domingo, 6 de março de 2022

Operação Barbarossa: Invasão alemã da União Soviética em 22 de junho de 1941




Após a Revolução Russa de 1917 e final da Primeira Guerra Mundial, a Ucrânia foi brevemente uma nação independente, e em 1920 tornou-se parte da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), a União Soviética. Em 1941, durante a Segunda Guerra Mundial, a Alemanha invadiu a Ucrânia. Mais de seis milhões de ucranianos, a grande maioria deles civis, morreram na guerra. Em 1944, a União Soviética recuperou o controlo da Ucrânia sob o comando de Joseph Stalin e expandiu suas fronteiras para incluir territórios tomados da Roménia, Polónia e antiga Checoslováquia (atual República Checa).

Quando Ribbentrop insistiu em afirmar que a Grã-Bretanha estava derrotada e que seu império seria, por conseguinte, repartido entre as potências do Eixo, às quais a Rússia deveria, pois, aliar-se, Molotov comentou agressivamente: “Se é assim, por que estamos sentados neste abrigo? E de quem são as bombas que caem tão perto que as ouvimos?” Foi, porém, outra declaração de Molotov que convenceu Hitler quanto às dificuldades crescentes que as ambições soviéticas trariam caso o pacto Molotov-Ribbentrop de agosto de 1939 permanecesse como a base da política alemã; a dado momento da discussão no abrigo, Molotov chegou a afirmar a Ribbentrop que a Rússia nunca abdicaria de seus interesses nos acessos ocidentais do Báltico: as águas do Kattegat e do Skagerrak, entre a Dinamarca e a Noruega, outrora sob controlo dinamarquês e, naquele momento, sob controle alemão.

Hitler ficou indignado, mas a verdade é que seus planos de guerra contra a Rússia prosseguiam sem interrupção. Em 13 de novembro, quando Göring o avisou que a força aérea alemã talvez não tivesse força para destruir o poderio industrial russo, Hitler disse-lhe que as necessidades a longo prazo da guerra contra a Grã-Bretanha tornavam essencial o controlo dos campos de petróleo no Cáucaso. A guerra contra a Rússia podia ser ganha em poucos meses. Göring devia preparar sua força aérea para iniciar a ofensiva no 1º de maio. Em 16 de novembro, dois dias depois de Coventry, houve um ataque contra Hamburgo; embora a nebulosidade e o gelo tornassem impossível um ataque preciso contra alvos militares, as bombas foram lançadas, matando 223 civis alemães.

Na tarde de 21 de junho, Hitler escreveu a Mussolini, dizendo-lhe que havia tomado “a mais difícil decisão da sua vida”. Pouco depois das 21h, o chefe de estado-maior da região militar de Kiev, general Purkayer, telefonou ao marechal Zhukov em Moscovo para comunicar-lhe que um sargento alemão “procurou nossos guardas na fronteira para dizer que as tropas alemãs avançavam para posições de ataque e que a ofensiva começaria na manhã de 22 de junho. Zhukov telefonou imediatamente a Stalin, que o convocou para o Kremlin, juntamente com Timoshenko. Sob o nome de Operação "Barbarossa", a Alemanha nazi invadia a União Soviética a 22 de junho de 1941, naquela que foi considerada a maior operação militar germânica da Segunda Guerra Mundial.

Stalin ainda hesitava. “É muito cedo para uma diretiva como essa – talvez a questão ainda possa ser resolvida pacificamente.” Concordou, porém, em enviar uma diretiva a todos os conselhos militares nas regiões de fronteira, prevenindo-os de que “um ataque alemão repentino é possível”. Stalin acrescentava, no entanto, que as tropas soviéticas não deviam “deixar-se incitar ao combate por provocações alemãs”. A diretiva, assinada nessa noite por Timoshenko e Zhukov, ordenava que os bastiões das zonas fortificadas fossem “secretamente guarnecidos de homens” às primeiras horas de 22 de junho, que todos os aviões fossem dispersos pelos aeródromos “antes da alvorada” de 22 de junho, que “todas as unidades” ficassem em estado de alerta e que fossem feitos preparativos “para o blecaute das cidades e de outros alvos”.

Trinta minutos depois da meia-noite, na primeira hora de 22 de junho, Zhukov comunicou a Stalin que a sua diretiva havia sido transmitida a todas as regiões de fronteira enquanto Hitler, após o jantar com Albert Speer e com o almirante Raeder, falava sobre seus planos para a criação de uma base naval alemã na costa norueguesa, próxima a Trondheim. Seria o maior porto em toda a Alemanha e, junto a ele, seria construída uma cidade para cerca de 250 mil alemães. A cidade seria incorporada à Grande Alemanha. Hitler pôs, então, um disco no gramofone, executando para seus convidados alguns compassos de “Os Prelúdios”, de Liszt. “No futuro próximo, vocês ouvirão muitas vezes esses acordes”, disse ele, “pois será nossa fanfarra de vitória na campanha da Rússia”.

Às primeiras horas de 22 de junho, quando as forças alemãs se encontravam na fronteira soviética, prontas para a invasão, 2,5 milhões de soldados soviéticos enfrentavam 3,2 milhões de alemães. As reservas soviéticas, disponíveis para a defesa de Moscovo, de Leningrado e das regiões industriais da bacia do Donetsk e dos Urais, eram de 2,2 milhões de homens. Esses números, porém, eram enganadores: somente trinta por cento das tropas soviéticas estavam equipadas com armas automáticas e apenas vinte por cento dos aviões soviéticos, e nove por cento dos tanques, eram modelos modernos.

