Otimistas em
relação a quê? Bem, em relação a muita coisa, mas agora interessa-me verificar
em relação ao aquecimento global. Por exemplo, Steven Pinker, professor em
Harvard, aquando da sua vinda a Lisboa para participar numa conferência organizada
pela Fundação Francisco Manuel dos Santos, subordinada ao tema – Ética, Valores
e Política – deu uma entrevista ao Jornal Público onde se afirma claramente
otimista em relação ao estado das coisas no mundo, considerando um grande
exagero catastrofista o tipo de notícias que hoje em dia circulam nos órgãos
de comunicação social :
John Brockman,
editor e coordenador das edições “Edge”, ainda não vai há muito tempo que
perguntou a cem cientistas do mainstream, os mais otimistas, se acreditavam que
o mundo continuava a ir no sentido de para melhor. E todos responderam nos seus
curtos textos que estavam otimistas quanto a isso. Em resumo, progresso da
humanidade era alicerçado, em grande medida, nas perspetivas e propostas dos
cientistas e pensadores mais otimistas.
Nu mundo refém de
previsões apocalípticas, como as mudanças climáticas e o terrorismo global,
foram afirmativos quanto a um futuro luminoso: dentro de um século o homem
poderá habitar outros planetas; brevemente será encontrada a cura completa do
cancro; os que estão a nascer agora chegarão em média aos 120 anos de idade; e
ainda neste século será possível à ciência oferecer a imortalidade para quem a
quiser; os recursos naturais do planeta vão continuar a ser inesgotáveis;
dentro de algumas gerações serão inventadas máquinas que se reproduzirão a
partir da energia solar; o terrorismo e as guerras irão extinguir-se.
Enquanto atividade
e enquanto estado de espírito, a ciência é fundamentalmente otimista. A ciência
descobre o modo como as coisas funcionam e graças a isso pode fazê-las
funcionar melhor. A maior parte das suas notícias e descobertas são benéficas,
graças ao aprofundamento constante do conhecimento e a ferramentas e técnicas
cada vez mais eficientes e poderosas.
Sabemos da
história da ciência que os cientistas a cada passo são forçados a abandonar
algumas das verdades que até um dado momento eram dadas como seguras. Não é
fácil, mesmo à luz de teorias e dados objetivos, abandonar aquilo que antes
parecia indubitavelmente verdadeiro. Por isso devíamos ter em mente que a
ciência vale pelo seu cariz metodológico, e não ontológico. O que é essencial é
o processo de construir teorias explicativas rigorosas, testá-las com experiências
cuidadosas, e rever as teorias à luz dos novos dados. Uma ontologia que nasce
através do método científico poderá mais tarde ser aniquilada por esse mesmo
método. É nisto que assenta a força inovadora da ciência.
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