Moscovo responderá "de forma simétrica" a qualquer "escalada", frisou Vladimir Putin, ontem, após a disponibilização de armas ocidentais de longo alcance por parte do Presidente Biden à Ucrânia. A Rússia respondeu com o lançamento de um míssil intercontinental hipersónico que caiu em Dnipro, aparentemente sem ter provocado grandes estragos. Vladimir Putin afirmou que a utilização do míssil foi uma resposta aos recentes ataques ucranianos com os tais mísseis de longo alcance. Na mesma declaração televisiva, Putin frisou ainda que os ataques contra a Rússia com armas ocidentais não mudarão o desfecho da "operação especial" da Rússia. Moscovo responderá "de forma simétrica" a qualquer "escalada", declarou o líder russo. Putin garantiu que avisaria os civis caso utilizasse uma arma hipersónica contra a Ucrânia.
Ao explorar a vulnerabilidade ou a fraqueza militar dos países europeus, Putin busca não apenas causar medo e destruição, mas também influenciar a opinião pública e a percepção geral. Quando uma figura de autoridade global, como o secretário-geral da ONU, parece demonstrar mais empatia por um dos lados, especialmente percebido como o mais fraco, isso pode gerar tensões com o lado que se sente deslegitimado ou injustamente retratado. Daí que o encontro de Guterres com Putin tenha sido muito mal visto pelos analistas ocidentais. Esse desequilíbrio emocional na narrativa é explorado intencionalmente por cada lado em função do mais conveniente. Essa diferença nas reações à violência demonstra como o contexto sociopolítico e a percepção de segurança moldam as respostas a atos violentos. Enquanto na Europa um atentado terrorista pode desestabilizar um país e provocar reações políticas significativas, na Ucrânia onde a violência é uma constante a mesma ação é vista como uma expressão comum da realidade. O seu significado para um europeu é mais simbólico do que real. A perversidade está ligada à forma como se constrói a narrativa para maximizar o impacto das ações.
A violência política na Europa, quando comparada com outras partes do mundo, como a Ucrânia, o Próximo e Médio Oriente [Palestina ou Sudão] pode-se dizer que é residual. Por esse facto, um atentado terrorista, por mais limitado que seja, tem um impacto na percepção pública que não tem nessas outras paragens. Na Europa, onde a violência estatal e a criminalidade em geral são relativamente baixas, um míssil, mesmo que pequeno, é um evento extraordinário que provoca uma onda de choque, medo e indignação. Isso se deve à expectativa de segurança, que é falsa, e à normalidade da vida que permeiam a sociedade. Em contraste, onde a violência faz parte da realidade diária, atos muito mais violentos podem ser percebidos de maneira diferente. Nesses ambientes, a população pode estar mais acostumada com a instabilidade e, portanto, um atentado pode ser visto como apenas mais um na sequência da violência endémica que caracteriza a realidade da vida nesses países.
Uma pequena moeda num grande frasco vazio faz muito barulho. É por isso que quanto mais surpreendente ou espetacular for um atentado, mais bem-sucedido será o atentado. A narrativa de Putin tem como objetivo alcançar o maior impacto psicológico através do amedrontamento do maior número de pessoas possível. Um míssil de aviso não busca necessariamente a destruição em larga escala, mas sim a manipulação do medo e da atenção. A metáfora da pequena moeda no grande frasco vazio é perfeita para ilustrar essa dinâmica: Um míssil, mesmo que pequeno em termos de número de vítimas ou destruição material, ganha grande visibilidade justamente pelo choque psicológico que provoca, amplificado pela cobertura mediática e pelo impacto psicológico.
O estratego, ao realizar um ato espetacular ou inesperado, aproveita-se da desproporcionalidade entre a sua ação limitada e a resposta emocional massiva que ela desencadeia. A surpresa e a quebra da normalidade são centrais para o sucesso da sua estratégia. Assim, quanto mais espetacular ou chocante for, maior será o alarido que ele provoca no cenário político e social, ampliando o impacto além do dano físico. Por razões de ajustamentos da História devido a injustiças e erros humanos, as preocupações políticas mais candentes que atravessam todo o ocidente de filiação eurocêntrica estão entrelaçadas com muitas questões que fiquem sempre para trás mal resolvidas. Os países europeus ocidentais adotam posturas mais progressistas em relação a direitos humanos e igualdade. O mesmo não podemos dizer do lado russo, com outras tradições e outras realidades geopolíticas. Mas, ainda assim, como nenhuma sociedade é monolítica em relação a essa realidade, apesar de ser difícil evitar o confronto entre pessoas do mesmo país, é sempre possível operar mudanças.
