terça-feira, 6 de novembro de 2018

Caso as touradas acabassem . . .


          Tem havido muitos argumentos a favor das touradas, como aquela beleza de espetáculo que os censores querem esconder das crianças com medo que elas gostem.
          Há uma coisa que aficionados, e autores de textos a favor da tauromaquia, não falam: no sofrimento do animal o ser lidado. E todavia, não deve haver nenhum aficionado em qualquer parte do mundo que consiga, com honestidade intelectual, demonstrar que o animal não sofre, neste caso o touro. Sofrimento esse que não tem nenhuma justificação a não ser a emoção e o prazer de que gosta de ver. Não quero dizer com isto que esse prazer tenha que ser prazer de sadismo. Deixo este aspeto à pronúncia de psicanalistas.
          Penso que ninguém de índole razoável está disposta a admitir a defesa da tortura de animais para divertimento em espetáculos de bilheteira. Porque há limites morais para o modo como podemos tratar os animais.
          O fim das touradas talvez seja possível daqui a uma ou duas gerações a seguir, porque nessa altura já não deve ser possível a existência de aficionados da festa brava. E neste ponto não é necessário ir tão longe como invocar o estatuto moral dos animais. Pois não se trata de traçar uma linha que separe de um lado os que têm importância moral, e os que não têm. Como por exemplo, há quem defenda que todos os seres que têm consciência de si têm direito ao grau mais elevado de proteção moral.

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