quinta-feira, 25 de julho de 2019

O Autismo por Simon Baron-Cohen


Desde os anos 90 que a incidência de autismo tem vindo a aumentar em todo o mundo, atingindo atualmente cerca de 60 em cada 10.000 crianças. Desconhece-se, no entanto, a razão para este facto. 
Segundo Simon Baron-Cohen, psicólogo do Centro de Pesquisas sobre o Autismo da Universidade de Cambridge, apesar de constatar o aumento do autismo em todo o lado, sem que ninguém encontre uma explicação, ele admite que isso também poderá dever-se à maior perceção dessa realidade por parte das pessoas em geral, um maior reconhecimento e uma maior latitude da categoria de diagnóstico, abrangendo casos menos graves, como a síndrome de Asperger. Até agora não se conseguiu provar, ou deixar de provar, que este aumento possa refletir outros fatores, como uma mudança genética e uma mudança de ambiente (por exemplo de natureza hormonal). 
Baron-Cohen é daqueles cientistas que se considera um otimista quanto ao futuro destes casos, uma vez que considera que nunca houve melhor altura para sofrer de autismo. Há uma conjugação notável entre a mente autista e a era digital. Tal como os computadores, que funcionam com uma extrema precisão, assim é o cérebro autista. Assim como os computadores, o cérebro autista segue regras. Portanto, o cérebro autista só se interessa por dados que sejam previsíveis, e sigam regras. Passe a expressão da falácia mereológica: não é o cérebro que se interessa ou deixa de interessar, mas sim o ser humano no seu todo bio/psíquico/sociológico/cultural. O mundo inerentemente imprevisível e ambíguo das pessoas e das emoções afugenta quem sofre de autismo. 
Assim, uma criança autista na frente de um computador e um rato na mão, uma série rápida de cliques com o rato transmite-lhe uma segurança confortável, porque os resultados gerados são sempre de uma precisão infalível, quando repetida gera sempre o mesmo resultado. E isso é de confiança, acalma a pessoa autista. Para uma criança autista os computadores são muito intuitivos do que o comportamento das pessoas reais, que é o contrário do que está disposto pela natureza para uma criança dita normal. Ao contrário de uma criança não autista, para uma criança autista as pessoas não são nada intuitivas. 
Uma criança autista pode passar por grandes dificuldades no período de socialização e no percurso da sua aprendizagem escolar. Mas chegada à idade adulta, não terá grandes dificuldades em arranjar uma profissão no cada vez mais alargado nicho digital. E neste nicho, elas serão sempre melhores que as outras. 

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