O desafio que se coloca aos responsáveis políticos consiste como equilibrar a proteção dos direitos de todos os cidadãos, incluindo os membros das forças políticas do extremo contrário. Esta é uma das áreas do debate cultural da atualidade em que as sociedades estão muito polarizadas. Para muitos, o que pode parecer uma busca por equidade e proteção dos grupos marginalizados, para outros pode ser visto como uma forma de extremismo caricaturado com as bastante gastas charadas do "politicamente correto" e do "wokismo", que frequentemente ignora o contexto histórico das lutas por direitos civis, onde as dinâmicas de poder, privilégio e marginalização são complexas e multifacetadas. As gerações mais velhas podem ver isso como um retrocesso em relação a certos valores que consideram essenciais, como a objetividade e a imparcialidade, especialmente em situações de conflito.
Esse choque de paradigmas gera um debate rico, mas também fracturante, sobre como as sociedades modernas devem lidar com questões de injustiça, desigualdade e violência, e que narrativas devem prevalecer em relação a outras na construção de uma sociedade mais justa e igualitária. A observação sobre a falta de conhecimento histórico entre os jovens é um tema recorrente e preocupante. O entendimento da história universal é fundamental para que as gerações atuais possam aprender com os erros do passado e desenvolver uma perspectiva crítica sobre o presente. No entanto, a educação contemporânea muitas vezes se concentra em temas mais imediatos e pode negligenciar a profundidade e a complexidade da história das civilizações.
O desinteresse ou falta de conhecimento sobre os padrões históricos de ascensão e queda de civilizações, ou dos erros que se cometeram e levaram às duas Grandes Guerras Mundiais do século XX, pode resultar numa percepção ingénua sobre os desafios contemporâneos. Quando os jovens não têm consciência das lições que a história oferece - como os efeitos do extremismo, da intolerância e da inação - eles podem subestimar as consequências de suas ações ou as dinâmicas sociais em jogo. O misto de brandos costumes e incúria a que muita gente faz alusão nas redes sociais é uma crítica à complacência e à falta de ação diante de problemas sociais e políticos. Muitas vezes, essa atitude pode ser uma resposta à sensação de impotência ou à crença de que as estruturas sociais são inalteráveis. Isso pode levar a um círculo vicioso em que a inação se perpetua, enquanto os problemas se acumulam. Portanto, é crucial que haja um esforço consciente para promover a educação histórica e incentivar uma compreensão mais profunda dos erros que levaram às catástrofes passadas, para que os jovens possam desenvolver uma consciência crítica que os capacite a participar ativamente na construção de sociedades mais justas e resilientes. O diálogo intergeracional também pode ser uma ferramenta poderosa para transmitir essas lições e experiências, ajudando a conectar as gerações e a fomentar um entendimento mais profundo dos desafios atuais.
O estratego, ao realizar um ato espetacular ou inesperado, aproveita-se da desproporcionalidade entre a sua ação limitada e a resposta emocional massiva que ela desencadeia. A surpresa e a quebra da normalidade são centrais para o sucesso da sua estratégia. Assim, quanto mais espetacular ou chocante for, maior será o alarido que ele provoca no cenário político e social, ampliando o impacto além do dano físico. Por razões de ajustamentos da História devido a injustiças e erros humanos, as preocupações políticas mais candentes que atravessam todo o ocidente de filiação eurocêntrica estão entrelaçadas com muitas questões que fiquem sempre para trás mal resolvidas. Os países europeus ocidentais adotam posturas mais progressistas em relação a direitos humanos e igualdade. O mesmo não podemos dizer do lado russo, com outras tradições e outras realidades geopolíticas. Mas, ainda assim, como nenhuma sociedade é monolítica em relação a essa realidade, apesar de ser difícil evitar o confronto entre pessoas do mesmo país, é sempre possível operar mudanças.
