Hoje muita gente
está eufórica com a primeira fotografia real de um buraco negro, que confirma,
mais uma vez, que Einstein tinha razão. Com este acontecimento reforça-se ao
mais alto nível a objetividade do conhecimento científico. Mas devemos ter em
mente que quaisquer dados de perceção científica resultam de operações
complexas, e que em última instância a realidade depende dos parâmetros dos
sistemas observacionais escolhidos.
Einstein havia conseguido
demonstrar pela teoria da relatividade geral que o espaço sujeito às leis da
física era um espaço não euclidiano. Não se trata de um espaço natural intuitivamente
representável pela experiência sensível comum. Essa teoria descola para
atmosferas extremamente rarefeitas de universos regidos apenas pela coerência
interna da matemática. Bertrand Russel, acreditava na realidade dos números. Tinham
uma conceção platónica da realidade dos números.
Neste universo em
perene movimento, a realidade é continuamente reescrita e reinterpretada. O
conceito de dados sensíveis, ou dados dos sentidos, que foram rigidamente fixados
pelas correntes positivistas, acabaram por liquefazer-se por dentro do próprio
positivismo, com o pensamento do chamado “Segundo Wittgenstein”. Uma coisa era
dizer que o sol não deixava de existir quando fechamos os olhos. Outra coisa
era perguntar como ficava o vermelho de uma maçã vermelha exposta ao sol,
quando se colocava a maçã num quarto escuro. Wittgenstein perguntou: “uma maçã
vermelha no escuro continua a “ser” vermelha?
No campo das
matemáticas assiste-se a tentativas altamente complexas de busca dos
fundamentos comuns assentes numa lógica que atribui um significado específico,
particularmente sui generis, à objetividade dos entes matemáticos.
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