Politicamente, Atenas encontrava-se nesta época dividida em duas fações: a da "Planície", de tendência conservadora, constituída pelos eupátridas latifundiários e liderada por Licurgo, e a da "Costa", composta por mercadores e chefiada por Mégacles. Pisístrato criou uma terceira fação, a dos Montanheses, onde se incluíam elementos aristocráticos, mas também a população desfavorecida do meio urbano e camponês.
Segundo Heródoto, Pisístrato simulou um ataque, entrando na ágora de Atenas com feridas que fez em si próprio, alegando terem sido feitas pelos seus inimigos, que o teriam tentado matar. Graças a esta encenação, Pisístrato conseguiu convencer os Atenienses a conceder-lhe uma guarda pessoal, algo que na época não era permitido, dado que o seu detentor poderia apoderar-se da cidade. Ainda de acordo com Heródoto, Sólon, já então de idade avançada, teria aconselhado os Atenienses a não lhe concederem a guarda. Foi com esta guarda pessoal que Pisístrato conquistou em 560 a.C. a Acrópole, instalando a sua tirania. Contudo, o seu governo seria efémero, dado que em 559 a.C. Pisístrato foi derrubado pelas duas fações, tendo abandonado a cidade. Quando Mégacles se desentendeu com a sua fação e com a fação da Planície, este decidiu aliar-se a Pisístrato, desde que este casasse com a sua filha.
Pisístrato partiu para o norte da Grécia, onde se envolveu no negócio de exploração da prata. Com a riqueza que adquiriu nesta atividade conseguiu formar um exército de mercenários com os quais derrotou o exército ateniense. A cidade caiu então sob o seu poder. Pisístrato governaria Atenas nos seguintes dezanove anos, até à sua morte em 527 a.C. Pisístrato tomou uma série de medidas na agricultura, comércio e indústria que em muito contribuíram para a prosperidade de Atenas, até então uma cidade de pouca importância quando comparada com Mileto e Éfeso. As leis e as formas moderadas da constituição de Sólon seriam preservadas. Como era habitual nos tiranos, Pisístrato procura proteger as classes desfavorecidas que o conduziram ao poder, isentando os mais pobres do pagamento de impostos. A estes concede igualmente empréstimos e terras. Pisístrato incentivou o cultivo da oliveira, que fornecia o azeite, umas das principais exportações de Atenas.
Pisístrato ordenou a construção do propileu da Acrópole, tendo sido reconstruído o templo de Atena. Data também da sua época o início dos trabalhos do templo de Zeus Olímpico. Durante o seu tempo a cerâmica de figuras negras de Atenas atingiu o seu esplendor, tendo atingido locais como a Jónia, Chipre, Síria, e Península Ibérica. Atribui-se a Pisístrato também a compilação da Ilíada e da Odisseia. No domínio da religião, colocou o santuário de Deméter em Elêusis sob tutela do estado ateniense. Institui novos festivais como as Grandes e as Pequenas Dionísias; por volta de 534 a.C., as Grandes Dionísias passaram a incluir um concurso de tragédias.
