quarta-feira, 29 de maio de 2024

O patriarcalismo



O patriarcalismo é uma forma de construção social baseada no patriarcado. O patriarcado é o domínio social ou uma estrutura de poder social centralizada no homem ou no masculino. O termo é baseado na própria ideia da figura do pai, de onde deriva também o conceito de pátria. Embora seja difícil afirmar categoricamente que o patriarcalismo esteja "a caminho do fim," há indícios de mudanças significativas em diversas sociedades sobretudo no hemisfério ocidental do mundo. O processo de transformação é gradual e enfrenta muitas resistências, mas as tendências atuais indicam uma direção positiva para a igualdade de género.

No século XX e início do XXI, os movimentos feministas têm lutado por direitos iguais para mulheres e homens, resultando em conquistas importantes, como o direito ao voto, a igualdade no mercado de trabalho, e leis contra a violência de género. Muitos países têm implementado leis que promovem a igualdade de género, protegem os direitos das mulheres e punem a discriminação e a violência de género. Essas mudanças legais são um passo crucial para a desconstrução do patriarcalismo.

A crescente consciencialização sobre questões de género e a inclusão dessas discussões em currículos educacionais têm ajudado a mudar mentalidades, especialmente entre as gerações mais jovens. A maior participação das mulheres no mercado de trabalho e em posições de liderança, bem como uma divisão mais equitativa das responsabilidades domésticas, têm contribuído para a redução de estruturas patriarcais tradicionais.

No entanto, é importante reconhecer que o patriarcalismo ainda está profundamente enraizado em muitas sociedades e culturas. A resistência às mudanças, tanto institucional como individualmente, continua a ser um desafio. A erradicação do patriarcalismo exige um esforço contínuo e coordenado em várias frentes e uma mudança nas atitudes e comportamentos em relação ao género.

Ou seja, a entrada maciça da mulher no mercado de trabalho, e o movimento feminista a partir de 1960, está na base da perda de poder do homem nas sociedades ocidentais. Foram fatores fundamentais na mudança das dinâmicas de poder nas sociedades ocidentais. Essas mudanças desafiaram e continuam a desafiar as estruturas patriarcais tradicionais, contribuindo para uma redistribuição mais equitativa do poder entre homens e mulheres.

O movimento feminista das décadas de 1960 e 1970, conhecido como a "segunda vaga" do feminismo, trouxe à luz do dia questões cruciais como igualdade no trabalho, direitos reprodutivos, combate à violência doméstica, e a desconstrução de estereótipos de género. Essas lutas resultaram em mudanças legislativas e sociais significativas, promovendo a igualdade de género. A participação crescente das mulheres na força de trabalho desafiou a ideia de que o papel das mulheres deveria ser restrito ao ambiente doméstico. Isso não apenas mudou a economia familiar, com muitas mulheres se tornando provedoras em parceria, ou até principais provedoras. Mas também incentivou a reavaliação dos papéis de género e da divisão de trabalho dentro das famílias.

O acesso ampliado das mulheres à educação e à formação profissional permitiu que conseguissem competir por empregos e cargos anteriormente dominados por homens. A maior presença feminina em setores antes considerados masculinos (como ciência, tecnologia, engenharia – tem contribuído para a redução de disparidades de género.

A implementação de políticas de igualdade de género e leis contra a discriminação têm ajudado a criar um ambiente mais justo no local de trabalho e na sociedade em geral. Exemplos incluem a Lei dos Direitos Civis de 1964 nos Estados Unidos, que proíbe a discriminação no emprego com base no sexo, e políticas de licença-maternidade e paternidade mais equitativas.

A visibilidade e a voz das mulheres a começar pelos órgãos de comunicação social, televisão e jornalismo, bem como na política, embora menos, e em outras esferas públicas, têm ajudado a mudar a perceção da opinião pública. Isso inclui a representação de mulheres em papéis de liderança e a promoção de modelos de masculinidade que não se baseiam em dominação e controlo.

Esses fatores, entre outros, têm contribuído para uma mudança nas estruturas de poder tradicionais, desafiando o patriarcalismo e promovendo uma sociedade mais igualitária. No entanto, essa transformação é contínua e enfrenta resistências, especialmente em contextos onde os valores patriarcais ainda estão profundamente enraizados.

As pessoas woke fazem reivindicações de justiça ou democracia, mas o que lhes interessa realmente é o poder. Todas as sociedades que conhecemos tiveram alguma forma de colonialismo e de escravatura. O mundo sempre foi assim. Sempre houve boas proclamações, mas a humanidade teima em não cumprir. É possível lê-lo em Tucídides, grandes nações engolirem nações mais pequenas. E ainda está a acontecer. E eu digo que sou de esquerda, seja lá isso o que for, porque apesar de condenar, não faço mais nada por isso. E para mim, é o fazer alguma coisa contra esse tipo de injustiça contra os pobres, contra os fracos, contra os pequenos, que nos devia orgulhar de estar à esquerda. Se investigarmos o suficiente, vamos sempre encontrar os interesses por trás do que parecia ser uma boa ideia.

Eu não me revejo no movimento woke, assim chamado, nada progressista. O que vale hoje dizer que Aristóteles era um sexista misógino e Abraham Lincoln tinha escravos, que não era tão antirracista como pensamos. E, todavia, Abraham Lincoln deu a sua vida por defender os direitos civis para os negros. Essa foi a razão pela qual foi assassinado. Quando as pessoas começam a querer derrubar monumentos, ou retirar nomes de ruas, eu fico alarmado. E quem está errado? Para um "wokista" é quem fica alarmado.

Quando em 2021 Susan Neiman, e um outro autor, quiseram escrever um livro sobre o tema que viria a dar-se a conhecer nesse ano pela gíria "woke", o seu agente, um agente muito bom, disse-lhe que a respeitava muito, mas que não lhe reconhecia gabarito para escrever sobre isso. Ou seja, esse termo tinha passado a indicar uma "paranoia especialmente sobre questões de justiça racial e política". O movimento woke tem as certezas dos fanáticos. Não quero dizer com isso que sejam fanáticos. Uma coisa é ser um fanático. Outra coisa é comportar-se como os fanáticos.

Certas pessoas de esquerda têm medo de criticar o movimento woke. Ora, esta fratura na esquerda é perigosíssima, porque mimetiza o que aconteceu na Alemanha na década de 1930. O dilema é sempre o mesmo: ou é cedo demais; ou já é tarde demais. Para quê? Para dizer que muita da esquerda, com esse linguajar de vocábulos com punhos de renda e gola de arminho, faz mais mal do que bem: à democracia, à justiça e à verdade. A começar pela verdade de que em Kant há realmente passagens realmente ofensivas à boleia do imperativo categórico. O que ele diz sobre as mulheres é horrível. E tem algumas passagens racistas. Mas, e daí? Deu-nos a metafísica dos direitos humanos universais. E se por redução ao absurdo, ele voltasse, seria o primeiro a reconhecer que muito nós progredimos no caminho do bem. Tornámo-nos muito melhores pessoas, nada que se compare com o mundo do seu tempo.

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