma das principais batalhas navais entre o Império Otomano e os estados cristãos durante o século XVI.

Em 1538, a cidade de Adém, localizada no atual Iémen, foi tomada aos portugueses pelas forças otomanas lideradas por Hadim Suleiman Paxá. Essa conquista foi parte dos esforços otomanos para expandir a sua influência no Oceano Índico e no Golfo de Áden, desafiando o controlo português na região. A captura de Adém foi um golpe significativo para os portugueses, que tinham estabelecido uma presença considerável na região.

Francisco I de França e Solimão, por Ticiano

Ibrahim Pasha era o grão-vizir do Império Otomano durante o reinado de Solimão, o Magnífico. Ele era um confidente próximo e conselheiro de Solimão, exercendo considerável influência política. No entanto, Ibrahim Pasha foi executado por ordem de Solimão em 1536 devido a intrigas políticas e à suspeita de conspiração.

A frota de Solimão no Oceano Índico em 1538 foi uma grande expedição naval otomana liderada pelo almirante otomano Piri Reis. A frota foi enviada pelo sultão otomano Solimão, o Magnífico, com o objetivo de expandir o domínio otomano no Oceano Índico e no sudeste da Ásia, competindo com os portugueses pela supremacia naval e comercial na região. Esta expedição foi uma das muitas iniciativas otomanas para desafiar o domínio europeu nas rotas comerciais marítimas.

Os Janízaros durante o reinado de Solimão, o Magnífico, no Império Otomano, eram uma tropa de elite composta por soldados cristãos convertidos ao Islão. Mustafá, um filho de Solimão, inicialmente foi nomeado herdeiro do trono. Mas depois foi acusado de traição e executado sob as ordens de seu pai. Os Janízaros tinham uma grande influência política e militar durante esse período, e o seu apoio ou desaprovação muitas vezes moldava o curso dos eventos no império.

Doña Gracia Nasi, também conhecida como Gracia Mendes Nasi ou Beatriz de Luna, era uma personagem muito influente nesta altura. De origem judaica sefardita, tornou-se uma grande
 empresária e filantropa. Destacou-se pelas suas influências financeiras, e por ajudar a comunidade judaica sefardita durante um período de perseguição religiosa na Europa. No entanto, não há registos históricos que sugiram que ela tenha fundado uma casa bancária. Ela é mais conhecida por suas atividades comerciais, que incluíam comércio de especiarias e ações financeiras em várias partes da Europa.

Havia uma outra família judaica de nome Mendes que também teve uma presença muito significativa em Antuérpia. E parece que Doña Gracia Nasi fazia parte desta família. Os Mendes de Antuérpia também eram conhecidos por suas atividades comerciais, especialmente no comércio de especiarias e empréstimos financeiros. Uma parte significativa da comunidade judaica na Antuérpia provinha de uma comunidade sefardita mais ampla vinda da Península Ibérica, principalmente de Portugal depois da grande expulsão decretada pelos Reis Católicos - Isabel de Castela e Fernando de Aragão. 

Antuérpia foi uma das cidades dos Países Baixos onde os sefarditas encontraram refúgio. Os Países Baixos, nessa altura, era uma das poucas regiões da Europa onde não havia perseguição aos judeus. Por outro lado, os neerlandeses foram inteligentes, pois a influência e a prosperidade dos judeus era inestimável. Assim, os Mendes em Antuérpia contribuíram significativamente para a economia e cultura da cidade naquela época.

 
Os Mendes tiveram uma presença notável em Portugal. Durante o período da Inquisição, muitos judeus sefarditas, incluindo os Mendes, foram forçados a converter-se ao catolicismo ou enfrentar perseguição e expulsão. Alguns membros da família Mendes conseguiram manter as suas práticas judaicas em segredo, enquanto outros optaram por emigrar para outros países onde poderiam praticar livremente sua religião. No entanto, mesmo após a Inquisição, alguns descendentes dos Mendes permaneceram em Portugal e contribuíram para vários setores da sociedade portuguesa.

Muitos judeus sefarditas que fugiram da perseguição em Portugal durante a Inquisição encontraram refúgio em Antuérpia. A cidade era um importante centro comercial e oferecia oportunidades económicas e liberdade religiosa relativa aos judeus naquela época. Muitas famílias judaicas, incluindo os Mendes, estabeleceram-se em Antuérpia, onde continuaram as atividades comerciais e contribuíram para a prosperidade económica da cidade. Assim, é plausível que alguns membros da família Mendes que fugiram de Portugal se tenham estabelecido em Antuérpia.

Ora, um tal Francisco Mendes chegou a ser o segundo marido de Gracia Nasi. Antes de se estabelecerem em Antuérpia haviam passado primeiro por Veneza. Em Antuérpia eles continuaram as suas atividades comerciais e também foram ativos na comunidade judaica local. Mas depois, o que consta, é que após a morte de Francisco Mendes, Gracia Nasi e um filho, Joseph Nasi, mudaram-se para Istambul, onde foram acolhidos pelo sultão otomano Solimão, o Magnífico. Em Istambul, Gracia Nasi e Joseph Nasi desempenharam papéis importantes na corte otomana e contribuíram para o bem-estar da comunidade judaica na cidade.


Sem comentários:

Enviar um comentário