sexta-feira, 21 de setembro de 2018

Desejo e identidade



Para que tudo corra pelo melhor, e já agora com valor, apoio-me no filósofo moral Derek Parfit (1942-2017) para dizer que não basta envolvermo-nos apenas nas atividades racionais que fazem parte da vida. É preciso também apelar ao instintivo desejo de viver com prazer e por querer, ainda que com esforço. É preciso estar envolvido nas atividades e querer intensamente esse envolvimento. Se tivermos desejos contrários, então devemos frear esses desejos. Isto faz-me lembrar o “conatus”, expressão latina usada por vários filósofos clássicos, nomeadamente Espinosa, para denotar o esforço de perseverança, não apenas como algo que se faz, mas também como algo que faz parte da verdadeira essência da vida.

[On What Matters, 2011] é a última obra de Parfit, e muito discutido na atualidade. [Reasons and Persons,1984] é a obra mais conhecida, onde aborda a teoria da “identidade pessoal e continuidade psicológica" como intuição. A continuidade mental, não física, identifica-nos como a mesma pessoa. Mas no caso do TELETRANSPORTE, apesar de termos uma continuidade psicológica tão completa quanto na vida comum, também parece, acima de qualquer dúvida, que o que é criado é uma cópia, um clone, que ao fim de contas não é o mesmo que a pessoa clonada.

São originais e extraordinárias as suas experiências de pensamento sobre identidade pessoal. No teletransporte as charadas de Stelius são as mais surpreendentes. O que acontece se o “eu” original não é destruído? Quem é o verdadeiro Stelius, o da Terra, ou o teletransportado para Marte?




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