quarta-feira, 17 de julho de 2019

Jason Padgett: um caso adquirido da ‘síndrome do sábio’ = Savant



Jason Padgett é hoje um matemático famoso por via da sua passagem a Savant, que emergiu após uma lesão cerebral que sofreu depois de ter sido barbaramente agredido por dois bêbados num bar. Antes disso era um pacato vendedor de móveis na cidade de Tacoma. O Savant, originariamente cunhado na língua francesa para referir o portador da síndrome do idiota prodígio, um distúrbio psíquico com o qual a pessoa possui uma grande habilidade intelectual aliada a um déficit de inteligência. Tais habilidades são sempre ligadas a uma memória extraordinária, porém com pouca compreensão do que está sendo descrito. Encontrada em mais ou menos uma em cada 10 pessoas com autismo e em, aproximadamente, uma em cada 2 mil com danos cerebrais ou atraso mental, a síndrome do sábio é citada na literatura científica desde 1789, quando Benjamim Rush, o pai da psiquiatria americana, descreveu a incrível habilidade de calcular de Thomas Fuller, que de matemática sabia pouco mais do que contar.

Ora, a singularidade de Jason Padgett é ter sido uma pessoa dita normal até sofrer aquela lesão cerebral, que uns dias depois se deparou com a visualização de objetos matemáticos complexos e com a capacidade de desenvolver conceitos intuitivos do âmbito da física teórica. No dia seguinte ao trauma cerebral, quando acordou, só conseguia ver complicadas fórmulas matemáticas. Para onde quer que olhasse, ele compreendia matematicamente os fenómenos à sua volta. Então, quando lhe foi solicitada a escrita das fórmulas no papel, em vez de escrever fórmulas desenhou estruturas fractais. Padget desenvolveu uma capacidade de desenhos matemáticos surpreendentes. Ele começou a desenhar círculos feitos de triângulos sobrepostos, o que o ajudou a entender o conceito de pi (a razão do perímetro da circunferência e o seu diâmetro. Desde então, mercê das suas sinestesias que misturam os sentidos visuais com os matemáticos, passou a ilustrar complexas formas geométricas que vê ao seu redor misturando-as com fórmulas matemáticas.

Foi então, que um dia, um físico ao conhecê-lo a fazer esses desenhos num shopping, convidou-o a prosseguir a formação matemática na sua universidade. Entretanto os neurologistas também se mostraram interessados em estudar o seu cérebro. Verificaram que uma parte tinha ficado danificada para sempre. Para compensar essa parte danificada, o cérebro ocupou-a com neurónios vindos das partes adjacentes. O rearranjo e a ativação dessas partes resultaram num feito de génio, neste caso de índole matemática.

Em 2014, foi lançado o livro de memórias “Struck by Genius: How a Brain Injury Made Me a Mathematical Marvel” em que Jason conta a sua história. Segundo informações da revista americana "The Hollywood Reporter", este livro iria receber uma adaptação cinematográfica.

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