quinta-feira, 28 de outubro de 2021

Os mistérios da Ilha de Páscoa





A Ilha de Páscoa Está situada a 3.700 km de distância da costa oeste do Chile do qual é uma província da região de Valparaíso. Com uma população em 2002 de 3.791 habitantes, 3.304 viviam na capital, Hanga Roa. É famosa pelas suas enormes estátuas de pedra, os moais. A língua que se fala é o Rapa Nui e o Espanhol. A Ilha de Páscoa é o pedaço de terra habitado mais isolado do mundo. A oeste ficam as ilhas Pitcairn da Polinésia a 2000 Km. Saindo do Chile de avião, demora-se cinco horas para lá chegar, sobrevoando apenas a água do Oceano Pacífico. Rano Raraku é uma cratera vulcânica aproximadamente circular de cerca de 550 metros de diâmetro, onde se encontra a pedreira das suas famosas estátuas de pedra que eram esculpidas no local. Estão espalhadas pelo interior e exterior da cratera 397 estátuas de pedra, representando de modo estilizado um torso humano masculino de longas orelhas e sem pernas, a maioria com 4,5 a 6 metros, embora a maior delas tenha mais de 20 metros. Pesam entre 10 e 270 toneladas. Pode-se discernir os restos de uma estrada de transporte saindo da cratera através de um desfiladeiro no ponto mais baixo do bordo da cratera, e da qual partem outras três estradas de transporte com cerca de 7,5 metros de largura irradiando para os outros três pontos cardeais da costa da ilha a cerca de 15 quilómetros de distância.




A mitologia Rapa Nui, também conhecida como mitologia da Ilha de Páscoa, refere-se aos mitos nativos, lendas e crenças do povo Rapa Nui, segundo a qual foi Hotu Matu’a o primeiro colonizador da Ilha de Páscoa, cuja designação ‘ariki mau’ significa chefe supremo ou rei. Hotu Matu'a metido na sua dupla canoa com a família – dois troncos de árvore escavados e unidos – desembarcaram na praia de Anakena a partir da qual se espalharam pela ilha. Subdividiram-se em clãs. Até que em 1722 chegou à ilha o holandês Jacob Roggeveen.

As estátuas em pedra maciça (moais) representam os seus antepassados divinizados. É o único elemento mais visível na cultura do povo Rapa Nui. Esculturas alinhadas ao longo do litoral com as costas viradas para o mar. Tangata manu é um culto do homem-pássaro que sucedeu à era dos moai, já na fase terminal da civilização em que eclodiu a guerra devido à escassez dos recursos alimentares. A construção das estátuas parou. Elementos comuns da história oral que foram extraídos de lendas da ilha, contam que os polinésios entraram na ilha pela primeira vez entre 300 e 800 desta era. Análise linguística sugere que eram polinésios das ilhas Marquesas. O DNA e pólen apontam para um primeiro assentamento polinésio da ilha naquela época, mas é improvável que outros detalhes possam ser verificados. Há uma incerteza considerável sobre a precisão da data.




As estátuas que ficaram na pedreira estão em diferentes estágios de conclusão. Algumas ainda estão presas à rocha na qual foram esculpidas, esboçadas, mas ainda sem detalhes como orelhas e mãos. Outras estão acabadas, extraídas da rocha e repousam sobre a encosta da cratera, abaixo do nicho onde foram esculpidas, e há ainda outras que foram erguidas dentro da cratera. Espalhados pelo chão da pedreira estão as picaretas de pedra, brocas e martelos com que as estátuas eram esculpidas. Ao redor de cada estátua, ainda junto à pedra, estão as valas onde ficavam os escultores.




Os muitos mistérios de Páscoa já eram evidentes para seu descobridor europeu, o explorador holandês Jacob Roggeveen, que avistou a ilha no Domingo de Páscoa (5 de abril de 1722), daí o nome com o qual a batizou e que ainda permanece. A ilha que ele encontrou era um lugar ermo com pequenos arbustos, mas sem nenhuma árvore com mais de três metros de altura. O que aconteceu com todas as árvores que outrora certamente estiveram ali?

Sabemos que uma viagem à Ilha de Páscoa a partir de outra ilha da Polinésia mais próxima, a oeste, demoraria muitos dias. Daí que Roggeveen e os visitantes europeus que o sucederam se tenham surpreendido ao descobrirem que os únicos barcos dos habitantes de Páscoa eram pequenas canoas mal vedadas, com não mais que três metros de comprimento, capazes de levar uma, no máximo duas pessoas.

Apesar de não terem bússola nem instrumentos de metal, os polinésios eram mestres da arte da navegação e da tecnologia de fabricação de canoas à vela. Por volta de 1200 desta era os polinésios tinham atingido toda a terra habitável do Pacífico compreendido entre o Havai, a Nova Zelândia e a Ilha de Páscoa. Hoje está claro que as descobertas e a colonização das ilhas foram meticulosamente planeadas. Ao contrário do que se poderia pensar terem sido viagens acidentais, a maior parte da Polinésia foi povoada de oeste para leste, direção oposta à dos ventos e correntes que prevalecem no Pacifico, que são de leste para oeste. As transferências de muitas espécies de plantas e animais - taro, bananas, porcos e galinhas - não deixam dúvida de que a ocupação foi bem preparada pelos colonizadores, que se preocuparam em trazer de suas terras de origem produtos considerados essenciais para a sobrevivência na nova colónia.

