terça-feira, 14 de maio de 2024

Em tempo de Guerra Fria, a ajuda de Cuba e União Soviética foi determinante para a vitória do MPLA em Angola



No dia 11 de novembro de 1975, Agostinho Neto, líder do MPLA, declarou a independência de Angola. Agostinho Neto proclamou a independência de Angola, após anos de luta pela libertação do domínio colonial português. Mas duas fações antagónicas e rivais ocupavam outras partes do país. Após a declaração de independência de Angola, UNITA (União Nacional para a Independência Total de Angola) e a FNLA (Frente Nacional de Libertação de Angola), que também lutaram pela independência em relação a Portugal, ocuparam outras partes do país, resultando num conflito prolongado conhecido como a Guerra Civil Angolana. Essa guerra civil durou muitos anos e teve um impacto significativo na história do país.

Tinham passado os últimos dias de Nixon na presidência dos Estados Unidos provocado pelo escândalo Watergate, que o levou à renúncia em agosto de 1974. O clima de incerteza era absoluto. Enquanto isso, Brejnev, líder da União Soviética na época, provavelmente adotou uma abordagem cautelosa, pois as relações entre os dois países eram fundamentais para a estabilidade geopolítica. Fidel Castro, o líder cubano, era conhecido por sua retórica franca e muitas vezes polémica. É verdade que ele fez comentários negativos sobre Nixon, incluindo que ele era um filho da puta. Castro e Nixon representavam ideologias opostas, e suas relações foram marcadas por hostilidades políticas ao longo dos anos.



Agostinho Neto ao lado de trecho de um de seus poemas.
Ao fundo, a bandeira de Angola.
© : I'sis Almeida/Alma Preta

Como Agostinho Neto conhecia Fidel Castro e Che Guevara, pediu ajuda a Moscovo e Havana. Devido a esses laços e à ideologia compartilhada, Neto buscou apoio de Cuba e da União Soviética para o MPLA durante a luta pela independência e depois da independência de Angola. Havana e Moscovo forneceram assistência militar, económica e diplomática ao MPLA, influenciando o curso dos acontecimentos durante a Guerra Civil Angolana. Fidel Castro aceitou o pedido de ajuda de Agostinho Neto e nomeou a intervenção cubana em Angola como "Operação Carlota". Essa operação envolveu o envio de milhares de soldados cubanos para apoiar o MPLA na luta contra as forças da UNITA e da FNLA, bem como contra a intervenção de tropas sul-africanas que apoiavam estes movimentos contra o MPLA. A Operação Carlota teve um impacto significativo no conflito e foi fundamental para a consolidação do poder do MPLA em Angola.

Então, como durante a Guerra Civil Angolana, cerca de 26 mil soldados cubanos foram mobilizados para apoiar o MPLA em Luanda e em outras áreas controladas pelo partido, os Estados Unidos apoiaram as outras fações. Os Estados Unidos apoiaram ativamente a UNITA e a FNLA durante a Guerra Civil Angolana na lógica da Guerra Fria. Os EUA viram perfeitamente o que estava em jogo com o apoio da União Soviética e Cuba ao MPLA. Assim, UNITA e FNLA só podiam ser aliados na luta contra o MPLA. O apoio dos Estados Unidos incluiu fornecimento de armas, treino militar e ajuda financeira. A Guerra Civil Angolana, portanto, tornou-se um campo de batalha indireto entre as superpotências da época, refletindo as tensões geopolíticas da Guerra Fria.

A África do Sul também desempenhou um papel significativo na Guerra Civil Angolana, principalmente através da sua intervenção militar em apoio à UNITA e à FNLA. A África do Sul, sob o regime do apartheid, via o MPLA como um inimigo devido às suas ligações com o bloco comunista e buscava enfraquecer a sua posição. Além disso, a África do Sul também estava interessada em garantir o controlo da região do Sudoeste Africano, que hoje é conhecida como Namíbia, e utilizou a guerra em Angola como uma forma de alcançar os seus objetivos estratégicos na região. A sua intervenção militar incluiu o envio de tropas e equipamentos para apoiar as forças contra o MPLA e para combater a presença cubana.

O ponto culminante do conflito foi a Batalha de Cuito Cuanavale, que ocorreu entre 1987 e 1988. Esta batalha foi um ponto de viragem significativo no conflito e resultou numa derrota estratégica para as forças sul-africanas e para a UNITA, com a intervenção decisiva das tropas cubanas em apoio ao MPLA. A vitória em Cuito Cuanavale foi um dos fatores que contribuíram para o fim da guerra civil e para a independência da Namíbia, bem como para a retirada das tropas sul-africanas de Angola.

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