quarta-feira, 6 de dezembro de 2023

Atlas Catalão




Atlas Catalão - 1ª e 2ª folhas

O Atlas Catalão é um atlas medieval atribuído ao judeu de Palma de Maiorca chamado Abraão Cresques. Embora nenhum dos portulanos que o compõem esteja assinado ou datado, estima-se que tenha sido produzido por volta de 1375, a avaliar pelo pelo registo que figura no calendário que o acompanha. É o primeiro atlas conhecido que incorpora uma rosa dos ventos em sua ilustração, sendo um dos mais importantes no acervo da Biblioteca Nacional em Paris. 
Trata-se de um conjunto de mapas do mundo então conhecido, numa óptica centrada no Mar Mediterrâneo.

A propósito de Abraão Cresques, importa referir a existência do seu filho, Jehuda Cresques, também conhecido por Jafuda Cresques ou Jaume Riba (depois de se ter convertido ao cristianismo), o Jácome de Maiorca que está representado no Padrão dos Descobrimentos em Lisboa, como se vê na figura seguinte,  que também foi cartógrafo. E isto porque aparece a coordenar a Escola de Sagres na década de 1420, no tempo do Infante Dom Henrique de Portugal [1394-1460].


Jácome de Maiorca no Padrão dos Descobrimentos

Não se pode afirmar que Cresques seja o autor do Atlas Catalão, apesar de estar documentado que, nesta mesma época elaborou diversos portulanos e que os reis de Aragão os ofereciam como presentes. Concretamente, e com referência ao próprio Atlas, está documentado que em novembro de 1381, o infante João, duque de Gerona e primogénito de Pedro IV de Aragão, quis oferecer um presente ao novo rei de França, Carlos VI, e decidiu enviar-lhe um mapa-múndi da sua propriedade que estava depositado nos arquivos de Barcelona. 

Ao lado dos calendários encontram-se dados astronómicos baseados no modelo geocêntrico de Ptolomeu, que não deixam de ser um estudo da cosmografia científica da época. A humanidade sobre a Terra, encontra-se rodeada pelos três elementos básicos - ar, água e fogo. Nos sucessivos anéis azuis - Lua, Mercúrio, Vénus, Sol, Marte, Júpiter e Saturno.  A seguir podem-se encontrar os nomes e os símbolos das doze divisões do Zodíaco. De seguida as fases da lua, com a lua nova a norte, a lua cheia a sul, lua minguante a leste e lua crescente a oeste.

A representação da linha de costa do Mediterrâneo reflete a hegemonia de Aragão naquele período, com o domínio daquelas ilhas que iam das Baleares até Chipre. 
A rosa dos ventos é à primeira vista numa representação cartográfica. Contém as trinta e duas direções e o nome dos oito ventos principais, facto que denota o domínio por parte dos Cresques dos instrumentos náuticos. Este modelo de trinta e duas direções e oito ventos foi o protótipo conservado até aos nossos dias: o norte é o norte magnético, com 10 de desvio para leste. Na rosa dos ventos, o norte e o leste estão indicados com símbolos. Há uma representação da Estrela Polar no norte, e, numa singularidade, vê-se uma estilização de uma cruz que recorda o candelabro sagrado dos judeus, a menorá. Procurando este símbolo em outros mapas do mesmo período foi possível identificar outros trabalhos anónimos dos Cresques.

O terceiro mapa começa com o estuário do Volga pelo Mar Cáspio. 
O rio Volga, é, com os seus 3688 km, o mais longo rio da Europa, e também o maior do continente em caudal e na área de bacia hidrográfica. Nasce no planalto de Valdai, no norte da Rússia, corre pela planície russa e desagua no mar Cáspio. A bacia do Volga alberga uma grande variedade de povos e culturas. O rio Amu Dária corre para o mar de Aral desde onde nasce na cordilheira do Pamir. A cordilheira do norte, na qual se anuncia a caravana da Rota da Seda, leva-nos até o Catai. Todas as linhas da costa estão feitas com um traço contínuo e com menos pormenor, facto que denota um conhecimento mais disperso. O rio Indo marca o limite de Catai, que nasce num grande vale de montanhas do Himalaia. No Oceano Índico encontram-se duas grandes ilhas, Iana, numa possível alusão a Java. E a Taprobana, que depois foi Ceilão e hoje é Sri Lanka.  


Atlas Catalão - 5ª e 6ª folhas

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