Através de que rota a Ilha de Páscoa, a ilha polinésia mais a leste, foi ocupada? Os ventos e correntes descartariam uma viagem direta das Marquesas, ilhas que possuíam uma grande população e que foram a fonte da ocupação do Havai. Em vez disso, as ilhas de partida mais prováveis para a colonização de Páscoa devem ter sido Mangareva, Pitcairn e Henderson, que ficam a meio caminho entre as Marquesas e Páscoa. 
Os polinésios sabiam como identificar uma ilha muito antes de ela ser avistável. Eram os bandos de aves marinhas que já apareciam a 160 Km dessas ilhas. 

Ilha de Páscoa é o exemplo mais extremo de destruição de florestas das ilhas do Pacifico, e está entre os mais extremos do mundo: toda a floresta desapareceu, todas as suas espécies de árvore se extinguiram. As consequências imediatas para os insulares foram a perda de matérias-primas, perda de fontes de caça e diminuição das colheitas. A proliferação de pequenas estátuas moai kavakava, com bochechas afundadas e costelas salientes, ilustram que se tratava de gente que passava fome. 

A primeira descrição europeia foi feita pelo capitão Cook quando em 1774 lá chegou e ficou por quatro dias. Enviou um destacamento para fazer o reconhecimento da ilha. Trazia consigo um taitiano cujo linguajar polinésio era similar ao dos autóctones, de modo que pôde recolher deles informações. 

Cook comentou ter visto estátuas tombadas, assim como outras ainda de pé. A última menção europeia de uma estátua erguida foi feita em 1838. Em 1868 já não havia nenhuma estátua em pé. As tradições relatam que a última estátua a ser derrubada, por volta de 1840, foi a estátua mais alta, supostamente erguida por uma mulher em homenagem ao marido, e que foi derrubada por inimigos tendo ficada quebrada ao meio. O capitão Cook descreveu a gente da Ilha de Páscoa assim: "pequenos, magros, tímidos e miseráveis". 

Organizar as esculturas, transportá-las a uma certa distância, e erguê-las, requeria uma sociedade populosa e complexa, vivendo num ambiente com bastantes recursos para sustentá-la. O número e o tamanho das estátuas sugerem uma população muito maior do que os poucos milhares de pessoas encontradas pelos visitantes europeus no século XVIII e no início do século XIX. Como eram alimentados? A
 ilha vista por Roggeveen não tinha animais terrestres nativos maiores que insetos, e nenhum animal doméstico exceto galinhas. Seria uma sociedade complexa, denunciada pela ampla distribuição das estátuas a partir da pedreira no extremo leste, onde havia as melhores. Mas as melhores pedras para fazer instrumentos encontravam-se no Sudeste. A melhor praia para pescar está no Noroeste. E as melhores terras de cultivo ao sul. Extrair e distribuir todos esses produtos requereria um sistema capaz de integrar a economia da ilha. Como isso pode ter surgido numa paisagem tão pobre e desolada, e o que aconteceu com esse sistema?

Muitos europeus não acreditavam que os polinésios, "meros selvagens", pudessem ter criado aquelas estátuas ou as belamente construídas plataformas de pedra. O explorador norueguês Thor Heyerdahl, sem querer atribuir tais habilidades aos polinésios que se espalharam da Ásia através do Pacífico Ocidental, argumentou que a Ilha de Páscoa fora colonizada através do Pacífico Oriental, por sociedades mais avançadas da América do Sul. Os especuladores da chamada 'história alternativa' desenvolveram a tese da Atlântida a partir da qual os antigos habitantes da América do Sul haviam sido civilizados. A famosa expedição Kon-Tiki de Heyerdahl e suas outras viagens a bordo de embarcações precárias pretendiam provar a factibilidade de tais contactos transoceânicos pré-históricos do Atlântico, e para apoiar conexões entre as pirâmides do Antigo Egito, a colossal arquitetura megalítica do Império Inca, na América do Sul, as pirâmides dos Maias, e as gigantescas estátuas de pedra da Ilha de Páscoa

Uma versão ainda mais estapafúrdia foi propagandeada pelo escritor suíço Erich von Däniken, acreditando em visitas de astronautas extraterrestres. Alegou que as estátuas de Páscoa eram trabalho de seres inteligentes de outro planeta mais sofisticado tecnologicamente.

A explicação para tais mistérios que emerge atualmente atribui a escultura das estátuas às picaretas de pedra e outros instrumentos comprovadamente espalhados por Rano Raraku mais do que a hipotéticos fenómenos rocambolescos.


Sem comentários:

Enviar um comentário