segunda-feira, 14 de julho de 2025

A Casa de Saxe-Coburgo-Gota




A Casa de Saxe-Coburgo-Gota é uma casa real de origem alemã. Os seus membros governaram em várias monarquias europeias durante os séculos XIX/XX = Bélgica, Portugal, Reino Unido, Bulgária.

Ernesto I = Ernesto António Carlos Luís [Coburgo, 2 de janeiro de 1784 - Gota, 29 de janeiro de 1844] --  É o primeiro Duque de Saxe-Coburgo-Gota (como Ernesto I -1826-1844) o último Duque de Saxe-Coburgo-Saalfeld (como Ernesto III -1806-1826. Era o filho mais velho de Francisco - Duque de Saxe-Coburgo-Saalfeld [1750-1806] e Augusta de Reuss-Ebersdorf.

Ernesto I casou com Luísa de Saxe-AltemburgoE tiveram dois filhos: Ernesto II, Duque de Saxe-Coburgo-Gota; Alberto de Saxe Coburgo-Gota. Alberto de Saxe Coburgo-Gota [1819-1861] casou com Vitória do Reino Unido (Rainha Vitória). Tiveram 9 filhos -- entre os quais Alberto Eduardo que viria a ser Eduardo VII, que veio a reinar de 1901 a 1910.

Francisco - Duque de Saxe-Coburgo-Saalfeld [1750-1806] foi o grande progenitor de 9 filhos, entre os quais: Leopoldo I - Rei dos Belgas [1790–1865]; Vitória - mãe da Rainha Vitória do Reino Unido; Fernando - pai de Fernando II, o segundo marido da rainha D. Maria II de Portugal e Príncipe Consorte de Portugal de 1836 a 1837, altura em que se tornou Rei de Portugal e Algarves.



Na Bélgica - Leopoldo I foi o Primeiro Rei dos Belgas entre 1831 e 1865. Sucedeu-lhe Leopoldo II entre 1865 e 1909, tendo sido o criador do Estado Livre do Congo. Na Rússia Alexandra Feodorovna, neta de Vitória, casou com Nicolau II. Em Espanha, Vitória Eugénia, também neta de Vitória, casou com Afonso XIII. Na Bulgária, o rei Fernando, era neto de Fernando de Portugal. E no México, Carlota - filha de Leopoldo I e casada com Maximiliano de Habsburgo, foi imperatriz consorte.

Continuando a análise deste entrelaçamento de casamento entre as casas reais, verifica-se que Leopoldo I era tio da Rainha Vitória. E casado com a princesa Carlota de Orleães (filha de Luís Filipe de França). Pai de Leopoldo II (explorador brutal do Congo) e de Carlota, imperatriz do México (casada com Maximiliano de Habsburgo). Fernando de Portugal, que era primo da Rainha Vitória, casou com a Rainha Maria II de Portugal e tornou-se rei-consorte de Portugal como D. Fernando II. Fundador da Casa de Bragança-Saxe-Coburgo e Gota, que reinou em Portugal até 1910. Pai de D. Pedro V e D. Luís I (avô de D. Carlos e bisavô de D. Manuel II).

Para todos os efeitos a Rainha Vitória era uma espécie de um nó em toda esta rede. Casou com o seu primo príncipe Alberto de Saxe-Coburgo-Gota (filho de Ernesto I, irmão de Leopoldo I). A sua descendência espalhou-se por toda a Europa, sendo chamada de "a avó da Europa". Dos nove filhos:
  • Eduardo VII → Pai de Jorge V do Reino Unido.
  • Alice → Mãe da czarina Alexandra Feodorovna, esposa de Nicolau II da Rússia.
  • Alfredo → Duque de Edimburgo e de Saxe-Coburgo-Gota.
  • Helena → Casada com o príncipe Cristiano de Schleswig-Holstein.
  • Luísa → Casada com o marquês de Lorne, Canadá.
  • Artur → Duque de Connaught, governador-geral do Canadá.
  • Leopoldo → Duque de Albany.
  • Beatriz → Mãe de Vitória Eugénia, rainha de Espanha (casada com Afonso XIII).
Daqui se podem fazer várias conexões geográficas:
  • Lisboa: Com D. Fernando II, pai da linhagem real portuguesa final.
  • Londres: O centro da expansão com Vitória e Alberto.
  • Bruxelas: Leopoldo I e depois Leopoldo II, influenciando o colonialismo.
  • Madrid: Com Vitória Eugénia, esposa de Afonso XIII (e neta de Vitória).
  • Berlim: Vários casamentos entre Coburgos e Hohenzollern.
  • São Petersburgo: Alexandra Feodorovna, czarina russa, neta de Vitória.
A maior concentração de poder familiar ocorre entre 1830 e 1910, quando a mesma família governa diretamente ou por afinidade as casas reais de Portugal, Bélgica, Reino Unido, Rússia, Bulgária, Espanha e México. Os anos de1917e1918 marcam o colapso de muitos desses impérios: abdicação do czar na Rússia, fim do Império Austro-Húngaro, queda da monarquia em Portugal (1910), e abdicação de Fernando I da Bulgária (1918). Em 1917, Jorge V do Reino Unido, preocupado com a imagem germânica da Casa de Saxe-Coburgo-Gota, muda oficialmente o nome da dinastia para Casa de Windsor.


