quinta-feira, 28 de outubro de 2021

Quem quererá uma Ilha de Páscoa Global para este tempo?



A 26ª Conferência das Partes (COP26) reúne em Glasgow no próximo dia 31 de outubro, e que se estenderá até ao dia 12 de novembro, líderes mundiais com o propósito de ainda irmos a tempo de controlar os efeitos catastróficos sobre todo o Planeta do aquecimento global de origem antropogénica. O colapso da sociedade da Ilha de Páscoa é uma metáfora: o que aconteceu à Ilha de Páscoa é o que podemos esperar mais cedo do que tarde para toda a Terra. É claro que a metáfora é imperfeita, porque o que há de superior em nós é mil vezes pior. Se o uso apenas de pedras como ferramentas, e à
 custa dos próprios músculos como fonte de energia, conseguiu destruir o ambiente da Ilha de Páscoa, o que não farão 7,5 mil milhões de pessoas a fazer a vida de um europeu ou um americano economicamente minimamente remediado faz nos dias de hoje?

Recapitulando o 'post' anterior, a Ilha de Páscoa é uma ilha triangular cuja formação resultou de três vulcões que se ergueram do mar, juntando-se uns aos outros em tempos diferentes, há dois ou três milhões de anos, e que ficaram adormecidos. Poike, o vulcão no ângulo nordeste da ilha é o mais velho. Seguiu-se o Rano Raraku. Há cerca de 200 mil anos deu-se a última erupção cuja lava cobriu 95% da superfície da ilha.

Os paralelos entre o que está a ocorrer nestes tempos a nível global e a Ilha de Páscoa são assustadoramente óbvios. Graças à globalização, comércio internacional, aviões a jato e Internet, todos os países da Terra de hoje em dia compartilham recursos e afetam uns aos outros, assim como fizeram os 12 clãs de Páscoa. A Ilha de Páscoa estava tão isolada no Oceano Pacífico quanto a Terra está hoje no espaço do sistema solar. Os habitantes de Páscoa tiveram as dificuldades que nós hoje estamos a ter em toda a Terra. Quando os de Páscoa tiveram dificuldades, não havia para onde fugir, nem a quem pedir ajuda. O mesmo se passa agora, também não temos a quem recorrer caso precisemos de ajuda. 

O colapso de Páscoa é o exemplo mais claro de uma sociedade que se destruiu pelo abuso dos seus recursos. Não havia ataques por sociedades vizinhas hostis. Consequentemente também não havia apoios. A causa do colapso de Páscoa foi interna. Não há prova de que havia povos inimigos ou amigos em contacto com a sociedade da Ilha de Páscoa após esta ter sido fundada. Mesmo que algumas canoas tenham chegado posteriormente, tais contactos não devem ter ocorrido em grande escala o bastante para constituírem ameaça ou apoio importantes. Quanto a razões de alterações climáticas, nunca se obtiveram provas.

O número de casas nas terras baixas do litoral - onde quase toda a gente vivia, e que atingiu o seu auge entre 1400 e 1600, em 1700 estavam reduzidas a 70%. Chegou a ser praticado o canibalismo. As tradições orais dos insulares estão obsessivamente repletas de relatos de canibalismo. O maior insulto que se podia dizer a um inimigo era: "A carne da tua mãe ainda está presa aos meus dentes". À medida que as promessas dos chefes e sacerdotes não se cumpriam, o seu poder ia-se esvaziando, ao ponto de a sociedade ruir por volta de 1680 numa série de guerras civis. Por questões de segurança, muitas pessoas começaram a viver em cavernas, que eram alargadas por escavações e cujas entradas eram parcialmente vedadas para criar um túnel estreito facilmente defensável. Restos de comida, agulhas de costura feitas de ossos, utensílios para trabalhar madeira e instrumentos para consertar roupas deixaram claro que tais cavernas eram ocupadas continuamente e não apenas como esconderijos.

