Há uma ligeira diferença entre Direita Radical e Extrema-Direita. Em ciência política, sobretudo europeia, os termos: direita radical; direita populista; extrema-direita – têm sido utilizados para referir certos partidos recentes na Europa, que têm crescido imenso na última década, mas cujo embrião remonta já aos finais da década de 1970, sendo apresentado como exemplo o paradigmático partido em França - Frente Nacional - de que Marine Le Pen é presidente desde 2011, quando substituiu seu pai - Jean-Marie Le Pen. Os habitualmente chamados "populistas de direita" têm partilhado uma série de causas, que incluem tipicamente: oposição à globalização e à União Europeia; críticas à imigração; ao multiculturalismo; e muitas outras agendas caindo no nacionalismo e obviamente na xenofobia e no racismo.
Segundo o historiador Pacheco Pereira, em Portugal, é no órgão de comunicação social “Observador”, onde podemos encontrar a direita radical em Portugal, dando nomes como: Rui Ramos, José Manuel Fernandes, Helena Matos, Jaime Nogueira Pinto, Alexandre Homem Cristo, entre outros. Pacheco Pereira chama-lhes o braço armado de um lóbi empresarial, assente numa lógica política sectária. Pacheco Pereira diz que o jornal tem qualidade, mas é um projeto político da ala mais radical da direita portuguesa e o que verdadeiramente nele conta é a opinião e a mobilização da tribo pelos comentários que comunicam com blogues, alguns atualmente muito próximos do Chega e da extrema-direita. Pacheco Pereira faz questão de sublinhar que a extrema-direita não é a mesma coisa que a direita radical.
A extrema-direita ainda vai mais longe que a direita radical, que ao contrário desta, rompe com a democracia e o Estado de Direito. A extrema-direita é ainda mais autocrática e nacionalista, desprezando e perseguindo minorias étnicas. Sendo, portanto, racistas e xenófobos, defendem uma ideologia "supremacista". O ditador Salazar, tendo sido tudo isso, logo, estaria hoje na extrema-direita. Em 1996, o cientista político holandês Cas Mudde observou que na maioria dos países europeus, os termos "direita radical" e "extrema-direita" eram utilizados indiferentemente. Citou a Alemanha como exceção, observando que entre os cientistas políticos alemães, o termo "direita radical" - Rechsradikalismus era utilizado em referência aos grupos de direita que, estando fora do arco do poder, todavia, não ameaçavam "a ordem democrática". Utilizam esse termo para o distinguir da Rechsextremen - extrema-direita. Estes grupos sim, ameaçam a constitucionalidade do Estado de Direito. Assim, como tal, a lei constitucional alemã podia proibi-los. Segundo o cientista alemão Klaus Wahl, no entanto, é a partir da direita radical que se faz a escalada para a extrema-direita já mais violenta, racista, totalitarista, já com métodos considerados terroristas. Estas fações tomam uma posição anti-imigrante ao ponto de proporem o seu repatriamento para defenderem o emprego dos nacionais. Tal como aconteceu com a extrema-direita fascista dos anos de 1930, Estes grupos sectários ao tornarem-se em partidos políticos, utilizam o sistema eleitoral para ascenderem ao poder, e depois deitarem-no abaixo. Atacam o sistema político vigente, considerando-se antissistema, com o argumento da corrupção. Existem também organizações de direita radical, intelectualmente mais sofisticadas, que para além de fazerem parte dos tais órgãos de comunicação social como "Observador", promovem a realização de conferências no mainstream do empreendedorismo capitalista.
Portugal é um dos países da Europa que viveu mais tempo uma ditadura de extrema-direita, que ocupou os dois quarteis do meio do século XX. Por isso, não deve ser para admirar que em Portugal, no último quartel do século XX e neste primeiro quartel do século XXI, o regime político tenha tido um maior pendor para os partidos de esquerda, sendo os seguintes, os que atualmente ocupam 144 lugares dos 230 lugares no Parlamento: Partido Socialista; Bloco de Esquerda; Partido Comunista; PAN; PEV e Livre. Portanto, apenas 86 deputados da direita ocupam o hemiciclo. E ainda hoje alguns setores da esquerda consideram esta direita comprometida com o antigo regime de ditadura, uma estrutura de poder que justificava opressões e perseguições, por uma política política fascista. Assim, essa estrutura de que os portugueses estavam fartos, serviu de certo modo para estigmatizar a direita portuguesa. Mas como escreve António Barreto: "[. . .] com o tempo, não seria de esperar outra coisa senão a conquista do poder. E depois a sua manutenção sem abrir mão dele. E assim se foi substituindo a história laudatória dos poderosos pela história militante dos ativistas, promovendo valores contrários aos anteriores conservadores. Mas seria tão estúpido fazer história para valorizar a Sharia, como foi estúpido no passado defender o cristianismo para justificar a Inquisição. Tudo o que pretenda ser história ou qualquer outra ciência social e que não se traduza num paciente e incansável esforço de procura da verdade, uma jornada sem repouso para compreender, é um passo atrás na civilização.[. . .]"
