Fiquei perplexo: Carla Pita Santos quando disse que as pessoas que trabalham em saúde sexual e reprodutiva deviam ser todas feministas e que deviam compreender que o conceito é um conceito sistémico de violência de género. E Mia Negrão ter dado a entender que quem dita as “nep’s” da violência obstétrica é quem a sofre.
Passando a origem do conceito na América Latina; e o grande inspirador Michel Foucault – Para quem se formou em medicina na década de 1970 as episiotomias eram realizadas segundo o princípio de que mais valia prevenir do que remediar uma laceração aleatória provocada por bebés maiores em tamanho e em períneos mais frágeis. E havia uma outra justificação que tinha a ver com o bebé, que quanto mais depressa nascesse menos tempo estaria sujeito à baixa oxigenação cerebral durante o trabalho de parto. No entanto, se as coisas evoluem é em ciência médica, e hoje a episiotomia está desaconselhada nas diretrizes da OMS. E os obstetras são os primeiros a atender a lex artis. Mas uma episiotomia bem indicada, realizada para evitar um rasgo grave ou proteger o feto em sofrimento, não é uma violência, é um ato médico responsável.
Tentar criminalizar o ato clínico baseado não na intenção médica, mas na perceção subjetiva de quem recebe o cuidado, é juridicamente perigoso e eticamente discutível. Estaríamos a aplicar o direito penal a contextos clínicos incertos e urgentes. Seja como for, esta judicialização da medicina colocou os obstetras na linha de fogo, o que é péssimo para a confiança na relação médico/paciente, em que cada vez mais os médicos se colocam na defensiva. E é sabido que os atos médicos na defensiva repercutem-se negativamente para o lado das pacientes. Está-se numa deriva que qualquer dia ninguém quer ser obstetra. Já hoje se vê isso: muitos profissionais estão a abandonar o parto ativo, preferindo ser ginecologistas, por medo de processos judiciais a aumentarem muitas vezes injustamente.
Atenção: o feminismo é um movimento histórico fundamental na luta pelos direitos das mulheres. Mas hoje existe uma vertente mais radicalizada que vê quase toda a estrutura social como “opressão de género sistémica”. Nessa ótica, até atos médicos bem-intencionados passam a ser interpretados como violência sistémica masculina. Esse tipo de fundamentalismo tende a confundir o contexto clínico com o contexto político, e trata profissionais como representantes do “patriarcado”. A medicina está a ser pressionada por narrativas que nem sempre compreendem a complexidade do ato clínico.
Ao longo da história da Medicina sempre houve más práticas, mesmo que nem sempre generalizadas. Mas competiu sempre aos próprios profissionais corrigir erros ou abusos através das suas legítimas instituições, tanto ao nível das sociedades científicas representativas, como ao nível da Ordem dos Médicos. O caminho sensato sempre passou por aí. Mas atualmente estão a passar-se fenómenos muito estranhos com estas guerras culturais da dita civilização Ocidental. Parece que todo o estado da arte científica, de matriz iluminista, se está a desmoronar num mundo virado do avesso, a substituir critérios objetivos e técnicos por perceções subjetivas absolutizadas; o saber técnico-científico a ser orientado por ideologias.
Levado à letra dessas feministas, um médico pode ser condenado mesmo tendo agido segundo as melhores práticas médicas, uma vez que foi a paciente a interpretar o ato como "violento". Mesmo quando for um erro médico, é colocado no terreno da má-fé e das teorias paranoicas da conspiração patriarcal.
Passando a origem do conceito na América Latina; e o grande inspirador Michel Foucault – Para quem se formou em medicina na década de 1970 as episiotomias eram realizadas segundo o princípio de que mais valia prevenir do que remediar uma laceração aleatória provocada por bebés maiores em tamanho e em períneos mais frágeis. E havia uma outra justificação que tinha a ver com o bebé, que quanto mais depressa nascesse menos tempo estaria sujeito à baixa oxigenação cerebral durante o trabalho de parto. No entanto, se as coisas evoluem é em ciência médica, e hoje a episiotomia está desaconselhada nas diretrizes da OMS. E os obstetras são os primeiros a atender a lex artis. Mas uma episiotomia bem indicada, realizada para evitar um rasgo grave ou proteger o feto em sofrimento, não é uma violência, é um ato médico responsável.
Tentar criminalizar o ato clínico baseado não na intenção médica, mas na perceção subjetiva de quem recebe o cuidado, é juridicamente perigoso e eticamente discutível. Estaríamos a aplicar o direito penal a contextos clínicos incertos e urgentes. Seja como for, esta judicialização da medicina colocou os obstetras na linha de fogo, o que é péssimo para a confiança na relação médico/paciente, em que cada vez mais os médicos se colocam na defensiva. E é sabido que os atos médicos na defensiva repercutem-se negativamente para o lado das pacientes. Está-se numa deriva que qualquer dia ninguém quer ser obstetra. Já hoje se vê isso: muitos profissionais estão a abandonar o parto ativo, preferindo ser ginecologistas, por medo de processos judiciais a aumentarem muitas vezes injustamente.
Atenção: o feminismo é um movimento histórico fundamental na luta pelos direitos das mulheres. Mas hoje existe uma vertente mais radicalizada que vê quase toda a estrutura social como “opressão de género sistémica”. Nessa ótica, até atos médicos bem-intencionados passam a ser interpretados como violência sistémica masculina. Esse tipo de fundamentalismo tende a confundir o contexto clínico com o contexto político, e trata profissionais como representantes do “patriarcado”. A medicina está a ser pressionada por narrativas que nem sempre compreendem a complexidade do ato clínico.
Ao longo da história da Medicina sempre houve más práticas, mesmo que nem sempre generalizadas. Mas competiu sempre aos próprios profissionais corrigir erros ou abusos através das suas legítimas instituições, tanto ao nível das sociedades científicas representativas, como ao nível da Ordem dos Médicos. O caminho sensato sempre passou por aí. Mas atualmente estão a passar-se fenómenos muito estranhos com estas guerras culturais da dita civilização Ocidental. Parece que todo o estado da arte científica, de matriz iluminista, se está a desmoronar num mundo virado do avesso, a substituir critérios objetivos e técnicos por perceções subjetivas absolutizadas; o saber técnico-científico a ser orientado por ideologias.
Levado à letra dessas feministas, um médico pode ser condenado mesmo tendo agido segundo as melhores práticas médicas, uma vez que foi a paciente a interpretar o ato como "violento". Mesmo quando for um erro médico, é colocado no terreno da má-fé e das teorias paranoicas da conspiração patriarcal.
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