As antigas tradições orais dão conta de que os últimos ahus e moais foram feitos por volta de 1620, e que a estátua mais alta estava entre as últimas a serem erguidas. As plantações das terras altas cuja produção comandada pela elite alimentava as equipas de escultores e transportadores de estátuas foram abandonadas progressivamente entre 1600 e 1680. O facto de as estátuas aumentarem de tamanho pode refletir não apenas rivalidade entre chefes tentando superar uns aos outros, mas também apelos mais urgentes aos ancestrais exigidos pela crise ambiental crescente. Por volta de 1680, por ocasião do golpe militar, os clãs rivais deixaram de erguer as estátuas e começaram a derrubá-las uns aos outros, fazendo-as tombar sobre uma laje posicionada de modo a que a estátua caísse e se quebrasse. Assim, como também ocorreu com os anasazis e maias, o colapso ocorreu logo após a sociedade de Páscoa ter chegado ao seu auge em termos de população, construção de monumentos e impacto ambiental.

Após a breve visita do capitão Cook em 1774, houve um fluxo contínuo de visitantes europeus. Como documentado no Havai, Fiji e muitas outras ilhas do Pacífico, foram estes visitantes que introduziram doenças europeias que mataram muitos insulares, embora a primeira menção específica a uma epidemia de varíola date de 1836. Como ocorreu em outras ilhas do Pacífico, a prática de trabalho forçado começou em Páscoa por volta de 1805 e chegou ao auge em 1862-63, o ano mais sombrio da história de Páscoa, quando duas dúzias de navios peruanos sequestraram cerca de 1.500 pascoenses (metade da população) e os venderam num leilão para trabalhar em minas peruanas de guano e em outros trabalhos inferiores. A maioria morreu em cativeiro. Sob pressão internacional, o Peru repatriou uma dúzia dos cativos sobreviventes, que trouxeram outra epidemia de varíola. Os missionários católicos estabeleceram residência em 1864. Em 1872 Páscoa tinha apenas 111 habitantes.

Primeiro, foi sugerido que o desmatamento de Páscoa visto por Roggeveen em 1722 não foi causado pelos insulares em isolamento mas resultado, de algum modo não específico, de dano causado por visitantes europeus que antecederam Roggeveen dos quais não há registro. É perfeitamente possível que tenha havido uma ou mais dessas visitas não registradas: muitos galeões espanhóis atravessavam o Pacífico nos séculos XVI e XVII, e a curiosa reação de despreocupação e destemor dos insulares em relação a Roggeveen sugere experiências anteriores com europeus, mais do que a reação de choque que se espera de gente que tenha vivido em total isolamento e pense que são as únicas pessoas do mundo. Contudo, não temos conhecimento específico de nenhuma visita antes de 1722, e nem de que tenha sido a causa inicial do desmatamento. Mesmo antes de Fernão de Magalhães se tornar o primeiro europeu a atravessar o Pacífico em 1521, há fartas provas que atestam impacto humano maciço em Páscoa: extinção de todas as espécies de aves, desaparecimento de golfinhos e atuns da dieta insular, declínio de pólen de árvores de floresta nos depósitos de sedimentos de Flenley anteriores a 1300, desmatamento da península de Poike por volta de 1400, falta de sementes de palmeira posteriores a 1500, e assim por diante.

Os insulares de Páscoa certamente não seriam tolos de cortar todas as suas árvores, uma vez que as consequências seriam óbvias para eles. Como expressou Catherine Odiac: "Porque destruir uma floresta necessária para a sobrevivência material e espiritual?" O que os insulares de Páscoa que cortaram a última palmeira disseram enquanto faziam aquilo? Será que se comportaram como os modernos de agora que gritam crescimento sim desemprego não?
 Ou: ''A tecnologia resolverá nossos problemas, não tema, vamos encontrar um substituto para  o carvão e o petróleo".

