sábado, 15 de junho de 2019

Em defesa da memória


Em maio passado, António Guterres testemunhou pessoalmente o drama de quatro países do Pacífico Sul durante um périplo que o levou à Nova Zelândia, Ilhas Fiji, Vanuatu e Tuvalu, onde foi feita a fotografia da capa da “Time”. Não foi uma simples visita. António Guterres é um entusiasta confesso do multilateralismo, ativamente empenhado em contrariar essa letargia. É esse o reconhecimento que a “Time” lhe faz.A revista “Time” acompanhou o secretário-geral da ONU num périplo pelo Pacífico onde há países que, face às alterações climática, lutam para não serem engolidos pelo mar. Na capa, António Guterres surge em pose dramática, com a água do Pacífico já pelos joelhos. Mas a mensagem é de esperança: “Os países mais atingidos pelas alterações climáticas estão a lutar — e a obter resultados”, diz a “Time”.

Fez no mês de maio passado 12 anos que inaugurei este blogue -“A Fisga” - com reflexões mais à volta da ciência e da filosofia, em boa parte estimulado por Carlos Fiolhais e Desidério Murcho, enquanto participava como comentador regular no blogue “De Rerum Natura”, que eles haviam criado em março do mesmo ano.

A propósito do tema assinalado em epígrafe, e para recordarmos qual era o ambiente intelectual no meio dos cientistas “ortodoxos” acerca do tema do “Aquecimento Global”, resolvi revisitar algumas etiquetas desses tempos iniciais para avaliar melhor quão conscientes já nessa altura estávamos dos contributos que a atividade humana estava a dar ao aquecimento do planeta Terra. Para nosso espanto, em 2007 e 2008 ainda havia dúvidas na mente de muita boa gente e com bons créditos científicos, se os ecologistas tinham razão.

Lia-se num editorial do blogue, com o título “Aquecimento Global, uma lufada de ar fresco”: http://dererummundi.blogspot.com/2008/11/aquecimento-global-uma-lufada-de-ar.html#comment-form

«Sabia que - exactamente ao contrário do que é voz corrente - nos últimos 7 anos a temperatura global não aumentou? E que 2008 foi o ano mais fresco da década? . . . O que é extraordinário, mesmo preocupante, é tudo isto continuar a ser omitido pelas entidades responsáveis, como o IPCC ou o Prémio Nobel Pachauri. Fechando os olhos aos factos. Tendo havido alguns comentários críticos, houve outros que reforçaram a ideia com afirmações como: “E mais grave ainda é todo o sistema educativo agora parecer aceitar como dogma todo este belo conto de fadas do aquecimento global... Dou pelos meus filhos a dizer-me que não tarda temos os glaciares transformados em mar e Portugal submergido... E dizem isto com uma certeza absoluta de quem tem todas as respostas na ponta da língua, porque sim, porque é o que vem escrito nos manuais da Escola!!!! Isto, isto é que é terrorismo e ninguém me tente convencer do contrário!”»

E em 20 de maio de 2008 era postado este texto do físico Freeman Dyson:
http://dererummundi.blogspot.com/2008/05/dyson-sobre-o-aquecimento-global.html

Do que li do texto de Freeman Dyson, apresentado por Carlos Fiolhais com a seguinte introdução : «Sobre o controverso assunto do aquecimento global, que já inflamou as páginas deste blogue, vale a pena ouvir a voz sábia e ponderada do físico Freeman Dyson, professor jubilado do Instituto de Estudos Avançados de Princeton, no sempre muito interessante "The New York Review of Books" (para mim o melhor jornal cultural do mundo). Termina assim o seu artigo em que analisa dois livros recentes sobre o aquecimento global:

“Infelizmente, alguns membros dos movimentos ambientalistas também tomaram como ponto de fé que o aquecimento global é a maior ameaça à ecologia do nosso planeta. É esta a razão, porque os argumentos sobre o aquecimento global se tornaram azedos e apaixonados.”»

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