quarta-feira, 1 de setembro de 2021

Khorgas




Khorgas, anteriormente Gongchen, começou por ser uma cidade chinesa, na Região Autónoma Uigur de Xinjiang, na fronteira com o Cazaquistão, a Prefeitura Autónoma Cazaque de Ili. Entretanto a parte do lado do Cazaquistão tem-se desenvolvido depois de Xi Jinping ter anunciado que esta seria a porção terrestre do One Belt RoadA iniciativa foi incorporada à Constituição da China em 2017. O governo chinês chama a iniciativa de "uma tentativa de melhorar a conectividade regional e abraçar um futuro mais brilhante". O projeto tem uma data de conclusão prevista para 2049, que coincidirá com o centenário da fundação da República Popular da China. 

Assim, o lado cazaque desta fronteira também se dá pelo nome de Khorgas. Portanto, o centro da Nova Ponte Terrestre da Eurásia, Portão Dzungarian, uma passagem de montanha geograficamente e historicamente significativa entre a China e a Ásia Central.

Alguns observadores estão céticos, principalmente de países não participantes, incluindo os Estados Unidos. Interpretam-no como um plano para uma rede de comércio internacional, mas centrada na China. Em resposta, os Estados Unidos, o Japão e a Austrália formaram uma contra iniciativa, a Blue Dot Network, em 2019, seguida pela iniciativa Build Back Better World, do G7, em 2021.

Khorgas-East Gate, é uma enorme zona logística e industrial que está no centro de uma nova rede de rotas comerciais transcontinentais chamada Cinturão Económico da Nova Rota da Seda – um esforço infraestrutural, económico e político numa escala - visando uma conectividade das duas economias: o Leste Asiático e a Europa Ocidental - semelhante à escala dos tempos áureos da Antiga Rota da Seda. O centro compreende: uma zona económica especial isenta de vistos para a realização de comércio e compras chamada International Center for Border Cooperation (ICBC);  um porto seco para o transporte de mercadorias; duas novas cidades, uma de cada lado da fronteira. A Ferrovia Jinghe–Yining–Khorgas foi concluída no final de 2009, que agora fornece serviço de transporte de comboio de Urumqi e Yining para Khorgas.

Assim, em dezembro de 2011, ficou concluída uma ferrovia de 293 km que vai da fronteira com Khorgas até ao terminal de Zhetygen (próximo de Almaty). Em 2 de dezembro de 2012 as linhas dos dois lados da fronteira foram inauguradas e ficaram operacionais. Por alguns meses, a ferrovia do lado cazaque operou somente em modo de teste. Os primeiros comboios regulares dos dois países cruzaram a fronteira em 22 de dezembro de 2012. Assim, Khorgas, sendo um porto seco internacional, muito longe de um porto marítimo, liga o Cazaquistão e a China. Estima-se que esta ferrovia processe logo de início até 15 milhões de toneladas de carga por ano, com uma previsão de vir a subir para 30 milhões de toneladas por ano a longo prazo. 




Ninguém que se diga com bom-senso acreditaria que pudesse surgir em Korgas - um sítio no meio do nada, 
todos os lados deste lugar é pouco mais do que dunas de areia e montanhas, que não encontra outro mais distante de um porto de mar - uma estação estratégica da chamada Nova Rota da Seda. Mas, vista de uma outra perspetiva -  uma grande encruzilhada entre leste e oeste, norte e sul; perto da Rússia, o maior país; o limite mais ocidental da China, a maior economia; da Índia que vai a caminho de ser o país mais populoso do mundo -  até pode vir a ser o maior centro do mundo. Mas por agora, ser o lugar da criação de uma grande cidade totalmente nova, é realmente inacreditável. É uma zona de desenvolvimento colossal com projetos em ambos os lados da fronteira.

Atualmente, existem 39 rotas a operar entre a China e a Europa, uma rede emergente que está a revolucionar a ferrovia em toda a Eurásia. A maior parte do volume de carga que passa da China para o Cazaquistão vai em direção a Nur-Sultan (Astana), a capital do Cazaquistão.




Historicamente, esta região era uma passagem conveniente para os nómadas da estepe que se deslocavam a cavalo. Heródoto faz referência a relatos dos viajantes sobre uma terra no Nordeste, onde os grifos guardam ouro e onde o Vento do Norte é emitido de uma caverna da montanha. Alguns historiadores fazem um paralelo entre o que se está hoje a passar com esta iniciativa, e a História de Heródoto - 
Portão Dzungário ou da Zungária e a casa de Boreas, o tal Vento Norte da mitologia grega. Os Hiperbóreos foram identificados por alguns como os chineses.

