sexta-feira, 12 de abril de 2019

Pensamento matemático e saber científico


Hoje muita gente está eufórica com a primeira fotografia real de um buraco negro, que confirma, mais uma vez, que Einstein tinha razão. Com este acontecimento reforça-se ao mais alto nível a objetividade do conhecimento científico. Mas devemos ter em mente que quaisquer dados de perceção científica resultam de operações complexas, e que em última instância a realidade depende dos parâmetros dos sistemas observacionais escolhidos.

Einstein havia conseguido demonstrar pela teoria da relatividade geral que o espaço sujeito às leis da física era um espaço não euclidiano. Não se trata de um espaço natural intuitivamente representável pela experiência sensível comum. Essa teoria descola para atmosferas extremamente rarefeitas de universos regidos apenas pela coerência interna da matemática. Bertrand Russel, acreditava na realidade dos números. Tinham uma conceção platónica da realidade dos números.

Neste universo em perene movimento, a realidade é continuamente reescrita e reinterpretada. O conceito de dados sensíveis, ou dados dos sentidos, que foram rigidamente fixados pelas correntes positivistas, acabaram por liquefazer-se por dentro do próprio positivismo, com o pensamento do chamado “Segundo Wittgenstein”. Uma coisa era dizer que o sol não deixava de existir quando fechamos os olhos. Outra coisa era perguntar como ficava o vermelho de uma maçã vermelha exposta ao sol, quando se colocava a maçã num quarto escuro. Wittgenstein perguntou: “uma maçã vermelha no escuro continua a “ser” vermelha?

No campo das matemáticas assiste-se a tentativas altamente complexas de busca dos fundamentos comuns assentes numa lógica que atribui um significado específico, particularmente sui generis, à objetividade dos entes matemáticos.

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