"Ser" vem do latim esse (“existir, ser”), que por sua vez vem da raiz indo-europeia es-, presente também no grego antigo eimí (“sou, estou”) e no sânscrito asmi. "Estar" vem do latim stare (“estar de pé, permanecer, ficar”), ligado à raiz indo-europeia sta- (“ficar de pé, permanecer”), que acontece também em palavras como stabilis → “estável”. “Ser” está ligado ao núcleo ontológico da existência; “estar” denota a postura no espaço, depois metaforicamente estendida ao estado ou condição. "Ser" tende a indicar algo essencial, permanente ou identitário. "Estar" indica algo circunstancial, transitório ou posicional. Daí a diferença que o português (e o espanhol) conseguiram preservar de modo mais nítido que o latim clássico, onde esse cobria ambos os domínios, e o latim vulgar começou a reforçar stare para distinguir a ideia de estado circunstancial.
Leonor está na adolescência → a ênfase recai na fase circunstancial da vida, que passará. Leonor é adolescente → põe a tónica na identidade atual dela (definição social ou biológica). Ambas as formas são possíveis, mas com nuances diferentes. Paulo Rangel é ministro → enuncia o cargo, como identidade institucional. Paulo Rangel está ministro → menos usual no português europeu moderno, mas existe como recurso estilístico para destacar o caráter temporário, circunstancial da função. É uma forma expressiva, que até sugere crítica (por exemplo, insinuando que o cargo não o define essencialmente). Essa distinção entre “ser” e “estar” é um luxo linguístico raro. Em inglês, to be cobre os dois, mas perde-se a nuance (daí se dizer que traduzir português ou espanhol para inglês é “aplainar” uma subtileza ontológica).
Encontrei alguns bons exemplos jornalísticos portugueses recentes em artigos de opinião. “Estar ministro” ou expressões próximas, suscitaram provocação mas com sentido pedagógico, mostrando diferenças semânticas. No jornal ECO, artigo de 29 de agosto de 2025: “Miranda Sarmento, o académico que está ministro para reformar as Finanças Públicas”. Aqui “está ministro” contrasta com “é ministro”, implicando que embora tenha o cargo, é algo provisório ou especial, um "estar" para reformar. No Jornal de Negócios, na seção de opinião: “Ninguém é ministro, mas está ministro. E esta diferença fundamental, que a língua portuguesa exprime tão bem, nunca se deve perder de vista …” Este é quase explicitamente reflexivo: afirma que “estar ministro” reflete algo diferente de simplesmente “ser ministro”. Sublinha-se que “esta diferença … nunca se deve perder de vista”, sugerindo consciência de nuances semânticas ou discursivas.
Esses usos mostram que “estar ministro” funciona como marca discursiva: não é só informar que alguém ocupa o cargo, mas situar esse alguém no cenário de mandato, expectativa, preparação ou mudança. Pode passar uma sensação de algo em curso, inacabado, ou de performance, em vez de simplesmente um estado institucional estável.
Leonor está na adolescência → a ênfase recai na fase circunstancial da vida, que passará. Leonor é adolescente → põe a tónica na identidade atual dela (definição social ou biológica). Ambas as formas são possíveis, mas com nuances diferentes. Paulo Rangel é ministro → enuncia o cargo, como identidade institucional. Paulo Rangel está ministro → menos usual no português europeu moderno, mas existe como recurso estilístico para destacar o caráter temporário, circunstancial da função. É uma forma expressiva, que até sugere crítica (por exemplo, insinuando que o cargo não o define essencialmente). Essa distinção entre “ser” e “estar” é um luxo linguístico raro. Em inglês, to be cobre os dois, mas perde-se a nuance (daí se dizer que traduzir português ou espanhol para inglês é “aplainar” uma subtileza ontológica).
Encontrei alguns bons exemplos jornalísticos portugueses recentes em artigos de opinião. “Estar ministro” ou expressões próximas, suscitaram provocação mas com sentido pedagógico, mostrando diferenças semânticas. No jornal ECO, artigo de 29 de agosto de 2025: “Miranda Sarmento, o académico que está ministro para reformar as Finanças Públicas”. Aqui “está ministro” contrasta com “é ministro”, implicando que embora tenha o cargo, é algo provisório ou especial, um "estar" para reformar. No Jornal de Negócios, na seção de opinião: “Ninguém é ministro, mas está ministro. E esta diferença fundamental, que a língua portuguesa exprime tão bem, nunca se deve perder de vista …” Este é quase explicitamente reflexivo: afirma que “estar ministro” reflete algo diferente de simplesmente “ser ministro”. Sublinha-se que “esta diferença … nunca se deve perder de vista”, sugerindo consciência de nuances semânticas ou discursivas.
Esses usos mostram que “estar ministro” funciona como marca discursiva: não é só informar que alguém ocupa o cargo, mas situar esse alguém no cenário de mandato, expectativa, preparação ou mudança. Pode passar uma sensação de algo em curso, inacabado, ou de performance, em vez de simplesmente um estado institucional estável.
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