Assim, devermos estar atentos às derivas que resvalam, quer para um lado, quer para o outro. Uns quiseram manter poderes e privilégios. Depois outros vieram para conquistar poderes e privilégios. Portanto, querer conquistar o poder pelo poder, é perverso tanto de um lado como do outro. Muito diferente é privilegiar o valor do esforço e do rigor para alcançar, gradualmente, passo a passo, uma história isenta. Uma história feita por quem nada tem a ganhar com o que faz, nada tem a justificar, nada tem a defender, a não ser rigor e isenção.
Edmund Burke era um Whig, do partido liberal britânico que se opunha ao partido de linha mais conservadora, Tory. Defendia a liberdade de mercado, era amigo de David Hume e admirava Adam Smith. Este dizia que Burke era o único homem que, sem nunca se terem encontrado, tinha as mesmas ideias económicas. Burke também defendeu a emancipação católica e o direito dos colonos americanos contra os abusos do governo inglês. O conservadorismo social também apoia a disseminação de valores familiares tradicionais, bem como o conceito de moralidade pública e os bons costumes. Nas relações intrafamiliares, boa parte desses setores rejeita a promoção de conceitos como o interesse superior da criança ou a autonomia progressiva, defendendo a ideia tradicional de sujeição estrita dos menores à autoridade dos pais e de outros adultos. Eles criticam que a promoção dos Direitos da Criança enfraqueceu a autoridade dos pais e acarreta o risco de degradação moral das famílias e da sociedade. Por outro lado, alguns setores conservam ainda um certo machismo exagerado, sobretudo quando rejeitam qualquer tipo de feminismo.
Importa falar aqui do conservadorismo, e em particular do conservadorismo liberal, que se quer demarcar da direita radical e da extrema-direita. O conservadorismo liberal combina políticas conservadoras com elementos liberais, fortemente influenciado pelo liberalismo económico. Conservadores liberais modernos da Europa combinam as políticas conservadoras, no que diz respeito a valores sociais, mas com posições liberais em questões económicas. Historicamente, nos séculos XVIII e XIX, o conservadorismo incluía vários princípios baseados na questão da tradição estabelecida, respeito à autoridade e valores religiosos. Os conservadores ditos clássicos, muitas vezes para se definirem, invocam as ideias de Edmund Burke. E os conservadores liberais invocam John Stuart Mill, Jeremy Bentham e Montesquieu, os pais do liberalismo. A máxima do conservadorismo liberal é: "a economia vem antes da política". Os teóricos de direita hoje, localizados no conservadorismo liberal atual, podem ser vistos como os ideólogos dos partidos de centro-direita. Assim, há um consenso geral, que os conservadores liberais originais são aqueles que combinam atitudes sociais conservadoras com uma perspetiva liberal na economia, sem, contudo, criticar diretamente privilégios, uma vez que a democracia garante as liberdades individuais, aquelas a que no último quartel do século XX vieram a adotar as ideias de Margaret Thatcher e Ronald Reagan, para a maior abertura do livre mercado, que acabou por cair naquilo a que se veio a chamar o neoliberalismo causador da crise financeira de 2008.
Edmund Burke era um Whig, do partido liberal britânico que se opunha ao partido de linha mais conservadora, Tory. Defendia a liberdade de mercado, era amigo de David Hume e admirava Adam Smith. Este dizia que Burke era o único homem que, sem nunca se terem encontrado, tinha as mesmas ideias económicas. Burke também defendeu a emancipação católica e o direito dos colonos americanos contra os abusos do governo inglês. O conservadorismo social também apoia a disseminação de valores familiares tradicionais, bem como o conceito de moralidade pública e os bons costumes. Nas relações intrafamiliares, boa parte desses setores rejeita a promoção de conceitos como o interesse superior da criança ou a autonomia progressiva, defendendo a ideia tradicional de sujeição estrita dos menores à autoridade dos pais e de outros adultos. Eles criticam que a promoção dos Direitos da Criança enfraqueceu a autoridade dos pais e acarreta o risco de degradação moral das famílias e da sociedade. Por outro lado, alguns setores conservam ainda um certo machismo exagerado, sobretudo quando rejeitam qualquer tipo de feminismo.
Vamos deixar para depois o caso dos “negacionistas”, que servem de exemplo para os atuais negacionistas que se manifestam contra as vacinas e as medidas oficiais anti-Covid-19. É um outro tipo de peste, negar a realidade como forma de escapar de uma verdade desconfortável. Trata-se da recusa em aceitar uma realidade empiricamente verificável pela ciência. Em ciência, o negacionismo é definido como a rejeição de conceitos básicos, incontestáveis e apoiados por consenso científico. Os negacionistas defendem ideias tanto radicais como controversas. Um caso grave de negacionismo é o caso do presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, um populista de extrema-direita. Os métodos de Bolsonaro são todos inspirados na extrema-direita internacional.
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