segunda-feira, 18 de outubro de 2021

Grozni




Grozni é a capital da Chechénia, uma das Repúblicas da Federação Russa, da região do Cáucaso. A cidade situa-se no centro geométrico dos campos petrolíferos da Rússia. A cidade foi quase completamente destruída, ou seriamente danificada, durante as Guerras da Chechénia na década de 1990. Grozni foi capturada pelo exército russo durante a Primeira Guerra da Chechénia, mas as operações da guerrilha, a partir das montanhas, conseguiram provocar a retirada das tropas russas em 1996. A história da Chechénia na viragem do 3º milénio é marcada por duas guerras. Mas as hostilidades formais remontam a 1785. Os chechenos e outras nações caucasianas viveram independentes por alguns anos antes de serem “sovietizadas” em 1921. Como a União Soviética se desintegrou, os separatistas chechenos declararam a independência em 1991.

Depois do fim da União Soviética, um grupo de líderes chechenos declarou-se como governo legítimo da República Chechena da Ichkéria, declarando a independência com o anúncio de um novo parlamento. Até hoje, a sua independência não foi reconhecida por nenhum país. Entretanto, esta declaração tem causado conflitos armados em que diversos grupos rivais chechenos e o exército da Rússia se envolveram, resultando em aproximadamente 150 mil mortos, no período entre 1994 e 2003.

Os insurgentes chechenos infligiram grandes baixas aos russos. As tropas russas não tinham conseguido capturar Grozni até que finalmente a tomaram em fevereiro de 1995 após pesada luta. Em agosto de 1996 Ieltsin acordou um cessar-fogo com os líderes chechenos, e um tratado de paz foi formalmente assinado em maio de 1997. O conflito retornou em setembro de 1999. Uma década de guerra deixou a maior parte da Chechénia sob controlo militar. Guerrilheiros islâmicos chechenos invadiram a vizinha república russa do Daguestão e anunciaram a criação de um Estado islâmico. A maioria da população, em ambas as repúblicas, é muçulmana da vertente sunita. Atentados contra edifícios, em cidades russas, mataram mais de 300 pessoas. O governo responsabilizou os separatistas chechenos e enviou tropas para a República da Chechénia.

Apesar da pressão para um cessar-fogo, o governo russo rejeitou mediação internacional. Mas as denúncias de massacres, violações e torturas cometidos pelas tropas contra centenas de civis levam o país a aceitar em março de 2000 a visita de representantes da ONU à Chechénia. As emboscadas e os ataques por bombistas suicidas contra as tropas russas prosseguiam, assim como os bombardeamentos aéreos russos. Em junho de 2000 Putin põe a Chechénia sob administração direta da Presidência da Federação Russa. Em setembro de 2004, uma escola de Beslan, na república russa da Ossétia do Norte, foi palco de uma das maiores barbáries da atualidade. Terroristas aprisionaram, torturaram e mataram crianças, pais e professores.

As estimativas mais conservadoras dão conta da morte de mais de 35.000 civis chechenos - além dos 7.500 militares russos e dos 4.000 combatentes chechenos mortos. Grande número de combatentes jihadistas estrangeiros entrou no conflito, como foi o caso dos mujahidins do Afeganistão. O apoio da Arábia Saudita aos separatistas chechenos tornou as relações russo-sauditas mais tensas, ao ponto de o presidente Putin ameaçar publicamente o governo saudita de retaliação militar. O apoio da Geórgia aos separatistas chechenos também foi considerado um dos fatores que ajudaram a deteriorar as relações da Rússia com a Geórgia.




Nos dias de hoje a Chechénia tem sido notícia por causa dos Direitos LGBT. Tem sido motivo de preocupação entre as organizações de Direitos Humanos, como a Amnistia Internacional, e a Human Rights Watch. A Chechénia sendo uma república semiautónoma dentro das fronteiras da Rússia, tem o seu próprio código legal, em que o Estado prevê a pena de morte (oficialmente suspensa) para as relações sexuais entre homens. Além disso, está excluída qualquer hipótese de existência de grupos de cidadãos em prol da proteção em relação a pessoas com a classificação LGBT. Mas, escandalosamente, o governo incentiva o assassinato de pessoas suspeitas de homossexualidade por intermédio das suas próprias famílias.

Desde março de 2017, uma violenta repressão à comunidade LGBT levou ao sequestro e detenção de homens homossexuais e bissexuais, que foram espancados e torturados. Um painel de consultores especializados do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas informou no início de abril de 2017 o seguinte: «Estes são atos de perseguição e violência numa escala sem precedentes na região, e constituem graves violações das obrigações da Federação Russa nos termos do Direito Internacional e dos Direitos Humanos.» Em 2017 foi descoberto na Chechénia um campo de concentração para tortura de homossexuais.

A sociedade da Chechénia é uma sociedade conservadora, de religião predominantemente islâmica, em que a homofobia é generalizada e a homossexualidade é um tabu. Ramzan Kadyrov é o atual chefe da República Chechena, filho do 1º presidente checheno Akhmad Kadyrov, assassinado em maio de 2004. A Human Rights Watch informou em 2017 que «É difícil exagerar o quão vulnerável as pessoas LGBT estão na Chechénia, onde a homofobia é intensa e desenfreada. As pessoas LGBT estão em perigo não só de perseguição pelas autoridades, mas também de vítimas de homicídios de honra por seus próprios parentes por mancharem a honra da família.» 

Ramzan Kadyrov também encorajou assassinatos extrajudiciais por membros da própria família como uma alternativa à aplicação da lei. Em alguns casos, os homossexuais na prisão foram libertados especificamente para permitir que fossem assassinados por parentes. Um número desconhecido de homens, que as autoridades detiveram sob suspeita de serem homossexuais ou bissexuais, teriam morrido depois de terem sido mantidos numa espécie de campos de concentração. À medida que as notícias sobre as ações das autoridades chechenas se espalhavam, que foram descritas como parte de uma purga sistemática contra pessoas LGBT, ativistas russos e internacionais tentaram evacuar sobreviventes dos campos e outros chechenos vulneráveis, mas encontraram dificuldade em obter vistos para conduzi-los com segurança para outros lugares.

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