As respostas que
os cosmólogos e os astrofísicos nos dão às perguntas que lhes fazemos acerca do
Universo, são respostas conjeturais apenas ao como e não ao porquê. A cosmovisão
atual dos cientistas não se mete por nenhuma tese meta-científica. O raciocínio
metafísico e teológico faz-se por outras vias. No entanto, ainda existem
resquícios do deísmo, em que o Genial
Arquiteto no início dos tempos criou o mundo como uma máquina perfeita que
agora marcha por si mesma, enquanto Ele se retirou não se sabe bem para onde.
Deus no céu atento ao mundo, passivo, atuando só de vez em quando para fazer um
milagre ou outro, movido por petições e sacrifícios, pedidos diretamente pelos
seus fiéis, ou por recomendação dos santos e santas. O deísmo é a conceção que os filósofos e os cientistas do Iluminismo
abraçaram, agora guardada preferencialmente pela Maçonaria. Uma conceção de
Deus em tudo idêntica à anterior, mas que nega a providência divina e, por
consequência, a sua intervenção no mundo. Nesta conceção, Deus é uma espécie de
relojoeiro, que fez o mundo e o abandonou à sua sorte. Mas o porquê do
aparecimento do mundo, muito menos o para quê, para isso não contem connosco.
Por contingência, tudo até poderia nunca ter existido.
Se antes de Kant
as provas da existência de Deus tinham um caráter cosmológico, a partir de Kant
sofreu uma viragem antropológica, marcada por uma intensa emergência de
subjetividade. Quer dizer, se antes a contingência se descobria sobretudo na
observação do cosmos, hoje a contingência remete prioritariamente para a
realidade humana.
A nível filosófico
continua a ser possível tanto uma interpretação ateísta como teísta do
big-bang. Esta teoria foi muito saudada pelas autoridades religiosas do
Vaticano. Mais controversa é a finalidade no mundo, quando se tenta traduzir
acaso e necessidade no mundo. Hoje é muito mais difícil uma cosmovisão circular
de um mundo de matéria eterna. Hoje é a complexidade imensa de uma evolução que
nasce de uma imensa explosão de energia incalculável. Como é que a ordem pode ser fruto da matéria
abandonada a si mesma contrariando a entropia?
Não sabemos.
De todas as crenças religiosas, a principal é a crença
em Deus e, por isso, de um modo geral, os problemas mais importantes
investigados pelos filósofos da religião estão relacionados com essa crença.
Esses problemas são os que dizem respeito à existência, à natureza e à atividade
de Deus. As grandes religiões monoteístas ocidentais ― o judaísmo, o islamismo
e o cristianismo ― partilham uma conceção da natureza de Deus a que normalmente
se chama teísta. De acordo com esta conceção, Deus é um ser pessoal,
espiritual, sumamente sábio, sumamente bom e sumamente poderoso, que criou o
mundo para o homem, que intervém no mundo por intermédio de milagres e
profecias e que, graças à sua providência, protege o homem.
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