Como a Ilha de Páscoa chegou a tal ponto de desmatamento? Afinal de contas, o Pacífico compreende milhares de ilhas habitadas, e em quase todas elas os habitantes cortaram árvores, derrubaram florestas para abrir espaço para a agricultura, usaram madeira para fogueiras, construíram canoas e usaram madeira e cordas para construir casas e outras coisas. Contudo, entre todas essas ilhas, apenas três no arquipélago havaiano, todas muito mais secas do que Páscoa - as duas ilhotas de Necker e Nihoa e a ilha maior de Niihau - aproximaram-se de Páscoa em grau de desmatamento. Nihoa ainda tem uma espécie de palmeira grande, e não se sabe se a pequena Necker, com uma área de menos de 16 hectares, já teve árvores algum dia. Porque terão os de Páscoa sido os únicos, ou quase isso, a destruir todas as árvores? Foram os insulares que causaram o desmatamento porque foram mais imprevidentes, em comparação com os outros povos do Pacífico.

Parecem ser confiáveis as datações que situam a colonização da ilha de Páscoa por volta de 900 d.C., obtidas pelo paleontólogo David Steadman e pelos arqueólogos Claudio Cristino e Patrícia Vargas através de amostras de carvão e de ossos de golfinhos que serviram de alimento para seres humanos, extraídas das mais antigas camadas arqueológicas que oferecem prova de presença humana na praia de Anakena. Anakena é, de longe, o melhor lugar para se desembarcar em Páscoa a bordo de uma canoa, lugar óbvio onde os primeiros colonizadores se teriam estabelecido. Ao tempo da chegada dos europeus, eles subsistiam principalmente como agricultores, produzindo batatas-doces, inhame, taro, bananas e cana-de-açúcar, e criando galinhas, seu único animal doméstico. A falta de recifes de coral ou de uma lagoa significava que peixes e moluscos contribuíam menos para a sua dieta do que na maioria das ilhas da Polinésia. O
 arqueólogo Barry Rolett chegou a comentar: "Nunca estive em uma ilha da Polinésia onde as pessoas estivessem tão desesperadas como em Páscoa, ao ponto de terem de empilhar pedrinhas em círculo para plantar alguns míseros pés de taro e protegê-los do vento! Nas ilhas Cook, onde se planta taro irrigado, as pessoas jamais se dariam a esse trabalho”.

A maior parte do interior de Páscoa foi convertida em hortas de pedra. O interessante é que parece óbvio que os agricultores não moravam no interior, porque há ruínas de poucas casas populares por ali, nenhum galinheiro e apenas pequenos fornos e pilhas de lixo. Em vez disso, há casas dispersas do tipo usado pela elite, evidentemente para os administradores residentes, que geriam as extensas hortas de pedra como plantações de grande escala (e não como hortas familiares individuais) para produzir alimentos excedentes para a força de trabalho dos chefes, enquanto todos os camponeses continuavam a viver perto da costa e iam e voltavam do interior da ilha, caminhando muitos quilómetros todos os dias. 

As gigantescas estátuas de pedra (moai) e as plataformas de pedra (ahu) sobre as quais se erguem, eram especialmente grandes e elaboradas. Cada um dos 12 territórios da ilha tinha entre um e cinco desses grandes ahus. A maioria dos ahus com estátuas fica na costa, e são orientados de modo que o ahu e suas estátuas fiquem voltados para dentro da terra, para o território de seu clã; as estátuas não estão voltadas para o mar. O período de construção dos ahus parece recair entre os anos 1000-1600 d.C. Estas datas, deduzidas indiretamente, ganharam recentemente o apoio de um brilhante estudo feito por J. Warren Beck e seus colegas, que aplicaram a datação radiocarbónica do coral que os de Páscoa usavam como lima e para fazer os olhos das estátuas, bem como do carbono contido em algas cujos nódulos brancos decoravam a praça. Esta datação direta sugere três fases de construção e reconstrução do Ahu Nau Nau, em Anakena, a primeira fase por volta de 1100 d.C. e a última terminando por volta de 1600. 