Há um contraste entre a longevidade da influência britânica e belga - e o encurtamento progressivo dos reinados portugueses até à república (1910). A presença pontual mas significativa na Rússia, Espanha, Bulgária e México. Como os ramos colapsam todos praticamente entre 1910 e 1945, marcam o fim do ciclo da monarquia europeia tradicional que inclui outras casas rivais, como os Habsburgo, Hohenzollern, Romanov ou Orleães. Para entender o peso da Casa de Saxe-Coburgo-Gota, é fundamental contrastá-la com as outras grandes casas reais europeias do século XIX e início do século XX, que formavam uma espécie de concerto dinástico das potências imperiais. Aqui está uma síntese clara das principais casas rivais, suas características e os tronos que ocuparam.

A Casa de Habsburgo-Lorena [Áustria, Hungria, Boémia, partes da Itália, México (temporariamente)] estende-se entre os séculos XIII–XX. É uma das casas mais antigas e dominantes da Europa Desde o Sacro Império Romano-Germânico (até 1806) até ao Império Austro-Húngaro (1867–1918).
O ramo Habsburgo-Lorena formou-se com o casamento de Maria Teresa da Áustria e Francisco de Lorena. Tiveram um papel central na diplomacia europeia e foram rivais tanto dos Bourbon como dos Hohenzollern. Figuras centrais: Francisco José I (1848–1916): imperador austro-húngaro por quase 70 anos. Maximiliano do México: irmão de Francisco José, casado com Carlota (de Saxe-Coburgo).

A Casa de Hohenzollern [Prússia, Alemanha (Império Alemão)] -- Séculos XV–XX. Surgida como eleitores da Brandemburgo, tornaram-se reis da Prússia e, depois, imperadores da Alemanha.
Protagonistas da unificação alemã sob Bismarck e da rivalidade com os Habsburgos. Militarismo, nacionalismo e protestantismo foram marcas identitárias. Figuras centrais: Guilherme I (imperador de 1871 a 1888); Guilherme II (último imperador alemão, 1888–1918), neto da rainha Vitória.

A Casa de Romanov [Rússia] 1613–1917 -- Reinaram desde a saída dos Rurik até à Revolução Russa.
Promoveram um império vastíssimo e centralizado. Casaram-se com princesas de origem germânica, como a neta de Vitória (Alexandra). Figuras centrais: Alexandre II (libertador dos servos); Nicolau II, o último czar, executado com toda a sua família em 1918.

A Casa de Bourbon [França, Espanha, Nápoles-Sicília, Parma] Séculos XVI–XX -- Um dos ramos dos Capetos, esteve no trono de França até a Revolução. Em Espanha, voltou ao poder após a queda de Napoleão e continua até hoje. Em Nápoles e Parma, o ramo secundário Bourbon / Duas Sicílias perdeu espaço com a unificação italiana. Figuras centrais: Luís XVI (executado em 1793); Carlos IV, Fernando VII de Espanha; Afonso XIII (espanhol, casado com Vitória Eugénia).

A Casa de Orleães [França (Monarquia de Julho)] 1830–1848 -- Ramo liberal dos Bourbon que reinou com Luís Filipe I. Expulsos pela revolução de 1848. Estreitamente ligados à casa de Saxe-Coburgo pela aliança de Carlota com Leopoldo I da Bélgica.

A Casa de Savóia [Sardenha, depois Itália unificada] Até 1946. Foram reis do Piemonte / Sardenha e lideraram a unificação italiana. Tornaram-se reis de Itália em 1861. Figuras centrais: Vítor Emanuel II (primeiro rei da Itália unificada). Umberto I e Vítor Emanuel III.

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