sexta-feira, 31 de maio de 2024

Estados alterados de consciência



Estados alterados de consciência são estados mentais diferentes do estado de consciência habitual na nossa atividade diária considerada normal. Durante o sono, enquanto sonhamos, passamos por um estado de consciência que cai dentro desta classificação de estado alterado de consciência. Transes ou estados de êxtase, ou de meditação zen profunda, são outros exemplos de estado alterado de consciência acordado. E também sob o efeito de certas drogas. O estado místico pode ser considerado um estado alterado de consciência. Nele, a percepção do indivíduo sobre si mesmo, sobre os outros e sobre o mundo ao seu redor pode ser significativamente diferente do seu estado de consciência habitual. Este estado muitas vezes envolve uma sensação de conexão profunda com o universo, transcendendo os limites do ego e da percepção ordinária.

O estado místico pode ser definido como um estado de consciência profunda e transcendente, caracterizado por uma sensação de união ou conexão com algo muito maior, seja o universo, ou o divino em contexto religioso. Nessas experiências, as fronteiras entre o self e o mundo externo podem parecer diluídas, levando a uma sensação de unidade e compreensão intuitiva. Este estado muitas vezes é descrito como uma experiência de êxtase, transcendência ou iluminação espiritual.

Um estado místico não é necessariamente um estado fora da realidade. Embora os estados místicos envolvam uma alteração significativa na percepção da realidade, não devem ser considerados como algo fora da realidade. Em vez disso, eles oferecem uma perspectiva diferente da realidade, muitas vezes mais ampla e profunda do que a percebida no estado de consciência ordinário. Essas experiências podem fornecer insights e compreensões que transcendem a compreensão convencional da realidade, mas ainda assim fazem parte da experiência humana e são interpretadas dentro do contexto cultural e pessoal de cada indivíduo.

Um dos neurocientistas que tem estudado este facto da consciência é Richard Davidson, incluindo o estado místico e os efeitos da meditação e da prática espiritual no cérebro. Ele é conhecido por seus estudos sobre os efeitos da meditação na plasticidade cerebral e no bem-estar emocional, bem como por sua pesquisa sobre a relação entre mente, cérebro e corpo. Suas descobertas contribuíram significativamente para a compreensão científica dos estados alterados de consciência e para o papel da prática contemplativa na promoção da saúde mental e emocional.

Richard Davidson valoriza e incorpora as experiências e práticas da tradição indiana e budista em seus estudos sobre consciência e bem-estar. Ele colaborou com vários mestres espirituais e praticantes dessas tradições para entender melhor os efeitos da meditação e outras práticas contemplativas sobre o cérebro e a mente. Sua abordagem inclui uma apreciação tanto das perspectivas científicas ocidentais quanto das práticas contemplativas orientais, reconhecendo a riqueza e a profundidade de ambas as tradições na compreensão da natureza da consciência e do potencial humano.




Sri Ramakrishna é um dos mestres espirituais mais reverenciados na Índia e em todo o mundo. Ele viveu no século XIX e é conhecido por sua profunda devoção religiosa e sua capacidade de experimentar estados de consciência mística desde tenra idade. Sri Ramakrishna é considerado um avatar, uma encarnação divina, por muitos de seus seguidores. Sua mensagem de amor universal, tolerância religiosa e busca sincera da verdade espiritual continua a inspirar milhões de pessoas em todo o mundo. Ele é especialmente venerado pelos seguidores do movimento Ramakrishna, fundado por seu discípulo mais famoso, Swami Vivekananda.

O Dalai Lama, líder espiritual do budismo tibetano, colaborou com vários neurocientistas e pesquisadores ao longo dos anos para explorar a natureza da mente e da consciência. Essas colaborações resultaram em estudos significativos sobre os efeitos da meditação e da prática espiritual no cérebro e na saúde mental. O Dalai Lama expressou interesse em promover um diálogo construtivo entre a ciência e a espiritualidade, reconhecendo que ambas as abordagens têm o potencial de contribuir para o bem-estar humano e para uma compreensão mais profunda da natureza da realidade. Essas colaborações têm sido valiosas para a promoção da pesquisa interdisciplinar sobre a mente e a consciência.

Inicialmente, os estudos que envolviam colaborações entre neurocientistas e líderes espirituais como o Dalai Lama foram muitas vezes mal recebidos por alguns psicólogos e acadêmicos estabelecidos. Isso se deveu, em parte, à hesitação em integrar métodos de pesquisa e perspectivas de tradições espirituais com a ciência ocidental tradicional. Alguns psicólogos podem ter considerado tais abordagens como pseudociência ou como uma mistura inadequada de domínios distintos. No entanto, ao longo do tempo, muitos pesquisadores começaram a reconhecer o valor dessas colaborações interdisciplinares e a importância de investigar a mente e a consciência de múltiplas perspectivas. Com o aumento das evidências científicas sobre os benefícios da meditação e da prática espiritual para a saúde mental e o bem-estar, houve uma maior aceitação dessas abordagens na comunidade académica.

António Damásio é um renomado neurocientista que, embora não tenha necessariamente colaborado diretamente com líderes espirituais como o Dalai Lama, tem explorado profundamente a natureza da consciência, da emoção e do eu através de uma perspectiva neurocientífica. Ele é conhecido por seu trabalho inovador sobre os fundamentos neurais das emoções e da tomada de decisão, contribuindo significativamente para a compreensão de como o cérebro humano gera a experiência consciente. Embora Damásio possa não ter abordado diretamente as colaborações entre neurociência e espiritualidade, seu trabalho certamente faz parte do diálogo mais amplo sobre a natureza da mente e da consciência, o que contribui para uma compreensão mais holística da experiência humana. Sua abordagem científica rigorosa e sua exploração das interações entre o cérebro, a mente e o corpo são valiosas para o campo da neurociência e para o entendimento geral da consciência humana.

António Damásio é amplamente conhecido por sua ênfase no papel fundamental das emoções nas tomadas de decisão humanas. Seu trabalho revolucionário destacou como as emoções desempenham um papel crucial na avaliação de diferentes opções e na escolha de um curso de ação. Ele argumenta que as emoções fornecem informações valiosas sobre o valor e as consequências das escolhas, influenciando assim nossas decisões de maneira profunda e muitas vezes inconsciente. Ao reconhecer a importância das emoções na tomada de decisões, Damásio ofereceu uma nova perspectiva sobre o funcionamento da mente humana, destacando a interconexão entre processos emocionais e processos cognitivos. Sua pesquisa tem sido fundamental para a compreensão de como as emoções moldam nossas vidas cotidianas e como a saúde emocional é essencial para o funcionamento adequado do cérebro e do corpo.

Se os conceitos de certo e de errado são do domínio do irrevogável absoluto; e se eu estou certo que Damásio está certo e Maya taróloga está errada, a questão que levanto é: o que leva Maya a estar do lado errado? O sentido de querer saber a resposta a esta pergunta prende-se com a ambição utópica de querer arranjar uma terapêutica eficaz para convencer Maya a estar do lado certo. E fazendo deste ensaio um teorema, podíamos colocar outros nomes no lugar de Maya. Para a maioria dos investigadores sobre esta matéria, trata-se de um problema de discernimento entre o certo e o errado. Mas para outros, é mais um problema da natureza do ser, ligada ao sentimento e ressentimento, como a cobiça, o egoísmo e a raiva.

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