Como sem guindastes, conseguiram entalhar, transportar e erguer tais estátuas? É claro que não sabemos com certeza, uma vez que nenhum europeu viu aquilo a ser feito. 
Na pedreira de Rano Raraku podem-se ver estátuas incompletas ainda surgindo da rocha e cercadas por estreitos canais de trabalho com cerca de meio metro de largura. As picaretas de basalto com as quais os entalhadores trabalharam ainda estão na pedreira. As estátuas mais incompletas não passam de um bloco de pedra mal destacado da rocha com o futuro rosto voltado para cima, e com as costas ainda ligadas ao penhasco por uma longa quilha de pedra. A seguir, seriam entalhados a cabeça, o nariz e as orelhas, seguidos dos braços, das mãos e da tanga. Nesse estágio, a quilha que ligava as costas da estátua ao penhasco era cortada, e começava o transporte para fora de seu nicho. Todas as estátuas a serem transportadas ainda não tinham as cavidades oculares, que evidentemente só eram entalhadas depois que a estátua fosse transportada e erguida em seu ahu. Uma das mais notáveis descobertas recentes sobre as estátuas foi feita em 1979, por Sonia Haoa e Sergio Rapu Haoa, que encontraram um olho completo de coral branco com uma pupila de escória vermelha, enterrado junto a um ahu. Posteriormente, fragmentos de outros olhos semelhantes foram desenterrados. Quando esses olhos são inseridos nas órbitas, dão à estátua uma visão intensa e perturbadora tornando impressionante olhá-la. O facto de tão poucos olhos terem sido recuperados sugere que foram feitos poucos, para ficarem sob a guarda de sacerdotes, e para serem inseridos nas órbitas apenas durante as cerimónias.

As ainda visíveis estradas de transporte nas quais as estátuas eram movidas da pedreira seguiam trajetos de contorno que evitavam o trabalho extra de subir e descer colinas, e têm até 14 Km no caso da que leva ao ahu da costa oeste mais distante de Rano Raraku. Embora a tarefa nos pareça desestimulante, sabemos que muitos outros povos pré-históricos já transportaram pedras muito pesadas, como em Stonehenge, nas pirâmides do Egito, em Teotihuacán, e nos centros incas e olmecas, e que algo pode ser deduzido dos métodos em cada caso. 

A parte mais perigosa da operação era a inclinação final da estátua de um ângulo muito inclinado para a posição vertical, por causa do risco da estátua ganhar impulso, ultrapassar a vertical e tombar para o outro lado. Evidentemente, de modo a reduzir este risco, os escultores projetavam a estátua de modo que não fosse completamente perpendicular à sua base plana (p.ex., em um ângulo de cerca de 87° em relação à base, em vez de 90°). Deste modo, quando erguessem a estátua para uma posição estável com a base posicionada sobre a plataforma, o corpo ainda estaria ligeiramente inclinado para a frente, sem risco de tombar para trás. Então, lenta e cuidadosamente, podiam levantar com alavancas a borda da frente da base recuperando os últimos poucos graus que faltavam, introduzindo pedras sob a parte da frente da base de modo a estabilizá-la, até o corpo ficar na vertical. Ainda assim, trágicos acidentes podiam ocorrer nesta última fase, e evidentemente aconteceram no Ahu Hanga Te Tenga, na tentativa de erguer uma estátua ainda maior e que acabou tombando para trás e se quebrou.

O desmatamento deve ter começado pouco depois de chegarem por volta de 900 d.C., e deve ter-se completado por volta de 1722, quando Roggeveen chegou e não viu árvores de grande porte. 
Na península de Poike, que tem o solo menos fértil de Páscoa e, portanto, deve ter sido desmatado primeiro, as palmeiras desapareceram por volta de 1400, e o carvão resultante de queimadas para a erradicação de florestas desapareceu por volta de 1440, embora sinais posteriores de agricultura atestem a presença continuada de seres humanos ali. Amostras de carvão retiradas de fogões e depósitos de lixo submetidas a datação por Orliac indicam que o carvão de madeira começou a ser substituído por ervas e mato após 1640, até mesmo em casas da elite que devem ter ficado com as últimas e preciosas árvores que restaram, não deixando qualquer madeira para os camponeses. 

