terça-feira, 6 de outubro de 2020

Terminus ad Hominem


O fim da humanidade ou o fim do homo sapiens: ao mesmo tempo que desaparecera a espécie humana, outra surgiu mais limitada nas suas ambições, com uma inteligência muito abaixo da humana, reduzida apenas a um vestígio inútil, e até incomodativo. Talvez tenha sido uma astúcia da razão, fora de qualquer veleidade social. As disposições do espírito não podiam favorecer uma sociabilidade fecunda.

Segundo a NASA, foi a colisão de um asteroide com a Terra que provocou o fim dos dinossauros. E que a colisão da Terra com grandes objetos do Espaço ocorre, em média, uma vez em cada cem mil anos. E se voltasse a haver uma colisão da Terra com um objeto do Espaço, da mesma envergadura do objeto que colidiu no tempo da extinção dos dinossauros, a espécie humana não iria resistir, pelo que seria provável a sua extinção.

Mas, a extinção humana, na perspetiva da grandeza cósmica, seria assim tão má se viesse a sofrer o mesmo destino dos dinossauros? Se os seres humanos não tivessem aparecido na sequência dessa extinção não haveria ninguém para confirmar essa verdade. Sim, não haveria verdades. Mas o facto de não haver verdades fora do mundo humano, não quer dizer que os dinossauros não existiram. O nome “dinossauro” não existiria, mas o animal que a palavra “dinossauro” denota, não haveria razão para dizer que não existiu. Consequentemente, quando não havia homo sapiens, e outros organismos do género homo, como o homo neandertal, o problema da verdade não se punha. Como também não se discutiam valores. O que torna verdadeira a nossa convicção de que os dinossauros se extinguiram há 65 milhões de anos é um facto: a extinção dos dinossauros há 65 milhões de anos.

Quanto à possibilidade da extinção humana provocada por uma pandemia viral ou bacteriana, a comunidade científica é cética. E também não acredita que seja pelas modificações climáticas que agora estão na ordem do dia devido ao aquecimento global.

Há quem considere que sim, que seria mau para o mundo se a humanidade se extinguisse da Terra. Seria bom que continuássemos na Terra geração após geração ad aeternum. E isto dando de barato que, ainda assim, não faria sentido pensar na imortalidade pessoal de cada ser humano em particular. Um dos argumentos mais recalcitrantes tem sido aquele que considera que seria mau para o Universo o desaparecimento de uma inteligência assim tão extraordinária como é a inteligência humana.

E é por isso que, quem pensa assim, e acreditando que os prognósticos da NASA são plausíveis, está interessada em saber o que a NASA está a fazer para o caso de se um asteroide vier na trajetória da Terra ser possível desviá-lo. Não se sabe se o sistema de vigilância da NASA reagiria a tempo suficiente para desenvolver as capacidades de o evitar. Por exemplo, um foguetão nuclear suficientemente potente para ser capaz de intercetar o asteroide e de o desviar da rota de colisão.

Mas há também quem pense que seria indiferente para o mundo a espécie homo sapiens extinguir-se. Sendo a espécie humana uma espécie animal como qualquer outra, e o que conta em tempo existencial é o que se passa ao nível de cada indivíduo, porque é que o risco existencial para a humanidade em geral é mais importante do que o risco existencial para cada um em particular?

Finalmente o profeta apareceu na Califórnia acompanhado de Tom Cruise e Bruce Willis. Vivia-se o momento, com total indiferença a qualquer evento cultural. Era um humorista que sabia muito do assunto, do tempo das corridas de Fórmula 1. Sabia que o Ferrari Modena Stradale era ligeiramente mais potente que o Modena comum. E que o Porche 911 GT2 não chegava aos calcanhares do Carrera GT. Para não deixar esmorecer a conversa falou do Bentley Continental GT, nada que se parecesse com um Mercedes 600 SL.

 

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