Mandem alterar os títulos das notícias que foram publicadas na manhã de 3 de junho de 2019. Agustina não morreu. Agustina vive, Agustina é, Agustina somos nós. [Joana Beleza – in Expresso]
No final dos anos
90, no tempo da Expo e de Guterres, Mário Soares e Mitterrand, podíamos dizer
que, de certo modo, as pessoas eram felizes. Apesar de os bens materiais não
satisfeitos completamente, era bom porque o próprio excesso de consumo engendra
insatisfação e infelicidade. Se tudo estivesse disponível a qualquer momento as
pessoas considerariam essa disponibilidade como uma evidência da vida e
deixariam de apreciar a sorte que tinham. A vida seguia, portanto, o seu curso
regular e previsível, sem abalos nem grandes esforços. Cada um tinha o direito
de se retirar e ir jogar uma partida de gamão, ou ir para a praia. Tudo o que
corria mal era imputado ao Outro; ninguém se sentia verdadeiramente
responsável.
A felicidade no
Ocidente é um conceito pagão, em que a finalidade da vida consiste em ser
feliz. E o ser feliz tem a ver com o princípio do prazer. Quando o paganismo
ocidental se cristianizou, a sua insistência num Além minou esse princípio. E
então a felicidade no Ocidente passou a ser hipócrita, as pessoas sonhando com
coisas que não desejam verdadeiramente. Assim, aquelas pessoas intelectuais, os
privilegiados, quando formulam slogans como: pleno emprego e verdadeiros
direitos para os imigrantes, realmente não estão a querer vê-los
satisfeitos. Porque eles sabem muito bem que a implementação dessas medidas
teria como repercussão uma vaga de milhões de recém-chegados, provocando desse
modo uma reação de índole “racista” na classe trabalhadora, que por sua vez
iria comprometer o seu estado de vida privilegiada. Por isso, o seu verdadeiro
desejo é esperar que os seus pedidos não sejam satisfeitos, e assim continuarem
hipocritamente a viver as suas vidinhas.
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