Ao escrever a sua História, Heródoto de Halicarnasso vislumbrou a importância que os vestígios das ações praticadas pelos homens tinham para as ações futuras. Por exemplo fala de Dario para dizer quão ambicioso ele era ao querer subjugar os Citas. Estes povos só eram conhecidos pelos seus vizinhos, e pelos gregos estabelecidos nas cidades limítrofes à Cítia. Os Citas eram então para os gregos objeto de curiosidade, tanto mais estimulante à medida que iam estabelecendo colónias no Ponto Euxino (as margens do Mar Negro). 
Heródoto demora-se, por vezes, pelo caminho, só para chamar a atenção dos leitores de situações que é importante saber. As suas descrições são tão exatas que se encontram confirmadas, na maioria, pelos relatos daqueles entre os modernos que viajaram pela Bulgária, Moldávia, Bessarábia, Czernigow, Ucrânia, Crimeia e os Cossacos do Don. 

Dario viu-se obrigado a regressar vergonhosamente aos seus primitivos domínios. Os Persas foram batidos em Maratona. Com esta notícia, Dario, furioso, fez preparativos ainda mais consideráveis. A revolta do Egito apenas suspendeu a vingança de Dario. Logo que este país foi submetido, retomou o desejo de castigar os Atenienses. Entretanto Dario morre. Xerxes, seu filho e sucessor, que não era nem menos ambicioso nem menos vingativo que seu pai, queria também subjugar o resto da Grécia. Resoluto a marchar em pessoa contra os gregos, levantou o exército mais numeroso e mais formidável de que se ouviu falar. Equipou uma frota considerável, e durante diversos anos não se ocupou senão em fazer transportar para as cidades fronteiriças da Grécia os trigos e os víveres necessários à subsistência desta multidão inumerável de homens. Sofreu logo uma derrota nas Termópilas. Tendo a sua frota a seguir sido batida em Salamina, voltou vergonhosamente, como seu pai, à Ásia.

Mas Heródoto também nos fala dos nómadas eurasianos. Eles eram um grande grupo de povos nómadas da estepe eurasiana, e grandes invasores. Viajam de um lugar para o outro para encontrar pastagens frescas para os seus animais. Eles ao domesticarem o cavalo, que começou por volta de 3500 a.C., aumentaram consideravelmente as possibilidades da vida nómada, cuja economia posteriormente enfatizou a criação de cada vez mais cavalos. Foram eles que desenvolveram a carroça, o arco e a flecha, e introduziram inovações como o freio e o estribo, conferindo uma maior velocidade e estabilidade nos seus ataques disparando flechas em corrida em cima dos cavalos.

Os Citas e a Cítia tem a ver com eles. Cobria a maior parte da estepe que se originou já no século VIII a.C., composta principalmente por pessoas que falavam línguas iranianas. A Europa foi exposta a várias ondas de invasões por homens a cavalo, incluindo os Cimérios no século VIII a.C. 
Os Cimérios foram um antigo povo fanate de línguas indo-europeias que viveu ao norte do Cáucaso e do mar de Azov por volta de 1300 a.C. Até que foram expulsos para o sul, pelos Citas até à Anatólia por volta do século VIII a.C. Governados por uma classe dominante iraniana, linguisticamente falavam línguas iranianas.

A Hipótese Kurgan também conhecida como Teoria Kurgan ou Modelo Kurgan ou Teoria da Estepe é a proposta mais amplamente aceite para identificar a pátria protoindo-europeia da qual fazem parte as línguas indo-europeias. Kurgan em russo significa túmulo, monumentos funerários ao norte do mar Negro.

A Teoria da Estepe foi formulada pela primeira vez por Otto Schrader (1883) e V. Gordon Childe (1926), então sistematizada na década de 1950 por Marija Gimbutas, que usou o termo para agrupar várias culturas pré-históricas. Três estudos genéticos em 2015 deram apoio parcial à Teoria da Estepe.



Esquema de dispersão da língua indo-europeia de c. 4000 a.C. 1000 a.C. de acordo com a amplamente mantida hipótese Kurgan



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