A história da cidade de Gdańsk é complexa, com períodos de domínio polonês, prussiano e alemão, e períodos de autonomia ou auto-governo como uma cidade-estado livre. Fundada no século X como uma fortaleza polaca, Gdańsk foi uma importante fortificação, um porto de pesca e um centro comercial de âmbar e artesanato. Em 1308, foi ocupada pelos Cavaleiros Teutónicos, que massacraram os habitantes em 13 de novembro. Após a rebelião contra os Cavaleiros Teutónicos, em 1454, a cidade voltou novamente a pertencer à Polónia. O retorno para a Polónia foi sancionado pela Paz de Torun em 1466.
E foi em 1627, perto de Oliwa ( dentro atual distrito de Gdańsk), que se travou uma das batalhas marítimas mais importantes da história da Polónia contra os suecos, e da qual os polacos saíram vencedores. E assim continuou a ser uma cidade real do Reino da Polónia, a maior cidade da Polónia e um porto estratégico da Liga Hanseática até ao século XVIII, quando o desenvolvimento polaco passou a dar-se em Varsóvia. Como uma das dez maiores e mais influentes cidades da Polónia, Gdańsk tinha o direito de participar nas eleições do rei da Polónia (a eleição foi introduzida em 1569). Administrativamente fazia parte da voivodia da Pomerânia.
Ao lado da maioria dos falantes do alemão, cujas elites às vezes distinguiam o seu dialeto alemão como “pomeraniano”, a cidade abrigava um grande número de polacos, judeus, curdos de língua letã, flamengos e holandeses. Além disso, alguns escoceses se refugiaram ou migraram e receberam cidadania na cidade. Durante a Reforma Protestante, a maioria dos habitantes de língua alemã adotou o luteranismo. Devido ao estatuto especial da cidade, e ao seu significado dentro da República polaca-lituana, os habitantes da cidade tornaram-se em grande parte multiculturais, compartilhando a cultura polaca e alemã, e foram fortemente ligados às tradições da República polaca-lituana. Mas enquanto reduto partidário de Stanislaw Leszczynski, durante a guerra da sucessão foi tomada pelos russos após o cerco da cidade em 1734.
Devido às guerras do século XVIII, a cidade sofreu um declínio económico agravado por uma grande epidemia, o que proporcionou a sua anexação pelo Reino da Prússia em 1793. Era a Segunda Partição da Polónia. Gdańsk, passando a fazer parte da Prússia, chama-se agora Danzigue, o nome da cidade em língua alemã. Tanto a população polaca quanto a alemã se opuseram em grande parte à anexação prussiana, e desejavam que a cidade permanecesse parte da Polónia. O prefeito da cidade renunciou ao cargo devido à anexação, e o notável vereador Jan (Johann) Uphagen, historiador e colecionador de arte, cuja casa barroca agora é um museu, também renunciou como sinal de protesto contra a anexação. Uma tentativa de revolta estudantil contra a Prússia liderada por Gottfried Benjamin Bartholde, foi esmagada rapidamente pelas autoridades em 1797.
