segunda-feira, 8 de julho de 2019

A teoria do cérebro fractal


Na sinopse da Amazon, pode ler-se acerca deste livro de Wai H. Tsang publicado em 2016 com o título “Quest”, que traduzo por “Busca”, o seguinte:

Este livro é sobre uma aventura mítica do século XXI e uma odisseia espiritual. Uma novela de Dan Brown da vida real onde a ciência encontra a realidade, o místico encontra o mundano e o esotérico ou o oculto é manifesto. Mais mente dobra do que o filme Matrix e tão estranho quanto qualquer Philip K. Dick tomar. Esta é uma verdadeira história da busca de um homem para entender a natureza da mente, cérebro e consciência, durante o curso do qual ele descobre a natureza do universo e do divino. É a mitologia contemporânea que envolve a busca do Santo Graal moderno da inteligência artificial, que levaria ao Santo Graal do entendimento comum que é encontrado no coração de todas as religiões mundiais, ou seja, Gnosticismo no cristianismo, Kabbalah no judaísmo, Sufismo no Islão, Tantra e Advaita Vedanta no hinduísmo, Budismo Vajrayana e Taoísmo; também o segredo por trás da Maçonaria, Rosacrucianismo, os Templários e os mistérios antigos da Grécia e do Egito.

Wai H. Tsang, um teórico da tecnologia da informação, não um neurocientista, apresenta uma excitante síntese de todas as coisas relacionadas com a mente, cujo caráter é fractal, atravessando todo o espetro da vida, desde os genes até à inteligência artificial. Estas ideias, apesar de já não serem novas, levanta sempre muita polémica nos meios científicos ditos da velha tradição cartesiana. Este livro apresenta, nada menos, uma teoria unificada de um sistema a que chamamos vida – ontogénese da evolução da vida que convoca para discussão a genómica funcional, a neurociência, a inteligência artificial e a filosofia da mente e da consciência.

Segundo a opinião de alguns físicos e cientistas da computação, há tanto imagens do cérebro que mostram a sua natureza fractal, como imagens de outras partes do corpo que mostram o mesmo tipo de natureza. Assim como o código de computador é normalmente fractal. Contudo, os modelos de rede neural de inteligência artificial simples não são fractais, mas as gigantes redes neurais inteligência artificial tendem a ser fractais. Em suma, a realidade física definitivamente exibe fractalidade quase em todo o lado.

Ora, tudo isto já não sendo uma surpresa para os físicos, no âmbito da arquitetura computacional, não significa que o fractal constitua um modelo completo para o cérebro. Aliás, seria surpresa se assim fosse, pois seria difícil acreditar que o cérebro fosse totalmente fractal. Por exemplo, não é provável que o sistema de visão possa ser uma árvore homogénea de fluxo de dados com um único algoritmo repetido para processar dados visuais. Seria difícil compreender que tudo o que acontece ao nível da fenomenologia, ou dos qualia, fosse reduzido ao fractal. Tem de haver muito mais a acontecer. A nova epistemologia, no âmbito da inteligência artificial, é baseada no modelo de rede e não de árvore. E a maioria dos neurocientistas veem redes neurais em vez de árvores. E a maioria dos modelos “bottom-up”, ou empíricos, da psicologia cognitiva, também tendem a ver as associações de ideias em torno da livre associação de redes.

Wai H. Tsang ao perguntar: o que coordena tudo isto? Uma alma? Por que faz parte do trabalho mental uma parte inconsciente, e outra, consciente? Como se vai do neurológico para o fenomenológico, ou seja, para os qualia? O que é a inteligência e porque é que alguns são uns génios tais que pouca gente terá uma inteligência tão sofisticada para os compreender? Ou seja, porque será que a inteligência varia tanto, indo da plena estupidez até à genialidade? – expõe-se às críticas dos cientistas, na medida em que resvala para uma visão mística da consciência global. Porque ele não enfatiza suficientemente a descontinuidade da hierarquia neural. Há uma consistência nas nossas operações mentais que não se encontram na explicação na teoria fractal.

Por conseguinte, é prematuro para que Tsang estenda a sua teoria à espiritualidade. Mas ainda assim, Wai H. Tsang é admirável no seu impulso para tentar dar respostas a todas aquelas perguntas, segundo o princípio de uma hierarquia neural. Ele indica a importância da recursão, também conhecida pela designação de controlo de feedback.

Sem comentários:

Enviar um comentário