terça-feira, 26 de outubro de 2021

Mitrídates


O nome Mitrídates é a forma grega do indo-ariano Mithra-Datt, que significa alguém doado por Mitra, deus-sol indo-ariano, e Datt (doado por) deriva do radical protoindo-europeu da = "dar". E é o nome de um grande número de reis, soldados e estadistas de uma região que abrange – Pártia, Ibéria, Arménia, Ponto. 




Mitrídates VI do Ponto, chamado Eupator Dionísio [132 a.C. - 63 a.C.]. Também conhecido como Mitrídates, o Grande, foi rei do Ponto, na Anatólia, de 120 a 63 a.C. Mitrídates VI era filho de Mitridates V do Ponto [150 a.C. – 120 a.C.], conhecido como Evérgeta. Ele tornou-se rei aos treze anos, governando sob a regência de sua mãe. Um dia mandou prendê-la e ordenou a sua execução, juntamente com um irmão. Mitrídates expandiu o seu reino conquistando os reinos em torno do rio Fásis e na região do Cáucaso. Ambicioso, invadiu alguns de seus vizinhos como a Bitínia, o que levaria mais tarde ao conflito com a República Romana. Mitrídates conquistou a Capadócia e matou o rei Ariárates VII e seu sobrinho, com as suas próprias mãos. 

Após conquistar a Anatólia ocidental em 88 a.C., Mitrídates ordenou a execução de todos os habitantes romanos da área. Durante a 1ª Guerra Mitridática (88 a 84 a.C.), Lúcio Cornélio Sula expulsou Mitrídates da Grécia, mas viu-se forçado a retornar a Itália para enfrentar a ameaça de Caio MárioEm 84 a.C. Nicomedes foi restaurado no trono da Bitínia, e os anos que seguiram foram relativamente pacíficos, com uma ingerência constante e crescente de Roma nos assuntos internos. Em 80 a.C. Júlio César foi enviado como embaixador à corte de Nicomedes. Durante a sua estadia na Bitínia, houve rumores de que ambos – Júlio César e Nicomedes - foram amantes, o qual motivou que os adversários políticos de Júlio César o apelidassem "Rainha da Bitínia", até mesmo tempo depois da sua estadia no reino. Em um dos últimos atos como rei da Bitínia, em 74 a.C., Nicomedes legou o seu reino inteiro a Roma e o Senado Romano depressa votou por integrar a Bitínia como uma nova província. Porém, Mitrídates tratou de proclamar para si o reino à morte de Nicomedes. Desta maneira, Nicomedes IV foi o último rei da Bitínia. Quando Roma tentou anexar a Bitínia, Mitrídates atacou com um exército ainda maior, no que viria a ser a 2ª Guerra Mitridática (83 a 81 a.C.). Em sucessão, Roma enviou Luculo, Aurélio Cota e Pompeu para enfrentá-lo; este último derrotou-o afinal na 3ª Guerra Mitridática (75 a 65 a.C.). Mitrídates refugiou-se na cidadela de Panticapeu e suicidou-se, sendo sucedido por seu filho Fárnaces II do Ponto.

Há duas lendas curiosas a respeito de Mitrídates VI do Ponto. Supostamente, a sua prodigiosa memória lhe permitia falar vinte e cinco línguas, de modo que podia comunicar-se com cada soldado de seus grandes exércitos no seu próprio idioma. Devido a esta lenda, certos livros que contêm excertos de muitas línguas chamam-se "Mitrídates". A segunda lenda relata que Mitrídates VI procurou imunizar-se contra um eventual envenenamento, tomando doses crescentes (mas nunca letais) dos venenos de que tinha conhecimento, até que fosse capaz de tolerar até mesmo uma dose mortal. Alguns chamam a esta prática 
Mitridatismo, para referir o processo pelo qual organismos vivos, a partir da sensibilização por doses crescentes de veneno desenvolvem defesas específicas para o tipo de veneno que foi utilizado, resultando numa imunidade até para elevadas doses. É o caso da dessensibilização à picada das abelhas para quem seja demasiadamente alérgico ao ponto de fazer um choque anafilático. Conforme a lenda, após ser derrotado por Pompeu, Mitrídates tentou o suicídio por envenenamento, sem efeito devido a sua imunidade. Teria, então, forçado um de seus servos a matá-lo à espada. Esta história é contada na peça Mitrídates (1673), de Jean Racine, e na ópera ‘Mitridates, re di Ponto’, de Mozart.

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Outros Mitrídates

Mitrídates I da Pártia [195 a.C. – 138 a.C.] fez da Pártia uma grande força política, expandindo o império para o Oeste até à Mesopotâmia. Durante o seu reinado, os partas tomaram Babilónia (144 a.C.); a Média (141 a.C.) e a Pérsia (139 a.C.). Capturou o governante selêucida Demétrio II Nicator. Demétrio II depois casou-se com a filha de Mitrídates I, Rodoguna. A Leste, Mitrídates I estendeu o seu controlo à Margiana, Cítia e Báctria. Assim completou o controlo parta das rotas de comércio entre o Leste e o Oeste, a Rota da Seda e a Estrada Real. Este controlo de comércio foi a fundação da riqueza e poder parta, e foi zelosamente guardado pelos arsácidas. O controlo parta quebrou a linha ténue com os gregos no Oeste que sustentava o helenístico Reino Greco-Báctrio.

Mitrídates I do Bósforo, líder de Pérgamo e, possivelmente, um dos muitos filhos bastardos de Mitrídates VI do Ponto. Quando Júlio César ficou preso em Alexandria, no inverno de 48 a.C., Mitrídates levantou um exército e foi em seu auxílio, juntamente com Antípatro, ajudando-o a vencer a Batalha do Nilo, que decretou a queda (e morte) de Ptolomeu XIII e a ascensão de Cleópatra ao trono do Egito.

Mitrídates da Arménia foi um governante da Arménia no período em que a Arménia era partilhada por Roma e Pártia, tendo governado como um protetorado romano entre 35 e 37. Governou por duas vezes entre os dois reinados de Orodes da Arménia. O seu segundo reinado foi sucedido por Radamisto.

E mais Mitrídates havia para falar deles, como, por exemplo, um Mitrídates persa, sobrinho de Dario III, que foi assassinado em 334 a.C. 

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