Vem o tempo de Napoleão e das guerras napoleónicas, e o rei Frederico Guilherme III da Prússia é derrotado, e Danzigue, após ter sido conquistada pelas tropas napoleónicas em 9 de setembro de 1807, assume o estatuto de cidade-estado, uma república semi-independente. O território da nova república ficava encravado em terras da província da Prússia Ocidental, com os seus arredores rurais na foz do rio Vístula incluindo Oliwa, juntamente com a Península de Hel e o respetivo farol, bem como a metade sul do Cordão do Vístula. O Reino da Saxónia, e o Ducado de Varsóvia, foram nomeadas potências garantes. O marechal François Joseph Lefebvre, comandante do cerco de Danzigue, recebeu o título honorífico de Duque de Danzigue das mãos de Napoleão. Contudo, quem realmente governava a cidade era o governador francês, o General Jean Rapp. A cidade teve que acomodar a Grande Armada de Napoleão, pagando um forte tributo para a preparação da Campanha da Rússia em 1812. Mas depois o exército imperial russo cercou Danzigue. Apesar das autoridades prussianas terem feito de Danzigue a capital da Prússia Ocidental e o centro administrativo da região de Danzigue (Regierungsbezirk Danzig), a autonomia da cidade foi significativamente reduzida. Após a derrota da França, e do Congresso de Viena, em 1815, Danzigue voltou a ser reintegrada no Reino da Prússia Ocidental. O presidente mais longevo da cidade foi Robert von Blumenthal, que ocupou o cargo de 1841, através das revoluções de 1848 até 1863. Com a unificação da Alemanha em 1871, sob a hegemonia prussiana, a cidade tornou-se parte do Império Alemão e permaneceu assim até 1919, altura em que a Alemanha sai derrotada da Primeira Guerra Mundial.
Assim, depois da Primeira Guerra Mundial, Danzigue é novamente Gdańsk, ficando livre das constantes disputas entre a Polónia e a Alemanha. Chamada Corredor Polaco, no entanto manteve-se entre 1920 e 1939 sob a mira dos nazis. Não deixava de ser um porto polaco no mar Báltico, em conformidade com os termos do artigo 100 (Seção XI da Parte III) do Tratado de Versalhes de 1919, que ditava que a região deveria permanecer separada da Alemanha pós-Primeira Guerra Mundial (a República de Weimar) e da nova nação independente - a República Polaca - sem ser um Estado independente. Era uma “Cidade Livre” sob a proteção da Liga das Nações e colocada numa união aduaneira com a Polónia. O seu ambíguo estatuto político foi explorado pela Alemanha. As tensões foram aumentando entre os dois países até culminar na invasão da Polónia pela Alemanha nazi, dando início à Segunda Guerra Mundial.
A cidade era de maioria alemã, mas tinha uma minoria significativa de polacos. A população alemã se ressentia da separação da Alemanha, e submetia a minoria polaca à discriminação e ao assédio com base étnica. Isso era especialmente verdade após o Partido Nazi assumir o controlo político em 1935-1936. Uma vez que a Polónia ainda não tinha o controlo completo do porto, especialmente em relação ao equipamento militar, um novo porto foi construído nas proximidades de Gdynia, tendo começado os trabalhos em 1921. Em 1933, o governo da cidade foi tomado pelo Partido Nazi local, que suprimiu a oposição democrática. Devido à perseguição antissemita e a opressão, muitos judeus emigraram. Após a invasão alemã da Polónia em 1939, os nazis aboliram a Cidade Livre e incorporaram a área ao recém-formado Reichsgau de Danzigue-Prússia Ocidental. Os nazis classificaram os polacos e os judeus que viviam na cidade como "sujeitos do Estado", submetendo-os a discriminação, a trabalho forçado, e expulsões. Muitos foram enviados para campos de concentração.
No fim da Guerra, durante a conquista da cidade pelo Exército Vermelho nos primeiros meses de 1945, muitos cidadãos foram mortos, e outros tiveram que fugir. Depois da Guerra, muitos sobreviventes de etnia alemã foram expulsos e deportados para o Ocidente. E os polacos minoritários do início da Guerra, começaram a voltar. A cidade passou de novo para a Polónia, como consequência da Conferência de Potsdam. Polacos substituíram a população alemã. Na Conferência de Ialta, em fevereiro de 1945, os Aliados acordaram que a cidade se tornaria parte da Polónia. Em 1947 - 126.472 de etnia alemã foram expulsos para a Alemanha a partir de Gdańsk. E, 101.873 polacos da Polónia Central; e 26.629 da Polónia-Oriental ficaram sob a alçada da União Soviética. Do habitantes que viviam na Cidade Livre em 1950 - mais de 285.000 de etnia alemã foram viver para a Alemanha; e 13.424 ficaram, tendo recebido a nacionalidade polaca.
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