As amostras de pólen de Flenley mostram o desaparecimento de pólen da palmeira e arbustos, e a sua substituição por pólen de gramíneas e ervas entre 900 e 1300. Mas as datações em depósitos de sedimentos são um meio menos direto de datar o desmatamento do que usando diretamente as palmeiras e suas sementes. Finalmente, as plantações em terras altas que Chris Stevenson estudou, e cuja operação deve ter sido contemporânea do período de maior uso de madeira e cordas para as estátuas, foram mantidas de 1400 a 1600. Tudo isso sugere que o derrube das árvores da floresta começou pouco depois da sua chegada, atingiu o auge por volta de 1400 e foi virtualmente completada em datas que variam localmente entre 1400 e 1600.

***
Renúncia e ascetismo, é agora a Teoria da Razão Ocidental. A razão que domina o interior, em vez da razão da modernidade que tinha como propósito dominar a natureza. É claro que aquilo a que se renuncia continua a ser desejado. Mas tem que ser reprimido, se queremos salvar a civilização. É uma racionalidade que não separa conhecimento e natureza. A racionalidade da modernidade separa o sujeito do objeto; o corpo da alma; o eu do mundo; a civilização da natureza. Cabe agora ao sujeito, destituído dos seus aspetos empíricos e individuais, tratar a natureza como mestre; receber ordens da natureza; compreender a linguagem da natureza, que afinal não é numérica como disse Galileu. Só assim a natureza poderá ser conhecida, e não dominada, perscrutando as incoerências da vida, e as suas dissonâncias em relação ao sujeito. Os acasos da natureza são incontornáveis, porque constituem um obstáculo resistente ao exercício triunfante da razão controladora.

Este capitalismo ainda é um capitalismo do consumo com a justificação da liberdade de escolha. Liberdade de escolha do médico, liberdade de fazer os exames que quiser, liberdade de não se vacinar se não quiser. Mas esta justificação além de ser falaciosa é hipócrita e egoísta. Em sete mil milhões e meio de habitantes no mundo, quatro mil milhões têm essa liberdade condicionada pela pobreza ou inexistência de recursos. Como se a pobreza fosse resultado de uma escolha pessoal. E, no entanto, se quisermos evitar que o planeta se transforme numa Ilha de Páscoa à escala global, temos que deixar o atual tipo de consumismo e adotarmos um modo de vida diferente. Sim, livre, mas livre da compulsão de adquirirmos constantemente produtos acabados de lançar. Estamos a ser vítimas da expansão crescente da circulação do capital. Por exemplo, para estimular a indústria e combater o abrandamento da economia os governos lançam incentivos consumistas às populações. Ora, o incitamento ao consumo e o desprezo pela ponderação ecológica não poderiam ser mais claros. A alegação dos partidos liberais que vivemos numa sociedade de livre escolha é falaciosa, porque não são as verdadeiras escolhas que importam para que possamos adotar as transformações fundamentais para uma existência humana sustentável.

É verdade que o conhecimento científico é cada vez mais extraordinário. Mas para os propósitos da crise ecológica até parece paradoxal, uma vez que está a funcionar cada vez mais de uma forma desregulada, com um poder fora de orientação e de controlo. Digamos que se trata de um impulso despido de juízo ético. E sendo assim, é uma ciência de impulsos cegos às suas consequências malignas. Daí que, não fazendo sentido travar a ciência e os seus avanços, já faz sentido ser a sociedade através dos seus representantes políticos controlar o que pode ser feito e o que não pode por razões éticas e ecológicas. É aqui que o atual Papa Francisco tem insistido nas suas homilias, se bem que de esperança vã. Ninguém garantirá que a explosão do conhecimento científico não nos irá submergir. O sentimento da maioria das pessoas comuns, digamos, com mais de 40 anos de idade, morrem de medo. O que gera hoje o medo é a não transparência causal das ameaças em jogo. Seria suposto especialistas e cientistas serem os sujeitos que deviam saber. Ainda que imputemos o aquecimento planetário à civilização tecnológica e científica, continuamos a precisar da ciência para salvar o Planeta Terra. Em relação ao aquecimento global as consequências ecológicas são afinal devidas à própria ciência tecnológica. E as propostas para sairmos disto tem de ser com mais ciência. Ou seja, a ferida só pode ser curada com a própria lança que a fez.

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