terça-feira, 9 de abril de 2024

Abderramão II de Córdoba e Zubaida, a das Mil e Uma Noites




Estátua de Abderramão II em Múrcia 

Abderramão II de Córdoba foi o oitavo emir Omíada de Córdoba, reinando de 822 a 852. Durante o seu reinado, o Califado de Córdoba alcançou uma era de grande prosperidade cultural, científica e económica no Al-Andalus.

O Emir de Córdoba em 822 já era independente do Grande Califado. Em sua juventude, tomou parte do chamado "massacre da vala", quando vieram prestar homenagem aos príncipes mortos por ordem de seu pai. Ao ascender ao trono, continuou as campanhas militares e esteve em estado permanente de guerra contra Afonso II das Astúrias. O Califado de Córdoba conseguiu travar o avanço dos cristãos, que se tinham acantonado a Norte, em direção ao sul, pelo menos até 842.

Em 837 Abderramão havia esmagado uma revolta dos chamados "povos do livro" em Toledo. Ele emitiu um decreto proibindo os cristãos de buscar o martírio, que foi concretizado ao forçar a realização de um sínodo na cidade de Córdoba, em 839. O encontro foi presidido por Recafredo, arcebispo de Sevilha. As execuções iniciadas em seu reinado culminariam na canonização dos Mártires de Córdoba.

Em 844, Abderramão repeliu um ataque montado pelos vikings que haviam desembarcado em Cádis. Os vikings chegaram a conquistar Sevilha, e atacaram a própria capital do emirado, Córdoba. Para evitar novas incursões, construiu uma frota e um arsenal naval em Sevilha. Também respondeu ao chamamento de Guilherme de Septimânia que lhe pediu ajuda na sua luta contra as nomeações de Carlos, o Calvo.

Abderramão II foi um poeta muito talentoso, e elegante, a quem são atribuídos os Anais da Espanha. Fomentou as artes, as ciências e a agricultura, tendo dotado a capital de águas, banhos públicos, escolas e excelentes vias, embelezando-a com os formosos monumentos.




Zubaidah bint Ja'far ibn al-Mansur, e Harun al-Rashid, de Bagdade, fazem parte das bases de “As Mil e Uma Noites”. Zubaida, um ano mais nova que Harun, apenas se sabe da data do seu falecimento: 7 de julho de 831. Era neta do califa al-Mansur. Diz-se que o palácio de Zubaida "soava como uma colmeia" porque ela empregava cem empregadas que haviam memorizado o Alcorão.

Em sua quinta peregrinação a Meca, ela viu que uma seca havia devastado a população e reduzido o Poço Zamzam a um fio de água. Assim ordenou que o poço fosse aprofundado, tendo gastado mais de 2 milhões de dinares melhorando o abastecimento de água de Meca e da província circundante. Isso incluiu a construção de um aqueduto a partir da nascente de Hunayn, 95 Km a leste, bem como a famosa "Primavera de Zubaida" na planície de Arafat, um dos locais rituais do Hajj. Quando seus engenheiros a alertaram sobre a despesa, atendendo às dificuldades técnicas, ela respondeu que estava determinada a realizar o trabalho mesmo que cada golpe de picareta custasse um dinar.

Zubaida também melhorou a rota peregrina através de 900 Km de deserto entre Kufa e Meca. A estrada foi pavimentada e desobstruída de pedregulhos. E mandou colocar depósitos de água ao longo do percurso. As caixas de água também serviam de cisterna, captando o excedente de água da chuva das das periódicas tempestades que ocasionalmente afogavam quase tudo. Ibn Batuta, referindo-se a Zubaidah: "cada reservatório, piscina ou poço nesta estrada que vai de Meca a Bagdade é devido à sua generosidade". Essa estrada não seria utilizável por ninguém se Zubaida não se tivesse empenhado na execução de tais benfeitorias. Ele menciona especificamente os reservatórios de água em Birkat al-Marjum e al-Qarurah.

Zubaida contratou uma equipa de assistentes para administrar as propriedades e atuar em seu nome em inúmeros empreendimentos comerciais, independentes de Harun. Sua casa particular também era administrada de maneira luxuosa. Suas refeições eram apresentadas em pratos de ouro e prata em vez da simples bandeja de couro comumente usada na época, e introduziu a tendência da moda de usar sandálias costuradas com pedras preciosas. Também se fazia circular num palanquim feito de prata, ébano e forrado a seda.

Construiu um palácio com um grande salão de banquetes acarpetado e apoiado por pilares feitos de marfim e ouro. Versos do Alcorão foram gravados nas paredes em letras douradas. O palácio foi cercado por um jardim cheio de animais e pássaros incomuns. Ela tinha um macaco de estimação vestido como soldado de cavalaria e contratou 30 servos para atender às necessidades do macaco. Os visitantes de Zubaida, incluindo generais de alto escalão, foram obrigados a beijar a mão do macaco. Além disso, uma série de escravas seguiam por onde ela passava, e cada uma fazia recitações do Alcorão de cor. Reconstruiu Tabriz depois de ter sido devastada por um terramoto, em 791.

Seu marido, Harun al-Rashid morreu em março de 809 enquanto estava em Tus. Sucedeu-lhe o filho Muhammad al-Amin que continuou as políticas progressistas encetadas pelo pai. Os dois primeiros anos de seu reinado foram geralmente pacíficos, no entanto, al-Amin tentou remover o meio-irmão da herança, o que desembocou numa guerra civil. Ganharam os partidários de al-Ma'mun, em 813, o qual ocupou o lugar. 

A Bagdade dos abássidas, especialmente durante o período áureo, era conhecida por sua riqueza cultural e intelectual, e o sexo fazia parte da vida quotidiana da sociedade islâmica da época. No entanto, devido à natureza conservadora das fontes históricas disponíveis, as descrições específicas do prazer sexual na Bagdade abássida foram ocultadas. As referências à sexualidade na literatura da época, como a poesia erótica e os contos das Mil e Uma Noites, oferecem algum vislumbre de como seria a sexualidade na sociedade abássida, mas é importante reconhecer que essas obras são ficcionais, e podem não refletir totalmente a realidade histórica.

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