Depois de notar que Oumuamua exibe aceleração não gravitacional, o chefe do departamento de astronomia da Universidade de Harvard sugeriu que poderia ser uma sonda de navegação solar. Mais tarde, o estudo publicado por Seligman & Laughlin em 2020 - depois que observações do Telescópio Espacial Spitzer estabeleceram limites rígidos para a liberação de moléculas baseadas em carbono - sugeriu que se Oumuamua fosse um iceberg de hidrogénio, então o gás hidrogénio puro, que lhe dá um impulso semelhante a um foguete, teria escapado da deteção. A teoria deles é baseada na suposição de que o gelo H2 pode-se formar em densas nuvens moleculares. Se isso for verdade, objetos de gelo H2 podem ser abundantes no universo. O gelo H2 também foi proposto para explicar a matéria escura. O local mais provável para a produção de icebergs de hidrogénio é nos ambientes mais densos do meio interestelar. No entanto, esses ambientes estão muito distantes e não são propícios ao desenvolvimento de icebergs de hidrogénio. Além disso, em regiões com alta densidade de gás, o aquecimento por colisões de gás pode sublimar rapidamente o manto de hidrogénio nos grãos, impedindo-os de crescer ainda mais. Para formar um objeto com o tamanho de 1 km, é preciso primeiro formar grãos de 1 mícron, então esses grãos crescem por colisões pegajosas, mas no caso de um iceberg de hidrogénio, essa teoria não se sustentaria. A sublimação térmica por aquecimento colisional em GMCs poderia destruir icebergs de hidrogénio molecular do tamanho de Oumuamua antes da sua fuga para o meio interestelar como matéria escura. O resfriamento evaporativo nessas situações não reduz o papel da sublimação térmica pela luz das estrelas na destruição de objetos de gelo H2.
A ilustração precedente mostra o processo de rompimento causado pelas marés que pode dar origem a objetos semelhantes ao Oumuamua. Como rodava a cada oito horas, a luz solar refletida mostrava que tinha uma forma muito extrema, pelo menos dez vezes mais longa do que a sua largura. Quando se tenta combinar esta variação da luz refletida ao longo do tempo, a forma que mais se adequava era a de um objecto plano, com a forma de uma panqueca. O que também é estranho quando não se pensa que pode ser um objecto artificial. Um relatório em junho de 2018, publicado na Nature, mostrou que este objecto tinha um impulso excessivo para longe do Sol além da força da gravidade. Como não havia libertação de gases visível nem evaporação deste objecto, não poderia haver este efeito de foguetão como acontece nos cometas.
Se nós, humanos, estamos a enviar aparelhos para o espaço como a Voyager ou a New Horizons, deveríamos estar a procurar equipamentos no espaço que tenham sido enviados por outros. Muitas civilizações existiram antes de nós e morreram, já não existem. Procurar vestígios faz muito mais sentido do que tentar detetar sinais de rádio. É este o sinal de alerta dado pelo Oumuamua. A comunidade científica está de pé atrás porque é algo novo, é um tema em que o público tem muito interesse e muitos académicos preferem manter uma distância do público. Se recuarmos 50 anos, os cientistas começaram a procurar sinais de rádio. Sempre foi pouco convencional, mas deveria ser uma tendência dominante. Investimos centenas de milhões de dólares e não encontrámos matéria escura; mas na busca por relíquias tecnológicas investimos talvez mil vezes menos dinheiro. Se soubermos que não estamos sozinhos, se soubermos que há alguém mais inteligente, isso teria um impacto gigantesco na nossa humanidade. Afetaria as crenças religiosas, crenças filosóficas, afetaria as nossas ambições relacionadas com o espaço, a forma como olhamos uns para os outros. É a questão mais importante, como é que os cientistas podem ignorá-la? Como é que certas ideias como o multiverso são populares entre físicos, mas a possibilidade de vestígios tecnológicos no espaço não é? Nós sabemos que existimos, sabemos que metade das estrelas que se parecem com o Sol tem planetas do tamanho da Terra sensivelmente à mesma distância. Se tivermos circunstâncias semelhantes, poderemos ter resultados semelhantes.
Nina Lanza acredita que a humanidade pode não estar preparada para lidar com vida fora da Terra, mas para si seria ainda mais difícil aceitar que não há. “Nunca nos conseguimos preparar. É como quando as pessoas se perguntam se estão preparadas para ter filhos. Ninguém está preparado. Pode saber-se como é, intelectualmente, mas nunca se sabe o que acontece no coração”. Para Nina Lanza, provar a hipótese de Marte ter albergado vida, mesmo que microscópica, é o propósito principal de um trabalho que começou há mais de 20 anos, quando viu as primeiras imagens enviadas do planeta pelo robô Pathfinder. “Ao longo da História, os humanos pensaram que eram especiais e têm vindo a perceber que afinal não são. Esse é um tema recorrente da investigação científica. Pensávamos realmente que estávamos no centro do Universo, mas não estamos. Nem estamos perto. Talvez a vida que pulula na Terra seja única, mas dada a vastidão do Universo e a forma como a química da vida parece ser comum, talvez não devamos pensar que somos assim tão especiais”.
Nina Lanza refere que se as missões de investigação científica em Marte não conseguirem encontrar provas de vida, isso não permitirá tirar grandes conclusões sobre o resto do Universo: “Só dirá que continua a ser provável que exista vida em todo o lado e que temos que encontrar maneiras melhores de a descobrir. Na Terra, as melhores provas da existência de vida antiga são mais químicas do que outra coisa. Podemos aplicar esse conhecimento às rochas de Marte" . No que respeita ao veículo Perseverance, o trabalho em que Nina Lanza está envolvida consiste em procurar sinais “químicos, mineralógicos, morfológicos e fósseis”, entre outras técnicas. A médio prazo, a fase mais importante do trabalho geológico do Perseverance será obter uma coleção de amostras de rocha e, numa missão posterior, recolhê-las e enviá-las de volta para Terra, algo inédito, que só deverá acontecer entre 2028 e 2031.
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