À pergunta: “Pode
a vida ter objetivamente sentido?”, há pessoas que respondem que não; e há
pessoas que respondem que sim. As pessoas que respondem que não são
classificadas como pessimistas; e as pessoas que respondem que sim são
classificadas como otimistas. É claro que há sempre subtilezas em questões como
esta, independentemente de serem filosóficas ou não, isto é, trabalhadas por
filósofos profissionais, podia dizer-se que objetivamente a vida tem valor. Mas
quanto ao sentido apenas o terá do ponto de vista subjetivo. O sentido é o que
cada um lhe dá.
A questão é saber
se tudo aquilo que tem sentido porque nos faz feliz, ainda assim se pode
considerar que tem sentido para além disso. E foi precisamente o que Liev
Tolstói questionou em “Confissão” no auge da sua carreira de escritor, quando
tinha todas as razões para se sentir feliz. Angustiadamente, perguntou que
sentido faria tudo aquilo, o facto de ser o melhor escritor do mundo, ter uma
mulher encantadora, e assim por diante. Sim, era nessa altura o mais famoso dos
escritores que havia no mundo – e depois? Tolstói não encontrava resposta para
aquela pergunta. É natural, quando a vida corre mal, ou quando se está
deprimido, que não se encontre nenhum sentido para a vida. Mas o que é
relevante no caso de Tolstói, e penso que é o que acontece a muitas outras
pessoas, é quando, apesar da sua felicidade, não encontrarem nenhum sentido
para essa felicidade: Sou feliz, mas que sentido tem isso?
A noção de valor
desempenha um papel crucial na teorização sobre o sentido da vida, quando temos
todas as condições para sermos felizes e ainda assim nos sentimos inquietos. É nestas
circunstâncias que pomos em causa o valor objetivo da nossa própria felicidade
e da nossa vida. A nossa vida estaria ao serviço de um qualquer propósito que
ultrapassa a nossa própria vida. Assim, a nossa vida não teria como finalidade
última a nossa própria felicidade, mas antes qualquer outro desígnio.
Sem dúvida que a
felicidade individual de uma pessoa pode ser muitíssimo menos importante do que
acabar com a fome do mundo. Mas se acabar com a fome no mundo é contribuir para
a felicidade de milhões de pessoas que agora morrem à fome, acabamos por entrar
no mesmo círculo que considera a felicidade como uma finalidade última. Assim,
a ideia de propósito não consegue evitar o problema central do sentido da vida.
Foi assim que existencialistas ateus franceses, como Sartre e Camus, chegaram à
conclusão que a vida era absurda e que não tinha valor.
Por agora fico-me
pela retenção da seguinte ideia: O sentido da vida é subjetivo. E uma vida tem
sentido se, e só se, for uma entrega ativa a projetos de valor. Então o que
precisamos de saber – para não termos uma vida como a de Sísifo, e ainda por
cima eterna – é que tipos de valores são bons para serem considerados como
valores objetivos.
Todos reconhecemos
alguns tipos fundamentais de valores: éticos, estéticos e cognitivos. O amor, a
amizade, a verdade e a solidariedade.
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