Entretanto na
Alemanha dos festejos passou-se ao medo e os xenófobos passaram a fazer mais
barulho. Em fevereiro de 2017 Merkel é obrigada a ceder e em setembro a
popularidade de Merkel começa a baixar e a AfD a subir. Em junho de 2018 com
Merkel mais fragilizada do que nunca depois de seis meses para formar governo,
o ministro do interior ameaça agir unilateralmente para restringir o acesso à
imigração. Merkel acaba por ceder comprometendo-se com a criação de centros de
trânsito para os migrantes em território alemão. Os ataques de Paris haviam
acelerado um processo de rápida inversão do que estava já em andamento. Tal
como na Grão Bretanha e outros países europeus os franceses tinham semelhantes
razões para estarem céticos em relação à retórica que se havia instalado.
No verão de 2016 a cidade de Nice apenas passou pelo primeiro de um conjunto de ataques quase diários. Alguns destes ataques foram levados a cabo por pessoas que tinham chegado à Europa durante os anos da recente vaga de imigração. Outros ataques, como o de Munique, foram realizados por indivíduos que tinham nascido na Europa. As pessoas ficavam atrapalhadas quando se perguntava porque estava isso a acontecer. O falhanço da integração era apenas uma parte da resposta. E por outro lado os migrantes mais recentes não explicavam tudo.
No verão de 2016 a cidade de Nice apenas passou pelo primeiro de um conjunto de ataques quase diários. Alguns destes ataques foram levados a cabo por pessoas que tinham chegado à Europa durante os anos da recente vaga de imigração. Outros ataques, como o de Munique, foram realizados por indivíduos que tinham nascido na Europa. As pessoas ficavam atrapalhadas quando se perguntava porque estava isso a acontecer. O falhanço da integração era apenas uma parte da resposta. E por outro lado os migrantes mais recentes não explicavam tudo.
O medo estava-se
espalhando, e quantos mais refugiados entrassem num país mais esse medo
crescia. Mas por outro lado também se tinha medo de cair ou ser acusado de
racismo. E as autoridades ficaram à nora, sem saber o que fazer. Inclusivamente
a Noruega passou a oferecer lições aos migrantes, como tratar as mulheres.
Estas lições destinavam-se a contrariar o crescente problema das violações na
Noruega, explicando aos refugiados que, por exemplo, se uma mulher lhes sorrisse
ou se vestisse de forma a mostrar a pele, isso não queria dizer que eles
pudessem violá-la. E na Alemanha, ao longo de 2016, a onda de violações e
agressões também se espalhou. Mas o medo das consequências de identificar os agressores sobrepôs-se ao empenhamento da polícia no seu dever de não ocultar a identificação dos culpados.
Agora, com a
política de inversão, era sobre a Grécia e sobre os países de receção que
pesavam os efeitos dessa inversão. Nem os podiam deslocar para norte, nem os
podiam mandar de volta para casa. E o que tinha a dizer Merkel por toda esta
confusão ? O que ela disse numa breve palestra enquanto recebia um doutoramento
honoris causa pela universidade de Berna, foi que os europeus tinham responsabilidades
relativamente aos refugiados. Mas, e então, levantou-se alguém da assistência,
“em que posição fica a responsabilidade dos europeus na proteção dos outros
europeus?” Merkel, invocando europeus que se tinham ido juntar ao Daesh, os
europeus não podiam dizer que nada tinham a ver com eles. Não fora isso que lhe
fora perguntado, mas a chanceler continuou: “o medo é mau conselheiro, tanto na
vida pessoal, como na vida social.”
O campo de
refugiados da ilha grega de Lesbos é o maior da Europa. É um lugar onde não
faltam agressões nem violações. São perto de oito mil pessoas num espaço
insuficiente para tanta gente que chega a Mória, onde outrora estava instalada
uma base militar. Semanas depois da chegada são chamadas para registo oficial.
Mas a etapa seguinte pode demorar meses. Os que chegaram agora só lá para abril
terão a entrevista de admissibilidade. E depois, só se passarem é que seguem
para a entrevista principal, a de elegibilidade. Se tudo correr bem então é
pedida a ajuda internacional. Caso contrário entram na fase de recurso. Se a
pessoa for rejeitada, a pessoa é detida e deportada. Ainda pode recorrer, a um
tribunal superior, muito difícil de alcançar e caro.
Há uma casa de
banho para cada trinta pessoas, alguns a viver em tendas de lona com paletes
cobertas com mantas a fazer de chão. É difícil entrar na parte oficial do campo
de Mória. Os jornalistas não têm autorização para entrar nas casas de banho e
nos duches, onde as mulheres têm medo de ir porque podem ser violadas. Este
centro de registo numa base militar sob a responsabilidade do governo grego e
financiado com fundos europeus, não foi planeado para reter refugiados tantos
meses, podendo chegar a um ano. Foi planeado para ser um abrigo transitório
onde os refugiados não permaneceriam mais de uma semana. À volta do campo há
rulotes junto ao muro da base, onde se pode ler “bem-vindo à prisão”, e comerciantes
vendem fruta e outras coisas, que regressam a casa ao fim do dia e voltam no
dia seguinte.
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