Hitler, trocando Berlim por um novo quartel-general, a Toca do Lobo, próximo a Rastenburg, na Prússia Oriental, disse ao general Jodl: “Basta-nos arrombar a porta a pontapé para que o edifício inteiro se desfaça, tão podre ele está.” No entanto, nem mesmo a confiança de Hitler era isenta de reservas. “No início de cada campanha”, disse ele a um membro de seu estado-maior algumas horas mais tarde, “abre-se uma porta para um quarto escuro, onde nada se vê. Nunca se sabe o que estará escondido”.

Ao meio-dia de 22 de junho, a força aérea alemã já havia destruído mais de mil aviões soviéticos no solo ou em combate: um quarto de todos os efetivos aéreos russos. Nesse dia, tanto a Itália quanto a Roménia declarou guerra à União Soviética. Ao cair da noite, haviam sido tomadas as cidades de Kobryn e de Pruzhany, situadas na zona fortificada. No dia seguinte, em Moscovo, foi criado um conselho de evacuação, composto por três elementos, entre os quais Alexei Kosygin, que organizaria o desmantelamento, a transferência e a reconstrução de mais de 1.500 fábricas de armamento e de outras unidades industriais da Rússia Ocidental e da Ucrânia para locais seguros ao leste. Além dos Urais, longe de qualquer combate provável, ou mesmo possível, em cidades distantes como Sverdlovsk, Kurgan e Chelyabinsk, na Sibéria e nas cidades do Cazaquistão.

O exército alemão está numa guerra contra o bolchevismo, não contra os povos russos. No entanto, o general Lemelsen continuava a aplicar a ordem de Hitler para que aqueles identificados como comissários políticos e guerrilheiros “fossem separados e fuzilados”. Somente por esse meio, explicava, o povo russo poderia ser libertado “da opressão de grupos judaicos e criminosos”. A última semana de junho foi assinalada por constantes reveses para os soviéticos nos campos de batalha. Desde os primeiros dias da ofensiva alemã, os judeus foram escolhidos como principais vítimas de aniquilamento. Quando, em 25 de junho, as forças alemãs entraram em Lutsk e encontraram um médico judeu, Benjamim From, a operar uma mulher cristã no hospital, ordenaram-lhe que interrompesse.

Em 27 de junho, duas forças Panzer, reunindo-se a leste de Minsk, encurralaram e atacaram trezentos mil soldados russos, sendo cinquenta mil na própria cidade de Minsk. Na batalha, morreram dezenas de milhares de homens. Quase todos os outros foram feitos prisioneiros. Na noite de 29 de junho, Lvov, capital da Galícia Oriental, caiu em mãos alemãs naquilo que um historiador chamou de “um pesadelo de massacres e de caos”, que começou com a morte de três mil presos políticos ucranianos pelo NKVD. Mal as tropas russas se retiraram, algumas delas custosamente, pois a cidade estava cercada, os nacionalistas ucranianos começaram a massacrar judeus no meio da rua. Mais ao Sul, na cidade de Jassy, soldados romenos mataram, num acesso de violência, cerca de 250 judeus enquanto outros 1.194 morreram num vagão selado que efetuava uma viagem de oito dias rumo ao sul, com destino à vila de Kalarash. Não eram os primeiros judeus massacrados sob a cobertura das operações da guerra. Três dias antes, passadas menos de 48 horas desde a entrada das tropas alemãs em Kovno, os habitantes lituanos da cidade voltaram-se contra os mais de 35 mil judeus residentes dali, matando mais de mil. Em 30 de junho, na região de Borisov, na margem leste do rio Beresina, Jakov Kreiser, general soviético judeu de 36 anos, liderando uma divisão motorizada de infantaria, resistiu durante dois dias à ofensiva dos tanques de Guderian. Entretanto, reforços soviéticos avançavam o mais depressa possível para a linha Drissa-Mozyr. Mais tarde, como recompensa por seu feito, Kreiser receberia a cobiçada distinção de Herói da União Soviética. Ao sul de Borisov, no entanto, após tomarem a vila de Bobruisk, as forças alemãs estabeleceram uma posição avançada além do Beresina. Cada cidade soviética, vila e aldeia homenagearia seus heróis e suas vítimas dessas primeiras semanas de guerra. Leningrado, por exemplo, ainda recorda seu primeiro escritor caído em combate, Lev Kantorovitch, membro de um destacamento de fronteira, morto nas imediações de Enso em 30 de junho. Enquanto grande número de russos morria em combate, a aplicação do “Decreto dos Comissários” fazia com que muitos outros fossem, todos os dias, abatidos a sangue-frio. Também em 30 de junho, o cadete da SS Peter Neumann, de 21 anos, recebeu ordens de seu tenente para abater dois comissários que sua unidade capturara numa pequena aldeia às portas de Lvov. Quando Neumann hesitou, a tarefa foi entregue ao cabo da SS Libesis, “um alegre camponês do Tirol”, recordaria Neumann, “que ganhara duas vezes a cruz de ferro em combate”; “tranquilamente, descontraidamente, como se tivesse todo o tempo do mundo, Libesis abordou os comissários. ‘Você é um Comissário do Povo?’, perguntou, num russo rudimentar. ‘Sou. Porquê?’, ambos responderam.” Libesis tirou a pistola do coldre, “mirou sucessivamente suas cabeças rapadas” e matou os dois homens. “De um momento para o outro”, recordou Neumann, “não havia mais Comissários do Povo”.


Sem comentários:

Enviar um comentário