Entretanto, ao tomar cohecimento das hipóteses de Penrose, tratou de estabelecer com ele uma certa aproximação de ideias, apesar de ter conhecimento das críticas de filósofos e neurocientistas amplamente difundidas nos meios científicos publicados. Os dois se reuniram em 1992, e Hameroff sugeriu que os microtúbulos eram um bom local para um mecanismo quântico no cérebro. Penrose estava interessado nas características matemáticas da estrutura do microtubulo, e ao longo dos dois anos seguintes os dois colaboraram na formulação do modelo de consciência. Após esta colaboração, Penrose publicou em 1994 o seu segundo livro à volta da consciência, com o título “Sombras da mente”. Em 2014 a coerência quântica nos microtubulos foi encontrada por Anirban Bandyopadhyay.
A mecânica quântica estabelece que a matéria pode estar em mais de um estado físico ao mesmo tempo - pense, por exemplo, em uma "moeda quântica", que seria capaz de dar cara e coroa ao mesmo tempo. Esse estado "misto", chamado de estado de superposição, é bem conhecido dos físicos, e funciona muito bem em objetos pequenos, como por exemplo os eletrões. Mas sistemas físicos maiores e mais complexos - qubits, por exemplo - parecem estar em um estado físico consistente porque interagem e se "entrelaçam" com outros objetos em seu ambiente. Este entrelaçamento - há quem prefira emaranhamento - faz com que esses objetos mais complexos "decaiam" para um único estado - cara ou coroa, por exemplo. É este processo de quebra da "mágica quântica" que os físicos chamam de decoerência. A decoerência é uma espécie de ruído, ou interferência, atrapalhando as subtis inter-relações entre as partículas quânticas. Quando ela entra em cena, a partícula que estava no ponto A e no ponto B ao mesmo tempo, subitamente passa a estar no ponto A ou no ponto B.
Hameroff era o organizador principal dos encontros da consciência em Tucson. Em 1994 reuniu aproximadamente 300 pessoas interessadas em estudos de consciência, entre os quais David Chalmers, Christof Koch, Roger Penrose, Bernard Baars e Benjamin Libet. Pesquisadores de várias disciplinas juntas levou a várias sinergias úteis, resultando indiretamente, por exemplo, na formação da “Associação para o estudo científico da consciência”, e mais diretamente na criação do “Centro para estudos da consciência na Universidade do Arizona”, sendo Hameroff o diretor. O centro de estudos da consciência organiza reuniões sobre o estudo da consciência a cada dois anos, bem como patrocinando seminários sobre a teoria da consciência.
Numa entrevista Stuart Hameroff discorre sobre vários aspetos controversos sobre o lugar da consciência e o seu papel no universo:
Em relação aos relatos de experiências fora do corpo e de quase morte diz – É possível que essas atividades cerebrais do fim da vida possam ser a consciência deixando o corpo, por assim dizer. Certamente, nas experiências fora do corpo, essa possibilidade é levantada. Perguntado se é possível que a consciência possa existir fora do cérebro no caso em que o cérebro parou de ser irrigado e o coração parou e assim por diante – Acho que não podemos descartar isso. Acho que é possível porque no modelo que Penrose e eu desenvolvemos, uma vez que a consciência está acontecendo, parece-nos no nível da geometria do espaço-tempo. Quando o cérebro pára de funcionar, parte dessa informação quântica pode não ser perdida, dissipada ou destruída, mas poderia persistir de alguma forma neste nível fundamental de geometria do espaço-tempo que parece não ser local, mas algo como repetição holográfica.
Eu fui entrevistado algumas vezes recentemente sobre casos de reencarnação onde a evidência era bem convincente. Não há como, por exemplo, uma criança saber detalhes sobre um piloto da Segunda Guerra Mundial que morreu 40 anos antes em todo o mundo, mas sabia coisas que eram chocantemente reveladoras. Claro que há relatos infindáveis desse tipo de coisas. A consciência não se dissipa, mas permanece unida por emaranhamento. Assim, a personalidade, a consciência, a memória e a alma de um indivíduo, se quiserem, podem ser enredadas num sentido quântico e persistir como flutuações na escala de tempo do universo. Isso poderia acontecer. Eu não estou dizendo que sim. Eu não reivindico nenhuma evidência, mas é uma possibilidade. É uma possibilidade científica. Eu acho que poderia ser em algum sentido, mas eu acho que é uma possibilidade lógica e pode acontecer cientificamente. De qualquer modo, não temos as ferramentas científicas para medir a mente ou a consciência gravada nos centros de cérebro.
Perguntado se a consciência é um continuum ou é uma sequência de eventos discretos – Eu acho que há muitas evidências de que a consciência é uma sequência de eventos discretos. Parece contínuo, mas como se vemos um filme ou um vídeo parece contínuo, mas na verdade é uma sequência de quadros discretos. Há muito conhecimento sobre o facto de que quando você está animado, digamos, por exemplo num acidente de automóvel, ou na queda de um avião. O mundo exterior desacelera. Michael Jordan, quando perguntado por que ele é tão bom jogador de basquete diz: "Quando estou a jogar a defesa está em câmara lenta." Isso significa que, em estados alterados, quando estamos excitados ou iluminados, o mundo exterior, em seguida, parece mais lento para nós, porque na verdade estamos indo mais rápido e tendo mais momentos conscientes por segundo. Isso significa que o mundo exterior está indo à sua taxa normal, mas parece mais lento. Isso é consistente com muita fenomenologia. Quando você meditar, isso acontece. Eu acho que quando você vai para uma frequência mais alta de momentos conscientes por segundo, o mundo lá fora parece mais lento.
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