sábado, 27 de outubro de 2018

Adão e Eva, ou o Homem Moderno, e as grandes migrações globais



Chamemos-lhe agora Homo sapiens sapiens ao Homem Moderno e cujo representante primitivo foi conhecido por “Homem de Cro-Magnon”, designação que se deve à localidade francesa onde os seus primeiros vestígios foram encontrados. Ele provinha do Sudoeste Asiático ou Próximo Oriente, e iniciou esta migração durante o Paleolítico Superior.

Há 18.000 anos o gelo da Europa paleolítica encontrava-se no ponto máximo do último período glacial, com 2 km de espessura de gelo na zona dos Alpes, e com o mar a 125 metros mais abaixo do que está hoje. Um dos locais menos afetados pela glaciação foi a região franco-cantábrica – no Sudoeste da Provença e nas Astúrias. Outros houve, como é o caso dos Balcãs, Cáucaso e sul de Itália. Mas a partir de 12.000 a.C. verificou-se uma viragem climática acompanhada de degelo, efeito que se fez sentir noutros pontos do planeta como por exemplo no sudeste asiático, que pelo efeito da subida do nível do mar deixou à superfície inúmeras ilhas à volta de Java, onde 40.000 anos antes existia um continente, o “Sunland”.

Na onda neolítica de migração do Homem Moderno para a Europa, num período compreendido aproximadamente entre 12.000 e 6.000 a.C. a Europa passou a ser repovoada com migrações de Homens Modernos, tanto a partir da Ibéria onde se encontravam refugiados do frio, como a partir do Próximo Oriente onde o Homem Moderno já vivia num regime de produção e de acumulação. Os povos da região da Palestina em 6.000 a.C. já haviam abandonado o modo de vida exclusivamente baseado na caça e na colheita de frutos. Assim, foi possível a pastorícia e o desenvolvimento da agricultura, e com ela surgiu a cultura que foi designada por ‘Cultura Natufiense’. É a partir daqui que o pêndulo se inverte de novo com uma nova onda migratória de leste para oeste. A porta de entrada mais provável terá sido a região do Mar Negro por três vias: o Estreito do Bósforo; o sistema fluvial Danúbio-Main-Reno; e o Cáucaso. O que intriga os cientistas é o facto de os marcadores genéticos daqueles povos ibéricos do Paleolítico, que foram bem-sucedidos, terem desaparecido e substituídos pelos marcadores genéticos desta vaga neolítica de povos vindos do Próximo Oriente.

Há que pense que as comunidades mesolíticas de caçadores recolectores do ocidente ibérico, nomeadamente os concheiros do estuário do Tejo e Sado, começaram a contactar com o modo de vida neolítico por povos do Próximo Oriente, que em vez de terem seguido as rotas referidas atrás, seguiram a via do Mediterrâneo. Já se encontram provas dos primeiros pastores e agricultores do Alentejo Central a partir de 5.500 a.C. A discussão acerca de os marcadores genéticos dos primeiros povos a adotar a cultura Neolítica no Alentejo ser de imigrantes vindos do Leste nessa altura, ou serem de povos autóctones, é já outro tema. O que é certo é que o legado genético dos caçadores/coletores do paleolítico foi apagado por imigrações posteriores vindas do Próximo Oriente.

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