Agora é a História de Heródoto:
Os arautos iam de um lado para outro, repetindo a mesma proclamação. Logo divulgou-se a notícia de que Minerva conduzia Pisístrato, e os habitantes da cidade, persuadidos de que aquela mulher era realmente Minerva, prosternaram-se para adorá-la e acolherem Pisístrato.Tendo, por essa maneira, recuperado a soberania, Pisístrato desposou a filha de Mégacles, segundo o compromisso firmado entre ambos; mas como já possuía filhos crescidos, e como os Alcmeónidas passavam por atingidos de maldição, não querendo filhos da nova mulher, teve com ela apenas contatos contra a natureza. A princípio, a jovem esposa suportou em silêncio tal ultraje, mas depois o revelou à própria mãe, espontaneamente ou premida pelas perguntas desta. A mãe comunicou o caso a Mégacles, seu esposo, que, indignado com a afronta do genro, reconciliou-se, na sua cólera, com a fação oposta. Informado do que se tramava contra ele, Pisístrato abandonou a Ática, dirigindo-se para a Erétria, onde pediu conselhos a seu filho Hípias. Este aconselhou-o a recuperar o trono, sendo o alvitre aceito. As cidades às quais Pisístrato tinha prestado outrora algum serviço cumularam-no de presentes. Várias deram-lhe somas consideráveis, mas foram os Tebanos os que mais se distinguiram pela sua liberalidade. Pouco mais tarde, tudo estava pronto para o regresso do tirano. Do Peloponeso foram enviadas tropas árgias mercenárias, e um náxio de nome Ligdâmis acorreu cheio de zelo, com homens e dinheiro para a empresa.Partindo da Erétria para entrar na Ática, depois de uma ausência de onze anos, Pisístrato e suas tropas apoderaram-se primeiramente de Maratona, onde ergueram acampamento. Sabedores do seu regresso, seus partidários e de seu filho Hípias acorreram em grande número ao seu encontro, uns de Atenas, outros dos burgos — todos preferindo a tirania à liberdade. Os Atenienses seus adeptos nenhuma importância lhe deram enquanto estivara ocupado em levantar dinheiro para a sua volta, e mesmo depois que se tornou senhor de Maratona; mas, ante a notícia de que ele avançava desta cidade para Atenas, foram, com todas as suas tropas, reunir-se a ele. Entrementes, Pisístrato e os seus, tendo partido de Maratona num só corpo de exército, aproximavam-se de Atenas. Chegando defronte do templo de Minerva Palenide, ali acamparam. Um adivinho chamado Anfilito, inspirado pelos deuses, veio apresentar-se a Pisístrato e transmitir-lhe este oráculo: “As redes foram lançadas; à noite, ao luar, os atuns acorrerão em cardumes”.Tal era a situação em que se encontravam os Atenienses, segundo a informação recebida por Creso. Quanto aos Lacedemônios, disseram-lhe que, depois de haverem sofrido perdas consideráveis, estavam, afinal, levando a melhor na guerra contra os Tegeatas. Realmente, no reinado de Leão e de Agasicles, os Lacedemônios, vitoriosos em outras guerras, tinham fracassado somente contra os Tegeatas. Este povo era, outrora, o menos civilizado entre os Gregos, e não faziam nenhum comércio com os estrangeiros e nem mesmo entre eles próprios; mas, depois, passaram, da maneira que vou contar, a possuir melhor legislação. Licurgo gozava em Esparta da mais alta estima. Chegando certa vez a Delfos para consultar o oráculo, assim que entrou no templo ouviu estas palavras da pitonisa: “Eis que vens ao meu templo, amigo de Júpiter e dos habitantes do Olimpo. Hesito em declarar-te um deus ou um homem; creio-te, antes, um deus”. Acrescentam alguns que foi a pitonisa quem lhe ditou a constituição ora vigente em Esparta; mas como julgam os próprios Lacedemónios, Licurgo trouxe as referidas leis de Creta, no reinado de Leobotas, seu sobrinho, rei de Esparta.Tal era a situação em que se encontravam os Atenienses, segundo a informação recebida por Creso. Quanto aos Lacedemônios, disseram-lhe que, depois de haverem sofrido perdas consideráveis, estavam, afinal, levando a melhor na guerra contra os Tegeatas. Realmente, no reinado de Leão e de Agasicles, os Lacedemônios, vitoriosos em outras guerras, tinham fracassado somente contra os Tegeatas. Este povo era, outrora, o menos civilizado entre os Gregos, e não faziam nenhum comércio com os estrangeiros e nem mesmo entre eles próprios; mas, depois, passaram, da maneira que vou contar, a possuir melhor legislação. Licurgo gozava em Esparta da mais alta estima. Chegando certa vez a Delfos para consultar o oráculo, assim que entrou no templo ouviu estas palavras da pitonisa: “Eis que vens ao meu templo, amigo de Júpiter e dos habitantes do Olimpo. Hesito em declarar-te um deus ou um homem; creio-te, antes, um deus”. Acrescentam alguns que foi a pitonisa quem lhe ditou a constituição ora vigente em Esparta; mas como julgam os próprios Lacedemônios, Licurgo trouxe as referidas leis de Creta, no reinado de Leobotas, seu sobrinho, rei de Esparta. Realmente, logo que assumiu a tutela desse jovem príncipe, reformou as leis antigas e tomou medidas contra a transgressão das novas. Regulamentou, em seguida, o que concernia à guerra, os enomotios, os tricados e os sissitos, e instituiu, além disso, os éforos e os senadores.
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