Tem havido muitos
argumentos a favor das touradas, como aquela beleza de espetáculo que os
censores querem esconder das crianças com medo que elas gostem.
Há uma coisa que
aficionados, e autores de textos a favor da tauromaquia, não falam: no
sofrimento do animal o ser lidado. E todavia, não deve haver nenhum aficionado
em qualquer parte do mundo que consiga, com honestidade intelectual, demonstrar
que o animal não sofre, neste caso o touro. Sofrimento esse que não tem nenhuma
justificação a não ser a emoção e o prazer de que gosta de ver. Não quero dizer
com isto que esse prazer tenha que ser prazer de sadismo. Deixo este aspeto à
pronúncia de psicanalistas.
Penso que ninguém
de índole razoável está disposta a admitir a defesa da tortura de animais para
divertimento em espetáculos de bilheteira. Porque há limites morais para o modo
como podemos tratar os animais.
O fim das touradas
talvez seja possível daqui a uma ou duas gerações a seguir, porque nessa altura
já não deve ser possível a existência de aficionados da festa brava. E neste
ponto não é necessário ir tão longe como invocar o estatuto moral dos animais.
Pois não se trata de traçar uma linha que separe de um lado os que têm
importância moral, e os que não têm. Como por exemplo, há quem defenda que
todos os seres que têm consciência de si têm direito ao grau mais elevado de
proteção moral.
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