segunda-feira, 28 de junho de 2021

Rebelião de Stonewall




A Rebelião de Stonewall diz respeito a uma série de manifestações, que começaram por ser espontâneas, de membros da comunidade LGBT contra uma invasão do 
bar Stonewall Innda por parte da polícia de Nova Iorque, e que aconteceu nas primeiras horas da manhã de 28 de junho de 1969, localizado no bairro de Greenwich Village em Manhattan. Foram motins amplamente considerados como o evento mais importante que levou ao movimento moderno de libertação gay e à luta pelos direitos LGBT.




A polícia tentou conter parte da multidão, carregando sobre algumas pessoas, o que incitou ainda mais os manifestantes. À medida que a multidão tentava derrubar o carro da polícia, e alguns cortes nos pneus, a agitação atraiu mais pessoas que queriam saber o que se estava a passar. Alguém na multidão declarou que o bar tinha sido invadido porque não pagara à polícia. Várias moedas começaram a cair sobre a polícia, enquanto a multidão gritava "Porcos!" Latas de cerveja pelo ar e a polícia a atacar. Alguns encontraram uma pilha de tijolos num local em construção próximo. A polícia esmagada por cerca de  500 a 600 pessoas, começou a prender algumas, como foi o caso do cantor popular Dave Van Ronk - que tinha sido atraído pela revolta enquanto estava num bar perto do Stonewall. Embora Van Ronk não fosse gay, ele tinha sentido a violência da polícia quando participou numa manifestação contra a guerra do Vietname. Múltiplos relatos do motim afirmam que não houve uma organização pré-existente ou causa aparente para a revolta: o que aconteceu foi algo espontâneo.




A diferença naquela ocasião foi que os frequentadores do Stonewall, cansados de tanto assédio, decidiram resistir à violência policial. Nos dias e semanas seguintes a comunidade LGBT local auto-organizou-se em torno da exigência a poderem viver em segurança a sua sexualidade; passado um ano, decidiram comemorar o 28 de junho, dando assim início nos anos de 1970 àquilo que hoje é designado por "Dia do Orgulho LGBT". Pretendem que os direitos que reivindicam não sejam mais do que pura e simplesmente Direitos Humanos. São direitos de pessoas que são seres humanos como quaisquer outras pessoas. São simplesmente direitos de pessoas a serem pessoas.




No contexto atual, estas reivindicações ainda são muito mal compreendidas em alguns países, porque não são entendidos como verdadeiros direitos políticos. Mas claro que são direitos políticos. Como quaisquer outros direitos humanos, são uma questão profundamente política. Que os direitos humanos são políticos não oferece dúvida. E não têm de de ser controversos. Enquanto direitos humanos eles não são controversos.

Se partirmos do princípio que é consensualmente aceitável a ideia de que foi através da construção de um discurso idiossincrático que conferiu privilégios sociais e de poder ao homem branco, então temos de admitir o desafio desse poder por parte de grupos que subjetivamente se sentem marginalizados por ele, e ao mesmo tempo dar azo a que as suas vozes tenham precedência. Ainda não é líquido que esse consenso esteja estabelecido na sociedade. E, por outro lado, ainda há controvérsia quanto a realidades autocentradas poderem estar a salvo de oportunismos indevidos no assalto ao poder, legitimando o surgimento de novos privilegiados. Portanto, será uma obrigação moral todos os conotados como privilegiados do status quo, incorporarem na sua mundividência outras formas de visão veiculadas pelos designados: "estudos" feministas; pós-coloniais; etc.? Incluindo a superstição, as crenças espirituais tipo Nova Era, e até mesmo as experiências baseadas na identidade e experiências emocionais?

Estes "estudos" têm como premissa a ideia de que pessoas com diferentes identidades marginalizadas têm diferentes conhecimentos decorrentes das suas experiências pessoais, sentidas e vividas em partilha de identidade de grupo, particularmente devido à sua exposição à opressão e exploração sistémicas, quando são forçadas a operar dentro de um sistema dominante que não é o seu. Mas ao contrário do paradigma científico das chamadas "ciências duras" (escrupulosamente despidas de preconceitos ou raciocínios motivados, porque obcecados pela sua luta pela objetividade), os "estudos de Cultura e Justiça Social" não funcionam com a mesma objetividade. Estes “estudos” pressupõem um compromisso político estribado numa Teoria e numa Ideologia. E foi assim que os ‘académicos’, com este tipo de compromisso, se transformaram em efetivos ‘ativistas políticos’. E foi assim que algumas universidades se tornaram progressivamente mais parecidas com ‘igrejas’, na medida em que os seus professores passaram a dizer aos seus alunos que se tornassem membros de organizações de protesto por causas que eles consideravam legítimas.

Hoje há muita gente comum confundida quando ouve um certo discurso nos ‘media’ ativamente pronunciado por uma ampla faixa de intelectuais e ativistas, predominantemente de esquerda, como sendo a verdade dominante, de pleno direito, acerca do que deve ser a Justiça Social. Mas muita dessa gente manifesta-se perplexa, porque quando faz a pergunta: “de onde nasceu essa verdade?”, recebe como resposta que não se podem dar ao luxo de a questionar, quando, pelo contrário, lhes é devido um certo número de atitudes politicamente corretas. Ora, isso tem deixado essas pessoas ainda mais confusas e alarmadas. Por exemplo, engenheiros americanos foram despedidos de uma certa organização hegemónica por dizerem apenas: "que obviamente havia diferenças entre os géneros". Um outro caso passou-se na BBC com um humorista – quando ao ter tecido piadas que poderiam ser interpretadas como racistas por parte de certos cidadãos – que acabou por ser convidado a não continuar com o seu programa.

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