O desafio que se coloca aos responsáveis políticos consiste como equilibrar a proteção dos direitos de todos os cidadãos, incluindo os membros das forças políticas do extremo contrário. Esta é uma das áreas do debate cultural da atualidade em que as sociedades estão muito polarizadas. Para muitos, o que pode parecer uma busca por equidade e proteção dos grupos marginalizados, para outros pode ser visto como uma forma de extremismo caricaturado com as bastante gastas charadas do "politicamente correto" e do "wokismo", que frequentemente ignora o contexto histórico das lutas por direitos civis, onde as dinâmicas de poder, privilégio e marginalização são complexas e multifacetadas. As gerações mais velhas podem ver isso como um retrocesso em relação a certos valores que consideram essenciais, como a objetividade e a imparcialidade, especialmente em situações de conflito.
Esse choque de paradigmas gera um debate rico, mas também fracturante, sobre como as sociedades modernas devem lidar com questões de injustiça, desigualdade e violência, e que narrativas devem prevalecer em relação a outras na construção de uma sociedade mais justa e igualitária. A observação sobre a falta de conhecimento histórico entre os jovens é um tema recorrente e preocupante. O entendimento da história universal é fundamental para que as gerações atuais possam aprender com os erros do passado e desenvolver uma perspectiva crítica sobre o presente. No entanto, a educação contemporânea muitas vezes se concentra em temas mais imediatos e pode negligenciar a profundidade e a complexidade da história das civilizações.
O desinteresse ou falta de conhecimento sobre os padrões históricos de ascensão e queda de civilizações, ou dos erros que se cometeram e levaram às duas Grandes Guerras Mundiais do século XX, pode resultar numa percepção ingénua sobre os desafios contemporâneos. Quando os jovens não têm consciência das lições que a história oferece - como os efeitos do extremismo, da intolerância e da inação - eles podem subestimar as consequências de suas ações ou as dinâmicas sociais em jogo. O misto de brandos costumes e incúria a que muita gente faz alusão nas redes sociais é uma crítica à complacência e à falta de ação diante de problemas sociais e políticos. Muitas vezes, essa atitude pode ser uma resposta à sensação de impotência ou à crença de que as estruturas sociais são inalteráveis. Isso pode levar a um círculo vicioso em que a inação se perpetua, enquanto os problemas se acumulam. Portanto, é crucial que haja um esforço consciente para promover a educação histórica e incentivar uma compreensão mais profunda dos erros que levaram às catástrofes passadas, para que os jovens possam desenvolver uma consciência crítica que os capacite a participar ativamente na construção de sociedades mais justas e resilientes. O diálogo intergeracional também pode ser uma ferramenta poderosa para transmitir essas lições e experiências, ajudando a conectar as gerações e a fomentar um entendimento mais profundo dos desafios atuais.
As pessoas com maior literacia histórica sabem que a História mostra em muitos casos que quem prevaleceu nas mudanças depois do conflito foram os "falcões". Enquanto as "pombas", que representam a paz, a diplomacia e a busca por harmonia foram remetidos para as margens da História. Ou seja, a história, frequentemente escrita pelos vencedores, é sempre cruel. E isso significa que as narrativas que emergem refletem as experiências e as visões de poderosos, em vez de uma visão abrangente e inclusiva de todos os grupos sociais. Essa dinâmica é especialmente evidente em contextos de guerra, revolução ou opressão, onde as vozes de pacificadores e aqueles que buscam a conciliação muitas vezes são esquecidas ou ignoradas.
Esse padrão histórico pode levar à repetição de erros, uma vez que as sociedades podem não aprender as lições da diplomacia e do entendimento mútuo. A ideia de que a sobrevivência depende da força, e não da razão ou da compaixão, pode perpetuar ciclos de violência e conflito. Portanto, é vital que as sociedades atuais busquem dar voz às narrativas das "pombas" e explorem os caminhos que levam à paz e à reconciliação, ao invés de se concentrarem apenas nas histórias dos "falcões". Isso envolve não apenas a educação sobre a História, mas também a promoção de um diálogo inclusivo e da construção de instituições que priorizem a justiça e a equidade. Ao fazer isso, podemos trabalhar para criar um futuro em que a sobrevivência não dependa exclusivamente da força, mas sim do entendimento e da colaboração.
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