segunda-feira, 22 de julho de 2019

A maioria dos “cientistas velhos do Restelo” são otimistas


Otimistas em relação a quê? Bem, em relação a muita coisa, mas agora interessa-me verificar em relação ao aquecimento global. Por exemplo, Steven Pinker, professor em Harvard, aquando da sua vinda a Lisboa para participar numa conferência organizada pela Fundação Francisco Manuel dos Santos, subordinada ao tema – Ética, Valores e Política – deu uma entrevista ao Jornal Público onde se afirma claramente otimista em relação ao estado das coisas no mundo, considerando um grande exagero catastrofista o tipo de notícias que hoje em dia circulam nos órgãos de comunicação social :


John Brockman, editor e coordenador das edições “Edge”, ainda não vai há muito tempo que perguntou a cem cientistas do mainstream, os mais otimistas, se acreditavam que o mundo continuava a ir no sentido de para melhor. E todos responderam nos seus curtos textos que estavam otimistas quanto a isso. Em resumo, progresso da humanidade era alicerçado, em grande medida, nas perspetivas e propostas dos cientistas e pensadores mais otimistas.

Nu mundo refém de previsões apocalípticas, como as mudanças climáticas e o terrorismo global, foram afirmativos quanto a um futuro luminoso: dentro de um século o homem poderá habitar outros planetas; brevemente será encontrada a cura completa do cancro; os que estão a nascer agora chegarão em média aos 120 anos de idade; e ainda neste século será possível à ciência oferecer a imortalidade para quem a quiser; os recursos naturais do planeta vão continuar a ser inesgotáveis; dentro de algumas gerações serão inventadas máquinas que se reproduzirão a partir da energia solar; o terrorismo e as guerras irão extinguir-se.

Enquanto atividade e enquanto estado de espírito, a ciência é fundamentalmente otimista. A ciência descobre o modo como as coisas funcionam e graças a isso pode fazê-las funcionar melhor. A maior parte das suas notícias e descobertas são benéficas, graças ao aprofundamento constante do conhecimento e a ferramentas e técnicas cada vez mais eficientes e poderosas.

Sabemos da história da ciência que os cientistas a cada passo são forçados a abandonar algumas das verdades que até um dado momento eram dadas como seguras. Não é fácil, mesmo à luz de teorias e dados objetivos, abandonar aquilo que antes parecia indubitavelmente verdadeiro. Por isso devíamos ter em mente que a ciência vale pelo seu cariz metodológico, e não ontológico. O que é essencial é o processo de construir teorias explicativas rigorosas, testá-las com experiências cuidadosas, e rever as teorias à luz dos novos dados. Uma ontologia que nasce através do método científico poderá mais tarde ser aniquilada por esse mesmo método. É nisto que assenta a força inovadora da ciência.

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