sexta-feira, 12 de novembro de 2021

Maniqueísmo



Manes ou Mani, também conhecido como Maniqueu, que nasceu em 216 d.C. na cidade de Ctesifonte, que fazia parte do Império Parta, morreu em 276 d.C. em Bendosabora, parte do Império Sassânida, foi um profeta de origem iraniana, fundador do Maniqueísmo, uma religião gnóstica atualmente extinta, mas que foi bastante difundida durante a Antiguidade tardia. Teve, quando jovem ainda, uma visão em que o seu anjo protetor ordenava que se isolasse do mundo para receber a revelação de uma nova religião, que seria a interpretação correta de diversas crenças religiosas da época. Depois de receber essa revelação, passou a pregar, na Pérsia, um novo entendimento do Zoroastrismo, o qual tentou conciliar com os fundamentos do Cristianismo. Dotado de grande aptidão para aprender línguas, viajou pela Índia, Tibete e China, de onde recolheu ensinamentos religiosos e filosóficos que acrescentou à sua religião. Tendo gozado da proteção do rei Sapor I, com Vararanes I, que reinou entre 274 e 277, sofreu perseguição dos sacerdotes do Zoroastrismo, os Magos. Preso e condenado como herege, teria sido, segundo a tradição, esfolado vivo e a sua carne atirada ao fogo, enquanto a pele foi crucificada em praça pública na cidade de Bendosabora, a sua vida é descrita no Vita Mani, escrito em grego, mas de origem aramaica.

Segundo historiadores árabes posteriores, Manes produziu muitos livros, nos quais afirmava revelar segredos que Jesus havia mencionado de forma obscura e oblíqua. Ele considerava Zoroastro, Buda e Jesus como seus predecessores e declarava que havia recebido a mesma iluminação que eles, da mesma fonte. Seus ensinamentos consistiam de um dualismo gnóstico dentro de um edifício cosmológico imponente e elaborado. Da mesma forma que os cátaros, Manes defendia a doutrina da reencarnação. Também como os cátaros, insistia numa classe de iniciados, "os iluminados eleitos". Referia-se a Jesus como o "filho da viúva", termo que depois foi apropriado pela Maçonaria. Ao mesmo tempo, declarava Jesus como um ser mortal - ou, se divino, somente em sentido simbólico ou metafórico, em virtude da iluminação. Manes, tal como Basilides, sustentava que Jesus não morrera na cruz, mas alguém por ele.

O Maniqueísmo espalhou-se com extraordinária rapidez através do mundo cristão. Na Espanha e no sul de França as escolas maniqueístas foram particularmente ativas. Na época das Cruzadas estas escolas forjaram ligações com outras seitas maniqueístas da Itália e da Bulgária. Hoje parece improvável que os cátaros tenham sido influenciados, ou mesmo migrantes dos bogomilos búlgaros; as pesquisas mais recentes sugerem que os cátaros surgiram diretamente das escolas maniqueístas estabelecidas anteriormente na França. Em todo o caso, a Cruzada Albigense foi essencialmente uma Cruzada contra o Maniqueísmo. E, apesar dos reiterados esforços de Roma, o termo "Maniqueísmo" sobreviveu, com suas derivações, para tornar-se parte da nossa língua e do nosso vocabulário.

Sem comentários:

Enviar um comentário