quinta-feira, 9 de maio de 2024

A França e a Espanha entre a Fronde e d'Artagnan


A Fronde foi uma série de guerras civis em França entre 1648 e 1653 concomitantemente com a guerra entre a França e a Espanha entre 1635 e 1659. A monarquia francesa viu-se diante de uma série de conflitos contrários que partiram de vários segmentos da sociedade, incluindo a insatisfação com as políticas do cardeal Mazarin, altos impostos, a centralização do poder real e o descontentamento das classes nobres e do povo com o governo de Luís XIV, que era ainda muito jovem na época. Os eventos da Fronde foram marcados por uma série de levantes armados, conflitos entre fações nobres e tentativas de limitar o poder do rei e do cardeal Mazarin. No entanto, apesar de várias reviravoltas e mudanças de alianças, a Fronde não conseguiu derrubar o governo centralizado em Mazarin e depois em Luís XIV. Em última análise, a Fronde fortaleceu a posição do monarca francês e consolidou o seu poder.



Jules Mazarin

Jules Mazarin [1602-1661] havia sido um discípulo e sucessor de Richelieu. Ele seguiu os passos de Richelieu como principal conselheiro do rei durante o reinado de Luís XIII, que depois continuou o seu papel de liderança durante a regência de Ana de Áustria. A ascensão de Mazarin ao poder na França foi em parte resultado da herança deixada por Richelieu [1585-1642] Richelieu foi um estadista e prelado francês mais conhecido por seu papel como primeiro-ministro do rei Luís XIII. [1601-1643] Ele foi uma figura proeminente na política francesa. Richelieu havia passado algum tempo na Itália durante a sua vida. Ele viajou para lá em 1614 como embaixador do rei Luís XIII, onde passou cerca de três anos. Durante a sua estadia na Itália, Richelieu teve a oportunidade de estudar a política e a cultura italianas, além de fazer contactos importantes que mais tarde seriam úteis em sua carreira política na França. Sua experiência na Itália teve uma influência significativa em seu desenvolvimento como estadista e diplomata.



Richelieu

O cardeal Mazarin tinha uma sobrinha chamada Marie Mancini por quem Luís XIV [1638-1715] teve um grande afeto. Durante a juventude do rei, Marie Mancini foi uma das suas primeiras paixões e ele demonstrou um grande interesse por ela. No entanto, devido a pressões políticas e à influência do cardeal Mazarin, o romance entre Luís XIV e Marie Mancini não se concretizou em casamento. Em vez disso, Luís XIV foi induzido a se casar com Maria Teresa da Espanha [1638-1683], filha de Filipe IV de Espanha, como parte de um acordo político entre a França e a Espanha. 



Ana de Áustria

O cardeal Jules Mazarin, como primeiro-ministro da França, desempenhou um papel importante na negociação do casamento do jovem rei, Luís XIV, com Maria Teresa da Espanha. Esse casamento foi parte do Tratado dos Pirenéus, que encerrou a Guerra Franco-Espanhola. Mazarin era conhecido por sua habilidade diplomática e por sua influência na política externa francesa durante esse período. Luís XIV era filho de Ana de Áustria. [1601-1666] Esta por sua vez era filha de Filipe III de Espanha [1578-1621] e de Margarida da Áustria. [1584-1611].



Maria Teresa da Espanha, por Diego Velázquez

Filipe IV de Espanha era conhecido como "o Rei Planeta" devido ao seu grande patrocínio das artes e à sua reputação de ser um monarca culto e aficionado pela cultura e pela literatura. Ele reinou durante o período conhecido como a "Era de Ouro Espanhola", um período de grande florescimento cultural e artístico na Espanha. Filipe IV foi um dos principais patronos do famoso pintor espanhol Diego Velázquez, que retratou o rei em várias ocasiões, criando algumas das obras de arte mais icónicas da época. Esses retratos são conhecidos por sua habilidade técnica e pela capacidade do artista de capturar a personalidade e a dignidade do monarca.

No famoso quadro "Las Meninas", pintado por Diego Velázquez em 1656, o próprio artista incluiu um autorretrato. Ele aparece ao fundo, no centro do quadro, pintando um grande painel que está fora do alcance da visão do espectador. Esta é uma das características mais fascinantes do quadro e adiciona uma camada extra de complexidade e interesse à obra. Filipe IV e a rainha, Mariana da Áustria, estão representados refletidos em um espelho no fundo da sala, embora não estejam olhando diretamente para o espectador. Isso cria uma sensação de profundidade e também sugere que eles estão presentes na cena, observando a pintura sendo feita por Velázquez e interagindo com suas filhas, as meninas do título.




Velázquez e Rubens foram contemporâneos e estabeleceram uma amizade e uma relação profissional durante suas vidas. Rubens, o renomado pintor flamengo, era muito respeitado na Espanha e atuou como um importante intermediário entre Velázquez e o rei Filipe IV, ajudando a garantir a nomeação de Velázquez como pintor da corte espanhola. A troca de influências entre esses dois grandes mestres foi significativa para o desenvolvimento da arte da época.

No dia 17 de agosto de 1661 Nicolas Fouquet recebeu o Rei e a corte para uma grandiosa recepção em comemoração ao restauro do Castelo de Vaux-le-Vicomte. O refinado trabalho realizado pelo arquiteto Louis Le Vau, o pintor Charles Le Brun, e pelo paisagista André Le Nôtre, transformaram o château num símbolo do poder da nobreza francesa, fatco este que desagradou profundamente o Rei Luís XIV. Pouco tempo após a grande festa, o soberano ordenou a prisão de Fouquet; considerando-o demasiadamente poderoso e ambicioso. Entre as acusações havia uma suspeita (pouco fundada) de conspiração contra o Rei. Ao fim de um processo que durou três anos, Fouquet foi condenado a passar 15 anos preso na fortaleza de Pinerolo, na Itália, onde morreu em 1680. Fouquet era um poderoso político e superintendente das finanças da França, conhecido por sua grande riqueza e influência. 



 Nicolas Fouquet, por Charles Le Brun

Luís XIV confiava bastante em Charles de Batz-Castelmore d'Artagnan, [1611-1673] que serviu como capitão dos mosqueteiros do rei na França. D'Artagnan era conhecido por sua lealdade e habilidades como espadachim, e ele desfrutou de grande confiança e respeito por parte do rei e da corte. Ele é mais conhecido por ser um dos protagonistas do romance "Os Três Mosqueteiros", de Alexandre Dumas.

Os mosqueteiros do rei eram uma guarda de elite na França durante o reinado de Luís XIII e Luís XIV. Eles eram soldados altamente treinados, conhecidos por sua habilidade com o mosquete, uma arma de fogo de longo alcance. Os mosqueteiros eram uma força respeitada e prestigiada, responsável pela proteção do rei e do país, além de participarem de batalhas e missões especiais. Eles foram imortalizados na literatura por Alexandre Dumas que segue as aventuras ficcionais de d'Artagnan e seus companheiros Athos, Porthos e Aramis.



d'Artagnan in Aldenhofpark, Maastricht.

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